Alfonso SE deixou afundar em sua cadeira e passou uma das mãos pelo cabelo. Em seguida, ergueu a lista de mensagens telefônicas. Os olhos faiscaram quando se deparou com a de um de seus irmãos, Christopher . Também havia outra de seu outro irmão,Adam.
Remexeu-se, desconfortável, na cadeira. Sabia que não conseguiria evitar os irmãos por muito tempo. Eles deviam ter recebido suas mensagens e certamente estariam curiosos. Não sabia como poderia explicar aquela confusão para os dois e justificar o fato de estar levando a mulher que tentara arruinar os negócios da família para sua casa na Grécia.Com expressão desgostosa, ergueu o fone e discou o número de Christopher .Alfonso falou rápido em grego quando o irmão atendeu.
– Como foi a cerimônia de inauguração?
– Alfonso, finalmente – retrucou Christopher em tom de voz seco. – Estava imaginando se teria de voar até aí para obter respostas suas.
Alfonso suspirou e respondeu com um grunhido.
– Aguarde enquanto coloco Adam na chamada. Isso lhe poupará outro telefonema. Sei que ele está tão interessado quanto eu em sua explicação.
– E desde quando devo explicações a meus irmãos mais novos? – Alfonso rosnou.Christopher soltou uma risada abafada e no instante seguinte Adam soou do outro lado da linha,sem medir palavras.
– Alfonso, que diabo está acontecendo? Recebi sua mensagem e, a julgar pelo fato de que não apareceu em Londres, só posso presumir que tenha tido algum problema sério em Nova York.
Alfonso beliscou o nariz e fechou os olhos.
– Ao que parece, vocês serão tios.
Um profundo silêncio se seguiu ao comentário.
– Tem certeza de que é seu? – perguntou Christopher por fim.As feições de Alfonso se contraíram.
– Ela está com cinco meses de gravidez, e cinco meses atrás eu era o único homem na cama de Anahí. Disso tenho certeza.
– Da mesma forma que sabia que ela estava tentando nos roubar? – Adam retrucou.
– Cale a boca – interveio Christopher . – A pergunta mais importante é: o que fará? Obviamente ela não merece confiança. O que essa mulher tem a dizer em defesa própria?
A dor na cabeça de Alfonso latejou com mais intensidade.
– Há uma complicação – resmungou. – Ela não se lembra de nada.
Os dois irmãos resfolegaram incrédulos.
– Que conveniente, não acha? – perguntou Adam.
– Essa mulher o está manipulando por meio do sexo–disse Christopher contrariado.
– Também achei difícil de acreditar – admitiu Alfonso. –Mas eu a vi. Ela está aqui…em nosso… em meu apartamento. A amnésia dela é real. – Não havia a menor possibilidade de Anahí estar fingindo tal vulnerabilidade,confusão e dor que lhe embotavam os olhos antes vivazes. A certeza da dor que ela sentia o incomodava, embora não devesse. Anahí merecia
sofrer da mesma forma que fizera com ele.
Adam deixou escapar um som grosseiro.
– O que pretende fazer? – Christopher perguntou.
Alfonso se preparou para as objeções dos irmãos.
– Voaremos para a ilha tão logo ela se sinta melhor. É um lugar mais adequado à recuperação de Anahí, e fica longe dos olhos do público.
– Não pode instalá-la em algum lugar até que o bebê nasça e depois se livrar dela? – Adam questionou. –Perdemos dois negócios de milhões de dólares por causa dessa mulher, e agora nossos projetistas estão assinando em nome da empresa de nosso concorrente.
O que o irmão não disse, mas Alfonso ouviu em alto e bom som como se Adam tivesse falado, era que perderam aqueles negócios porque ele ficara cego pela mulher com quem dormia. A culpa fora tanto dele quanto de Anahí. Falhara com os irmãos da pior forma
possível, arriscando o que eles levaram anos de trabalho para conseguir.
– Não posso abandoná-la neste momento. – Alfonso retrucou cauteloso. – Ela não tem família. Ninguém que possa cuidar dela. Está grávida de um filho meu e por isso farei o que for necessário para garantir a saúde e a segurança do bebê. O médico acha que essa amnésia é
apenas temporária, um mecanismo psíquico para lidar com o trauma pelo qual ela passou.
– O que as autoridades têm a dizer sobre o sequestro dela? – Adam perguntou. – Já sabe o motivo ou quem foi o responsável?
– Tive uma conversa breve com eles no hospital e tenho uma reunião com o detetive encarregado da investigação amanhã. – Alfonso respondeu em tom de voz tenso. – Espero saber mais alguma coisa então. Também contarei a eles meus planos de levá-la para fora do país. Tenho de pensar na segurança dela e do bebê.
– Vejo que já está decidido quanto a isso – disse Christopher calmamente.
– Sim.
Adam deixou escapar um som como se fosse protestar,mas se calou quando a voz de Christopher
se fez ouvir mais uma vez.
– Faça o que tiver de fazer, Alfonso. Adam e eu podemos cuidar das coisas. E, apesar de tudo, parabéns por se tornar pai.
– Obrigado – murmurou Alfonso enquanto pressionava o botão para interromper a ligação e pousou o fone.
Em vez de fazê-lo se sentir melhor sobre a situação em que se encontrava, a discussão com os irmãos apenas reforçara o quanto tudo aquilo era absurdo. Não duvidava de que Anahí não se lembrasse dele ou do fato de que o roubara. Aquela amnésia não poderia ser forçada. O que o deixava com uma única escolha, a mesma que fizera no instante em que soubera que
Anahí estava esperando um filho seu. Ele a manteria a seu lado, cuidaria dela, garantira que Anahí tivesse os melhores cuidados possíveis. Contrataria alguém para ficar com ela quando tivesse de se ausentar e lhe fornecer os mínimos detalhes sobre os cuidados de Anahí. Dessa forma, poderia mantê-la a um braço de distância e, ao mesmo tempo, observar seu progresso.E, por ora, deixaria de lado toda a raiva pela traição que ela lhe fizera.
Continua......