Fanfic: Seduzida pelo Higlander | Tema: Herroni

Alfonso Herrera olhou para a vastidão das terras Herrera enquanto uma indecisão o afligia. Respirou o ar frio e olhou para o céu. Não nevaria neste dia. Mas em breve. O outono já estava deixando as highlands. O ar mais frio e os dias mais curtos sinalizavam isso. Depois de tantos anos de luta para sobreviver, para reconstruir seu clã, seu irmão Crhistopher fez grandes progressos em restaurar Herrera à sua antiga glória. Neste inverno, seu clã não passaria fome. Seus filhos não ficariam sem uma roupa adequada. Era a vez de Alfonso fazer sua parte pelo clã. Em pouco tempo, viajaria para a fortaleza Perroni para pedir formalmente a mão de Rionna Perroni em casamento. Seria apenas uma cerimônia. O acordo já havia sido assinado semanas antes. O velho laird queria que Alfonso passasse um tempo entre os Perroni, um clã do qual Alfonsopertenceria quando se casar com a filha Perroni, a única herdeira. Mesmo agora, o pátio estava vivo com a atividade de um contingente de soldados Herrera que se preparavam para fazer a viagem com Alfonso. Crhistopher, o irmão mais velho de Alfonsoe laird do clã McCabe, queria enviar seus homens mais confiáveis para acompanhar Alfonso em sua viagem, mas Alfonso recusou. Ainda havia perigo para a mulher de Crhistopher, Dulce, que estava grávida. Enquanto Willian Levy estiver vivo, ele representava uma ameaça para os Herrera. Ele cobiçava tudo o que era de Crhistopher– a esposa, o conseqüente controle sobre as terras de Neamh Alainn, um legado trazido pelo casamento com Dulce, a filha do antigo rei da Escócia. 

E agora, devido à frágil paz nas terras altas e a ameaça que William Levy representava não só aos clãs vizinhos, mas ao trono do rei Davi, Alfonso concordou com o casamento que iria consolidar uma aliança entre os Herrera e o clã cujas terras estavam entre Neamh Alainn e as terras de Herrera.

Era um bom acordo. Rionna Perroni era bonita, mesmo que fosse uma moça estranha que preferiu as roupas e os deveres de um homem no lugar do de uma mulher. E Alfonso nunca teria o que mais desejava se continuasse com Crhistopher– seu próprio clã para liderar. Suas terras. Um legado para o seu herdeiro. Então, por que ele não estava ansioso para montar seu cavalo e correr em direção ao seu destino? Virou-se quando ouviu um som à sua esquerda. Dulce Herrera estava correndo pela encosta, ou pelos menos tentava correr, e Cormac, seu guardacostas, parecia irritado enquanto a seguia. Ela estava enrolada em um xale e seus lábios tremiam de frio.

Alfonso estendeu a mão, que ela segurou, inclinando-se para ele enquanto tentava recuperar o fôlego.

— Você não devia estar aqui, moça. – Alfonso repreendeu – Vai congelar até a morte.

— Não, ela não deveria –Cormac concordou – Se o nosso laird descobrir, ele ficará com muita raiva.

Dulce revirou os olhos e depois olhou ansiosamente para Alfonso.

— Você tem tudo o que precisa para sua viagem? Alfonso sorriu.

— Sim, tenho. Gertie embalou comida suficiente para uma viagem duas vezes mais longa.

Ela apertava e acariciava a mão de Alfonso alternadamente, seus olhos preocupados enquanto esfregava sua barriga com a outra mão. Ele puxou-a mais próxima de modo que ela teria o calor do corpo dele.

— Se esperar mais um dia? Já é perto do meio-dia.  Talvez devesse esperar e sair mais cedo amanhã.

E agora que Alfonso decidiu partir, ela estava se tornando mais veemente em sua preocupação e sua insatisfação.

— Não ficarei fora por muito tempo, Dulce. – ele disse, delicadamente – Algumas semanas no máximo. Então voltarei para alguns arranjos do casamento e depois residirei permanentemente na fortaleza Perroni.

Os lábios dela se viraram para baixo em uma careta descontente com a lembrança de que Alfonsoos deixaria e, para todos os efeitos, seria um Perroni. 

— Pare de franzir a testa, moça. Não é bom para o bebê. Nem é bom para você estar aqui no frio.

Ela suspirou e jogou os braços ao redor dele. Ele deu um passo para trás e trocaram olhares divertidos com Cormac sobre sua cabeça. A mulher estava ainda mais emotiva agora com a gravidez e os membros de seu clã se tornaram cada vez mais familiarizados com as explosões espontâneas de afeto.

— Sentirei sua falta, Alfonso. Sei que Crhistopher também ficará bem. Ele não diz nada, mas tem estado mais calado ultimamente.

— Também sentirei sua falta. – Alfonso disse solenemente – Fique tranqüila, estarei aqui quando você der à luz ao mais novo Herrera.

Diante disso, seu rosto se iluminou e ela deu um passo para trás para tocarlhe o rosto.

— Seja bom para Rionna, Alfonso. Eu sei que você e Crhistopher acham que ela precisa de uma mão mais firme, mas na verdade eu acho que ela precisa é de amor e aceitação.

Alfonso se inquietou, apavorado que ela gostasse de discutir assuntos de amor com ele. Pelo amor de Deus.  Ela riu.

— Tudo bem. Posso ver que eu fiz você se sentir desconfortável. Mas preste atenção em minhas palavras.

— Minha senhora, o laird descobriu você e ele não parece satisfeito. – disse Cormac.

Alfonso se virou para ver Crhistopher em pé no pátio, com os braços cruzados sobre o peito e uma carranca gravada em seu rosto.

— Venha, Dulce. – Alfonso disse e colocou a mão sobre o braço dela – É melhor eu levá-la de volta ao meu irmão antes que ele venha atrás de você.

Dulce resmungou baixinho, mas permitiu que Alfonso a escoltasse para baixo da encosta. Quando chegaram ao pátio, Crhistopher cravou os olhos em sua esposa, mas voltou sua atenção para Alfonso.

— Você tem tudo o que precisa? Alfonso concordou. Cristian, o irmão Herrera mais novo, veio para ficar ao lado de Alfonso.

—Tem certeza de que não quer que eu o acompanhe?

— Você é necessário aqui. – disse Alfonso– Mais agora que a gravidez de Dulce se aproxima do fim. A neve deste inverno logo estará sobre nós e Duncan poderá atacar quando menos esperarmos. Dulce estremeceu ao lado de Alfonso novamente, e ele se virou para ela.

— Dê-me um abraço, irmã, e depois volte para a fortaleza antes que morra de frio. Meus homens estão prontos e não quero ver você chorando em cima de nós enquanto partimos. 

Como esperado, Dulce fez uma careta, mas mais uma vez jogou os braços em torno de Alfonso e o abraçou apertado.

— Deus o acompanhe. – ela sussurrou.

Alfonso roçou uma mão carinhosa em seus cabelos e depois a empurrou na direção do castelo. Crhistopher reforçou a determinação de Alfonso com uma feroz carranca autoritária. Dulce lhe mostrou a língua e então se virou, com Cormac seguindo-a nos degraus da torre.

— Se você precisar de mim, basta me chamar. – Crhistopher disse – Irei imediatamente.

Alfonso segurou o braço de Crhistopher e os dois irmãos se entreolharam por um longo momento antes de Alfonso se soltar. Cristian bateu nas costas de Alfonso enquanto ele montava seu cavalo.

— Isso é algo bom para você. – disse Cristian, uma vez que Alfonso montou. Alfonso olhou para o irmão e sentiu a primeira agitação de satisfação.

— Sim, é.  

Ele respirou fundo e as duas mãos apertaram as rédeas. Suas terras. Seu clã. Ele seria laird. Sim, isso era uma coisa boa.