Fanfics Brasil - CAPÍTULO 11 Nudez Mortal FINALIZADA

Fanfic: Nudez Mortal FINALIZADA | Tema: Herroni


Capítulo: CAPÍTULO 11

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Maite hesitou apenas por um momento, e então pegou a chave do carro alugado no bolso e a entregou na mão de Alfonso. Sorrindo, ele esticou o braço para que ela entrasse na limusine, onde ela se acomodou enquanto ele dava instruções ao motorista sobre como proceder com relação à devolução do carro à locadora.


 


- Muito bem, então. - Alfonso se instalou ao lado dela, e pegou uma garrafa. - Quer um pouco de conhaque para combater o frio?


 


- Não. - Maite começou a sentir o calor do carro envolver-lhe os pés e ficou temerosa de começar a tremer como reação a isso.


 


- Ah, sei... a senhorita está de serviço. Café, talvez.


 


- Seria ótimo.


 


- Com creme? - Ouro rebrilhou em seu pulso quando ele apertou o botão de opções para dois cafés, no AutoChef embutido no painel lateral.


 


- Não, creme não. Puro.


 


- Ah, uma mulher do meu feitio. - Momentos depois, abriu a porta de um pequeno armário e lhe entregou uma xícara de porcelana colocada sobre um pires delicado. - No avião teremos outras opções - explicou ele, e então se recostou, segurando o café.


 


- Aposto que sim. - O aroma que vinha no vapor do café tinha o perfume do paraíso.


 


Maite experimentou a bebida e quase gemeu de prazer. Aquilo era café de verdade. Não era uma simulação feita com concentrado vegetal aromático, tão comum depois da destruição das florestas tropicais, no século passado. Aquilo era o produto real, torrado e moído a partir de deliciosos grãos colombianos, onde a cafeína cantava. Ela tomou mais um gole e quase chorou.


 


- Algum problema? - Ele gostou imensamente da reação dela, do tremular das pestanas, do rubor discreto e da sombra de prazer que viu em seus olhos, uma resposta muito similar, notou, à de uma mulher ronronando sob o comando das mãos de um homem.


 


- Você sabe há quanto tempo eu não sei o que é tomar café de verdade?


 


- Não. - Ele sorriu.


 


- Nem eu. - Já sem sentir vergonha, ela fechou os olhos enquanto levantava a xícara mais uma vez. - Você vai ter que me desculpar. Este é um momento íntimo. Deixaremos para conversar no avião.


 


- Como quiser. Alfonso ofereceu a si mesmo o prazer de observá-la enquanto o carro deslizava suavemente sobre a estrada.


 


Estranho, pensou, ele não imaginava que ela fosse uma policial. Seus instintos eram geralmente muito apurados quando se tratava dessas coisas. No funeral, estivera pensando apenas que era um terrível desperdício alguém tão jovem, tola e cheia de vida como Sharon estar morta. Então sentiu algo, alguma coisa que envolveu seus músculos, e lhe apertou a barriga. Sentira o olhar dela, tão físico como se fosse um golpe. Ao virar os olhos e vê-la, sentiu outro golpe. Um golpe duplo em câmera lenta do qual ele não conseguira se esquivar. Era fascinante. Mas o sinal de alarme não disparou. Pelo menos não o sinal de alarme que teria indicado tira. O que ele viu foi uma morena alta, de porte esbelto, com cabelos curtos em desalinho, olhos da cor de favos de mel e uma boca moldada para o sexo. Se ela não o tivesse procurado, ele estava com a intenção de procurá-la. Era realmente uma pena que ela fosse uma policial.


 


Maite não falou novamente até o momento em que eles chegaram ao aeroporto e entraram na cabine do JetStar 6000 de Alfonso. Ela detestava se mostrar impressionada, mais uma vez. Café era uma coisa, e pequenas fraquezas eram aceitáveis, mas ela acabou não se importando por exibir a clássica reação dos olhos esbugalhados ao ver o luxo da cabine, com suas poltronas profundas, sofás, o carpete antigo e os jarros de cristal cheios de flores. Havia uma tela com imagens, embutida na parede do fundo, e uma comissária de voo uniformizada, que não demonstrou surpresa alguma ao ver Alfonso embarcar em companhia de uma desconhecida.


 


- Conhaque, senhor?


 


- Minha acompanhante prefere café, Diana, puro. - Ele levantou a sobrancelha até que Maite concordou. - Para mim, um conhaque.


 


- Já ouvi falar do JetStar - comentou Maite enquanto tirava o casaco e era encaminhada para a frente, junto com Alfonso, pela comissária. - É um belo meio de transporte.


 


- Obrigado. Levamos dois anos projetando este modelo.


 


- As Indústrias Alfonso? - perguntou ela, enquanto se sentava.


 


- Exato. Prefiro usar meus próprios produtos, sempre que possível. A senhorita precisa apertar o cinto para a decolagem avisou ele, e então se inclinou para ligar um intercomunicador. Estamos prontos.


 


- Acabamos de ser liberados - uma voz avisou. - Trinta segundos.


 


 


Antes mesmo de Maite piscar, eles já estavam no ar, em uma decolagem tão suave que ela quase não sentiu a aceleração. Aquilo batia de longe qualquer avião comercial daqueles que deixavam o corpo colado no encosto durante os primeiros cinco minutos de voo. A comissária serviu drinques e um pequeno prato de frutas e queijo, que deixaram Maite com água na boca. Era hora, decidiu, de passar ao trabalho.


 


- Há quanto tempo o senhor conhecia Sharon DeBlass?


 


- Fui apresentado a ela recentemente, na casa de um conhecido comum.


 


- O senhor disse que era amigo da família.


 


- Amigo dos pais dela - explicou Alfonso, com descontração. - Conheço Beth e Richard há vários anos. De início, em um nível de negócios, e mais tarde em um nível pessoal. Sharon estava estudando, depois foi para a Europa, e nossos caminhos jamais se cruzaram. Encontrei-a pela primeira vez há poucos dias, e a levei para jantar. Logo depois, ela morreu. - Pegou uma estreita cigarreira de ouro no bolso interno do paletó. Os olhos de Eve se apertaram ao vê-lo acender um cigarro.


 


- Tabaco é ilegal, Senhor Alfonso.


 


- Não no espaço aéreo, águas internacionais ou propriedade privada. - Ele sorriu para ela através de uma bruma esfumaçada. - Você não acha, tenente, que a polícia já tem suficientes problemas para resolver sem ter que ficar tentando legislar a moral e o nosso estilo de vida pessoal?


 


- É por causa disso que você coleciona armas de fogo? - Maite detestava admitir, mas o aroma do tabaco era envolvente. - É parte do seu estilo de vida?


 


- Eu as acho fascinantes. O seu avô e o meu consideravam o porte de arma um direito constitucional. Brincamos muito com direitos constitucionais, enquanto íamos nos tornando civilizados.


 


- E assassinar ou ferir alguém com esse tipo particular de arma agora é uma aberração em vez da regra normal.


 


- Você gosta de regras, tenente? A pergunta era leve, como o insulto por trás dela. Os ombros de Maite ficaram rígidos.


 


- Sem regras, temos o caos.


 


- E do caos, surge a vida. Dane-se a filosofia, pensou ela, perturbada.


 


- Senhor Alfonso, o senhor possui um revólver Smith & Wesson, calibre trinta e oito, modelo Dez, fabricado em torno de 1990?


 


Ele deu mais uma tragada lenta, considerando a pergunta. O tabaco queimava rápido e dispendioso, entre seus dedos longos e elegantes.


 


- Acredito que possuo um modelo desses, sim. Foi a arma que a matou?


 


- Estaria disposto a exibi-la para mim?


 


- Claro, quando a senhorita quiser.


 


Fácil demais, ela pensou. Eve suspeitava de qualquer coisa que fosse fácil demais.


 


- O senhor jantou com a vítima na noite anterior à da morte dela. No México.


 


- Isso mesmo. - Alfonso apagou o cigarro e se recostou, segurando o conhaque. - Possuo uma pequena villa na costa oeste. Imaginei que ela fosse apreciar. E ela gostou.


 


 


 


- Houve algum relacionamento físico com Sharon DeBlass? Os olhos dele cintilaram por um momento, mas, se era um brilho de satisfação ou de raiva, ela não tinha certeza.


 


- Com isso, imagino que queira saber se eu fiz sexo com ela. Não, tenente, embora isso me pareça irrelevante. Apenas jantamos.


 


- O senhor levou uma mulher linda, uma acompanhante profissional, à sua villa no México, e tudo o que aproveitou do passeio com ela foi um jantar? Alfonso levou algum tempo antes de responder, enquanto escolhia uma uva verde e brilhante. -


 


- Aprecio mulheres lindas por uma variedade de motivos, e gosto muito de passar algum tempo com elas. Porém, não contrato serviço de profissionais por dois motivos. Primeiro, não acho que seja necessário pagar para ter sexo. - Ele tomou um gole do conhaque, observando-a por sobre a borda do cálice. - Em segundo lugar, prefiro não compartilhá-lo. - Ele fez uma pausa rápida. E quanto à senhorita?


 


- Não estamos aqui falando de mim. - O estômago dela se agitou, mas isso foi ignorado.


 


- Pois eu estou. Você é uma mulher maravilhosa, e estamos sozinhos aqui, e ficaremos assim por pelo menos mais quinze minutos. No entanto, tudo o que aproveitamos até agora foi café e conhaque. - Ele sorriu ao notar a raiva que transparecia no olhar dela. - Não é heróico, de minha parte, este autocontrole que possuo?


 


- Eu então diria que seu relacionamento com Sharon DeBlass tinha uma conotação diferente.


 


- Bem, com isso eu certamente concordo. - Escolheu outra uva e ofereceu a ela. Apetite exagerado era uma fraqueza, Maite se forçou a lembrar enquanto aceitava a uva e dava uma mordida na pele fina e ácida.


 


- O senhor tornou a vê-la depois do jantar no México?


 


- Não. Deixei-a em casa mais ou menos às três da manhã e fui embora. Sozinho.


 


- Consegue me informar seu paradeiro nas quarenta e oito horas seguintes, após ter ido embora... sozinho?


 


- Estive na cama nas primeiras cinco horas desse período. Depois participei de uma teleconferência enquanto tomava café, por volta de oito e quinze. Pode confirmar os registros.


 


- Eu vou confirmar. Desta vez ele sorriu, com um rápido clarão de charme em estado puro que fez a pulsação dela acelerar.


 


- Não tenho dúvidas quanto a isso. Sabe, Tenente Perroni, você me deixa fascinado.


 


- E depois da teleconferência?


 


- Ela acabou por volta de nove horas. Trabalhei até as dez, e passei as horas seguintes no meu escritório do centro da cidade, atendendo a vários compromissos. - Ele pegou um pequeno e fino cartão que ela reconheceu como uma agenda diária. - Quer que eu descreva a minha agenda?


 


- Preferia que o senhor enviasse uma cópia em papel para a minha sala.


 


- Vou providenciar. Voltei para casa às sete. Jantei com diversos representantes de minha fábrica no Japão, em minha casa. O jantar foi às oito. Quer que eu lhe mande uma cópia em papel com o menu?


 


- Não seja cretino, Alfonso.


 


- Apenas meticuloso, tenente. Acabamos cedo. Às onze da noite eu já estava sozinho, acompanhado por um livro e um conhaque, até aproximadamente as sete da manhã, quando tomei minha primeira xícara de café. E você, aceita outra xícara? Ela estava doida para tomar mais uma xícara de café, mas balançou a cabeça.


 


- Ficou sozinho por oito horas, Alfonso. Falou com alguém, ou esteve com alguém durante esse tempo?


 


- Não. Ninguém. Como tinha que estar em Paris no dia seguinte, quis ter uma noite sossegada. Calculei mal o tempo. Por outro lado, se fosse assassinar uma pessoa, seria alguém muito descuidado para me deixar desprotegido, sem um álibi.


 


- Ou muito arrogante para se incomodar com isso - retrucou ela. - Você apenas coleciona armas antigas, Alfonso, ou as usa?


 


- Tenho excelente pontaria. - Colocou o cálice para o lado. - Ficarei feliz de lhe demonstrar isso, quando vier conhecer a minha coleção. Amanhã está bem, para você?


 


- Está.


 


- Sete horas? Imagino que já saiba o endereço. - Quando ele se inclinou, ela ficou rígida e quase sibilou quando o braço dele esbarrou no dela. Ele simplesmente sorriu, com o rosto junto do dela e os olhos no mesmo nível. - Você vai ter que apertar o cinto - disse, com calma. - Vamos aterrissar.


 


Ela apertou o fecho, sozinha, querendo descobrir se ele a deixava nervosa como homem ou como suspeito de assassinato, ou como uma combinação de ambos. Naquele momento, qualquer uma das opções tinha um interesse próprio, além das suas próprias possibilidades.


 


- Maite - murmurou ele. - Que nome mais feminino e simples. Fico imaginando se combina com você. Ela não disse nada, enquanto a comissária voltava para recolher os pratos.


 


- Você alguma vez esteve no apartamento de Sharon DeBlass, Roarke? Ela era durona, ele avaliou, embora tivesse certeza de que havia algo macio e quente por baixo daquilo. Ficou pensando se, ou melhor, quando ele teria a oportunidade de descobrir.


 


- Jamais estive lá durante o tempo em que ela foi inquilina disse Alfonso enquanto se recostava novamente. - E creio que também nunca estive antes disso, não que eu me lembre, embora seja, certamente, possível que eu tenha estado. - Sorriu mais uma vez e apertou o próprio cinto. - Sou o dono do Complexo Gorham, como estou certo de que já é do seu conhecimento. - Distraidamente, olhou pela janela enquanto o solo parecia crescer sob eles. Você consegue transporte no aeroporto, tenente, ou aceita uma carona?  



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Autor(a): taynaraleal

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Maite estava se sentindo mais do que exausta quando acabou de preparar o relatório para Whitney e voltou para casa. Estava furiosa. Queria muito ter conseguido pegar Alfonso de surpresa com o trunfo de já saber que ele era o dono do Gorham. O fato de ter sido ele a comentar isso com aquele tom cuidadosamente educado que usara para lhe oferecer café tinha ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 84



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  • maite_portilla Postado em 24/07/2017 - 16:36:32

    acabou? nao acredito:( essa foi uma as melhores historias eu ja li aqui nesse site. essa fanfic foi perfeita do inicio ao fim. amei ela e ja estou ansiosa para a sua proxima fanfic. vc é com certeza uma a melhores escritoras daqui e espero que continue escrevendo muitas historias.

  • maite_portilla Postado em 18/07/2017 - 02:31:26

    Que bom que voltou realmente. Estou amando, continua logo <3

  • maite_portilla Postado em 11/07/2017 - 16:48:20

    Opa, leitora nova aqui. Já li sua fanfic toda e pensei que tinha abandonado. Fico muito feliz que vc tenha voltado. Continua logo

    • taynaraleal Postado em 12/07/2017 - 17:11:25

      Que bom que gostou meu amor, seja bem vida, voltei para ficar agora

  • suenosurreal Postado em 27/03/2016 - 11:55:53

    Mew quero esse Alfonso pra vida, gente que homem! Maite para de graça e se assumem logo, são tão lindos juntos *-* continuaaaaa

  • mylene_herroni Postado em 17/01/2016 - 02:29:34

    continuaaa. adoro essa fic

  • mylene_herroni Postado em 05/12/2015 - 23:48:21

    Continuaaaaaaa! Eu também acredito no Poncho, Mai &#9825;

  • mylene_herroni Postado em 28/11/2015 - 01:10:55

    Aiii eu sinceramente espero que não seja o Poncho. Continuaaaaaa.

  • Postado em 26/11/2015 - 13:37:47

    O Alfonso tem que estar na estação espacial! Pmldds ele não pode ser o assassino (na vdd pode, tudo é possível) ISSO TEM QUE SER UMA ARMAÇÃO, POSTA MAAAAAIS

  • Fabi Sales Postado em 24/11/2015 - 21:58:00

    POSTA MAAAAIS, MULHER! ATÉ EU TÔ CURIOSA PRA SABER O QUE ACONTECEU E TÔ DOIDA PRA VER MOMENTOS HERRONI, POSTAAAAAAA <33

  • Fabi Sales Postado em 18/11/2015 - 17:46:04

    POSTA MAIS, POR FAVOR! <33


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