Fanfic: Nudez Mortal FINALIZADA | Tema: Herroni
O desconforto a ajudou a se distrair do sofrimento das lápides e do cheiro de terra fresca, recém-revolvida. Esperou algum tempo, aguardando até que a última palavra de pesar sobre a vida eterna ecoasse para longe, e só então se aproximou do senador.
- Meus sentimentos, Senador DeBlass, para o senhor e toda a sua família. Os olhos dele estavam duros, penetrantes e pretos, como a ponta talhada de uma pedra.
- Economize seus pêsames, tenente. Eu quero justiça.
- Eu também. Senhora DeBlass. - Maite estendeu a mão para a mulher do senador e lhe pareceu que estava cumprimentando um feixe de gravetos frágeis.
- Obrigada por comparecer. Maite balançou a cabeça para a frente. Uma olhada mais de perto lhe mostrou que Anna Deblass estava deslizando sob a borda das emoções devido a uma camada protetora de tranquilizantes. Seus olhos passaram por sobre o rosto de Maite e foram pousar exatamente por cima de seu ombro, ao mesmo tempo que recolhia a mão.
- Obrigada por comparecer - repetiu ela, exatamente no mesmo tom sem vida, diante da oferta seguinte de condolências. Antes que Maite pudesse falar novamente, seu braço foi puxado por uma mão firme. Rockman sorria solenemente olhando para baixo, na direção dela.
- Tenente Perroni, o senador e sua família apreciam a compaixão e o interesse que a senhorita mostrou ao comparecer aos serviços. - Com a sua maneira quieta, ele a foi levando para longe do grupo. - Estou certo de que a senhorita conseguirá compreender que, diante das circunstâncias, seria muito penoso para os pais de Sharon se eles encontrassem a policial encarregada da investigação do assassinato da filha na beira de seu túmulo.
Maite deixou que ele a carregasse por mais dois metros antes de puxar o braço com força para liberá-lo.
- Você está no ramo certo, Rockman. Esta é uma maneira muito delicada e diplomática de me mandar cair fora daqui.
- De modo algum. - Ele continuava a sorrir, quase escorregadio de tão educado. - Simplesmente, há um tempo e um lugar certo para tudo. A senhorita terá a nossa completa cooperação, tenente. Se desejar marcar um encontro com a família do senador, ficarei mais do que feliz em conseguir isso.
- Eu consigo meus próprios encontros, na hora e lugar que desejar. - E, pelo fato de que o sorriso plácido dele a deixava profundamente irritada, decidiu ver se conseguia arrancá-lo do seu rosto. - E quanto a você, Rockman? Tem algum álibi para a noite em questão? O sorriso falhou, e isso lhe trouxe satisfação. Ele, porém, o recuperou com rapidez.
- Tenente, eu não gosto da palavra álibi.
- Eu também não. - Maite retornou para ele um sorriso próprio. - É por causa disso que, para mim, não existe nada melhor do que desmontar um álibi. Você não respondeu à minha pergunta, Rockman.
- Estava na parte leste de Washington na noite em que Sharon foi assassinada. O senador e eu tínhamos trabalhado até tarde, repassando um projeto de lei que ele pretende apresentar no Senado no mês que vem.
- É uma viagem bem rápida de Washington para Nova York, - comentou ela.
- Realmente. Entretanto, não fiz essa viagem naquela noite em particular. Estivemos trabalhando até quase meia-noite, e depois eu me retirei para o quarto de hóspedes do senador. Tomamos café juntos, às sete horas da manhã seguinte. Como Sharon, de acordo com o seu relatório, foi morta às duas horas, isso me dá uma janela de tempo muito estreita.
- Janelas estreitas também dão passagem. - Mas ela disse isso apenas para irritálo, e se virou. Ela não colocara as informações sobre os discos de segurança adulterados no relatório que entregara a DeBlass. O assassino tinha estado no Complexo Gorham à meianoite. Rockman dificilmente usaria o avô da vítima como álibi, a não ser que fosse verdade. O fato de que Rockman estava trabalhando em Washington à meia-noite fechava até mesmo aquela janela estreita. Maite avistou Alfonso novamente, e observou com interesse quando Elizabeth Barrister se agarrou a ele, e ele inclinou a cabeça para sussurrar-lhe algo ao ouvido. Aquela não era uma troca de condolências e agradecimentos entre estranhos, Maite decidiu. Sua sobrancelha se elevou ao ver que Alfonso colocou a mão no rosto de Elizabeth e a beijou antes de dar um passo para trás e falar em sussurros com Richard DeBlass. A seguir, se dirigiu ao senador, mas não houve contato entre eles, e a conversa foi breve. Sozinho, como Maite havia suspeitado, Alfonso começou a caminhar pela grama ressecada, por entre os frios monumentos que os vivos erigiam para os mortos.
- Alfonso.
Ele parou, e da mesma forma que fizera durante o serviço, se virou e a encarou com firmeza. Maite pensou ter visto um lampejo de alguma coisa em seu olhar: raiva, pesar, impaciência. Então tudo passou e eles estavam simplesmente frios, verdes e impenetráveis. Ela não demonstrou pressa ao caminhar em sua direção. Algo lhe dizia que ele era um homem muito acostumado a ter as pessoas, ou pelo menos as mulheres, certamente, correndo para ele. Assim, continuou andando bem devagar, com passos largos, lentos, e as pernas geladas batendo contra as pontas do casaco emprestado.
- Gostaria de falar com o senhor - disse ela quando chegou junto dele. Pegou o distintivo e o viu dar uma rápida olhada nele antes de tornar a levantar os olhos para ela. - Estou investigando o assassinato de Sharon DeBlass.
- A senhorita tem o hábito de participar do funeral das vítimas de assassinato, Tenente Perroni? A voz dele era suave, com um distante e charmoso sotaque da Irlanda, como creme batido acompanhado de uísque.
- E o senhor tem o hábito de participar de funerais de mulheres que mal conhecia, Senhor Alfonso?
- Sou amigo da família - disse ele, simplesmente. - A senhorita está congelando, tenente. Ela enfiou os dedos enregelados dentro dos bolsos do casaco.
- E qual a sua proximidade com a família da vítima?
- Somos bem próximos. - Ele olhou para ela, com a cabeça para o lado. Em menos de um minuto, pensou, os dentes dela iriam começar a tremer. O vento cruel estava soprando o cabelo com um corte pobre e espalhando-o em torno de um rosto muito interessante. Inteligente, teimoso, sexy. Três boas razões, na opinião dele, para olhar mais de uma vez para uma mulher. - Não seria mais conveniente se fôssemos conversar em algum lugar mais quente?
- Não tenho conseguido entrar em contato com o senhor começou ela.
- Ando viajando. Agora me encontrou. Suponho que esteja para retornar a Nova York ainda hoje, tenente.
- Sim. Mas ainda tenho alguns minutos antes de ir para o aeroporto. Sendo assim...
- Sendo assim, podemos voltar juntos. Isso vai lhe dar bastante tempo para me interrogar.
- Pedir informações - replicou ela entre dentes, aborrecida ao vê-lo se virar e se afastar dela. Apertou o passo para alcançá-lo.
- Apenas algumas perguntas agora, Alfonso, e poderemos marcar um encontro mais formal em Nova York.
- Detesto perder tempo - disse ele, com naturalidade. Você me parece ser uma pessoa que pensa da mesma forma. Está com um carro alugado?
- Sim.
- Vou providenciar para que alguém o devolva para a senhorita. - Ele estendeu a mão, pedindo as chaves do carro.
- Não é preciso.
- É mais simples. Gosto de complicações, tenente, mas também gosto de simplicidade. A senhorita e eu estamos indo para o mesmo destino, aproximadamente na mesma hora. Está querendo conversar comigo, e eu estou disposto a colaborar. - Parou ao lado de uma limusine preta onde um motorista uniformizado estava à espera, segurando a porta traseira aberta. - O meu avião particular vai para Nova York. A senhorita pode, é claro, me acompanhar até o aeroporto, pegar um transporte público e depois se comunicar com o meu escritório para marcar um encontro. Ou podemos ir juntos no carro até o aeroporto, e depois aproveitamos a privacidade do meu jato. A senhorita terá toda a minha atenção durante a viagem.
Autor(a): taynaraleal
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Maite hesitou apenas por um momento, e então pegou a chave do carro alugado no bolso e a entregou na mão de Alfonso. Sorrindo, ele esticou o braço para que ela entrasse na limusine, onde ela se acomodou enquanto ele dava instruções ao motorista sobre como proceder com relação à devolução do carro à ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 84
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maite_portilla Postado em 24/07/2017 - 16:36:32
acabou? nao acredito:( essa foi uma as melhores historias eu ja li aqui nesse site. essa fanfic foi perfeita do inicio ao fim. amei ela e ja estou ansiosa para a sua proxima fanfic. vc é com certeza uma a melhores escritoras daqui e espero que continue escrevendo muitas historias.
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maite_portilla Postado em 18/07/2017 - 02:31:26
Que bom que voltou realmente. Estou amando, continua logo <3
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maite_portilla Postado em 11/07/2017 - 16:48:20
Opa, leitora nova aqui. Já li sua fanfic toda e pensei que tinha abandonado. Fico muito feliz que vc tenha voltado. Continua logo
taynaraleal Postado em 12/07/2017 - 17:11:25
Que bom que gostou meu amor, seja bem vida, voltei para ficar agora
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suenosurreal Postado em 27/03/2016 - 11:55:53
Mew quero esse Alfonso pra vida, gente que homem! Maite para de graça e se assumem logo, são tão lindos juntos *-* continuaaaaa
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mylene_herroni Postado em 17/01/2016 - 02:29:34
continuaaa. adoro essa fic
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mylene_herroni Postado em 05/12/2015 - 23:48:21
Continuaaaaaaa! Eu também acredito no Poncho, Mai ♡
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mylene_herroni Postado em 28/11/2015 - 01:10:55
Aiii eu sinceramente espero que não seja o Poncho. Continuaaaaaa.
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Postado em 26/11/2015 - 13:37:47
O Alfonso tem que estar na estação espacial! Pmldds ele não pode ser o assassino (na vdd pode, tudo é possível) ISSO TEM QUE SER UMA ARMAÇÃO, POSTA MAAAAAIS
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Fabi Sales Postado em 24/11/2015 - 21:58:00
POSTA MAAAAIS, MULHER! ATÉ EU TÔ CURIOSA PRA SABER O QUE ACONTECEU E TÔ DOIDA PRA VER MOMENTOS HERRONI, POSTAAAAAAA <33
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Fabi Sales Postado em 18/11/2015 - 17:46:04
POSTA MAIS, POR FAVOR! <33