Fanfics Brasil - Capítulo 16 Nudez Mortal FINALIZADA

Fanfic: Nudez Mortal FINALIZADA | Tema: Herroni


Capítulo: Capítulo 16

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O incidente atrasou a sua programação. Quando chegou na mansão de Alfonso, já eram sete e dez da noite. Maite usara a medicação que tinha em casa para aliviar as dores no braço e no ombro. Se não estivesse melhor em dois dias, ia ter que se apresentar para fazer exames. Ela detestava médicos. Estacionou o carro e ficou um instante analisando a casa de Alfonso. Parecia mais uma fortaleza, pensou. Seus quatro andares se elevavam acima das árvores cobertas de geada do Central Park.


 


Era uma daquelas construções antigas, com quase duzentos anos de idade, construídas com pedra de verdade, se seus olhos não a estavam enganando. Havia muitas vidraças e luzes brilhando, douradas, por trás das janelas. Havia também um portão de segurança, atrás do qual arbustos, pinheiros e árvores elegantes estavam artisticamente plantados. Ainda mais impressionante do que a magnífica arquitetura e o tratamento paisagístico era a quietude. Não se ouviam os barulhos da cidade, ali. Nenhum ruído de trânsito, nem o caos dos pedestres. Até mesmo o céu acima deles estava sutilmente diferente do que ela estava acostumada, no centro da cidade. Ali, dava para ver estrelas de verdade, em vez do brilho e do clarão dos meios de transporte.


 


Vida boa para quem pode, meditou, e entrou com o carro. Aproximou-se do portão e se preparou para mostrar a identificação. Viu a pequena luz vermelha de um scanner piscar, para a seguir se manter acesa. Os portões se abriram silenciosamente. Então, ele havia programado o sistema para recebê-la, pensou, sem saber se devia se sentir satisfeita ou desconfortável. Entrou pelo portão, subiu pelo pequeno aclive de acesso, e deixou o carro ao pé da escadaria de granito. Um mordomo abriu a porta para ela. Maite jamais vira um mordomo de verdade, a não ser em filmes antigos, mas aquele ali não desapontava a ideia formada pela fantasia. Tinha cabelos brancos, olhos impassíveis, e vestia um fraque preto com gravata bem apertada em um nó antiquado.


 


- Tenente Perroni. Havia nele um sotaque muito leve, que soava britânico e eslavo ao mesmo tempo.


 


- Tenho um encontro marcado com Alfonso.


 


- Ele a espera. - O mordomo a conduziu até um saguão largo com pé-direito alto, que mais parecia a entrada de um museu do que o hall de uma residência.


 


Havia um imenso lustre de cristal com pingentes em forma de estrelas, que espargia luz sobre um piso de madeira brilhante coberto por um tapete em padrões vibrantes de vermelho e azul-petróleo. Uma escadaria em curva elevava-se para a esquerda, e um grifo mitológico entalhado, com cabeça de águia, servia de coluna na base dos degraus. Havia pinturas nas paredes, do tipo que ela vira uma vez em uma excursão da escola ao Museu Metropolitan. Impressionistas franceses de um século que ela não lembrava qual. O Período da Revisitação, movimento artístico que surgira no início do século vinte e um, a cumprimentava também, com suas cenas pastorais e cores gloriosamente suaves. Nenhum holograma ou escultura viva. Só pintura e telas.


 


- Posso pegar seu casaco?


 


Ela colocou os ombros para trás e pensou ter percebido um clarão de presunção condescendente naqueles olhos inescrutáveis. Liberada do casaco, Maite observou o mordomo enquanto ele carregava o agasalho de couro de forma excessivamente cuidadosa, entre os dedos com unhas bem tratadas. Diabos, ela conseguira tirar a maior parte das manchas de sangue dele.


 


- Por aqui, Tenente Perroni. Se a senhorita não se incomoda de aguardar na sala de visitas, Alfonso está atendendo a uma chamada transoceânica, neste instante.


 


- Tudo bem. O clima de museu continuava, ali.


 


A lareira estava acesa, de forma tranquila. O fogo formado por genuínas toras de madeira crepitava em uma base entalhada em lápis-lazúli e malaquita. Duas lâmpadas estavam acesas, com cores de pedras preciosas. Os dois sofás idênticos tinham encostos curvados e um exuberante estofamento, que complementava os tons de safira que havia em todo o ambiente. A mobília era em madeira, polida quase a ponto de estar espelhada. Aqui e ali, objetos de arte estavam dispostos. Esculturas, tigelas e peças de cristal facetado. As botas dela fizeram ruídos secos sobre a madeira, e depois abafados, quando ela chegou ao tapete.


 


- Gostaria de beber alguma coisa, tenente? Ela olhou para trás e notou, com certo divertimento, que ele continuava a segurar o casaco entre os dedos como se fosse um pano de chão sujo.


 


- Aceito, sim. O que tem para me oferecer, Senhor...?


 


- Summerset, tenente. Apenas Summerset, e estou certo de que consigo providenciar qualquer coisa que deseje.


 


- Ela adora café - disse Alfonso, da porta -, mas acredito que gostaria de experimentar o Montcart, da safra quarenta e nove. Os olhos de Summerset piscaram rápidos com horror, pelo que Maite percebeu.


 


- O da safra quarenta e nove, senhor?


 


- Isso mesmo. Obrigado, Summerset.


 


- Sim, senhor. - Balançando o casaco, retirou-se, ereto como uma tábua.


 


- Desculpe-me por deixá-la esperando - Alfonso começou, e então seus olhos se apertaram, sombrios.


 


- Não há problema - disse Maite enquanto ele se aproximava dela. - Eu estava só... Ei!


 


Ela afastou o queixo enquanto a mão de Alfonso tentava tocá-la, mas os dedos dele a seguraram com firmeza e viraram o seu rosto na direção da luz.


 


- Seu rosto está machucado. - A voz dele estava fria ao afirmar isso, quase gélida. Seus olhos, enquanto ele avaliava a área machucada, não demonstravam nada. Seus dedos, porém, eram quentes, tensos, e fizeram alguma coisa se agitar em seu estômago.


 


- Foi numa briga por causa de uma barra de chocolate explicou ela, encolhendo os ombros.


 


Seus olhos se encontraram com os dela, e ficaram parados por um instante a mais do que seria confortável, até que ele perguntou:


 


- Quem ganhou?


 


- Eu. É um erro tentar me impedir de alcançar comida.


 


- Vou me lembrar disso. - Ele a soltou e enfiou a mão que tocara o rosto dela dentro do bolso, porque queria tocá-la novamente. Ficou preocupado pela intensidade com que queria apagar aquela marca roxa que manchava o rosto dela. - Creio que você vai aprovar o cardápio desta noite.


 


- Cardápio? Eu não vim aqui para comer, Alfonso. Vim aqui para analisar a sua coleção.


 


- Você fará as duas coisas. - Ele se virou quando Summerset chegou com uma bandeja que exibia uma garrafa de vinho da cor de trigo e dois cálices de cristal.


 


- O quarenta e nove, senhor.


 


- Obrigado. Pode deixar que eu sirvo. - Ele se virou para Maite enquanto falava isso. - Imagino que a safra deste vinho vai lhe agradar. O que lhe falta em sutileza... - e se virou, oferecendo um dos cálices - é compensado pela sensualidade. - Brindou batendo o copo contra o dela, fazendo o cristal tinir. Em seguida, ficou observando enquanto ela bebia. Deus, que rosto, pensou ele. Todos aqueles ângulos e expressões, toda aquela emoção e controle. Naquele exato momento ela tentava evitar uma exibição de surpresa e prazer, enquanto o sabor do vinho se acomodava à sua língua. Ele mal podia esperar pelo momento em que o sabor dela se acomodaria à língua dele. - Aprovou? - perguntou ele.


 


- É bom. - Aquilo era o equivalente a sentir ouro líquido escorrendo pela garganta.


 


- Fico feliz. O Montcart foi minha primeira incursão no ramo das vindimas. Podemos nos sentar e aproveitar o calor do fogo? Era tentador. Ela quase podia se imaginar sentada ali, com as pernas colocadas em um ângulo certo para receber o calor perfumado, bebendo vinho enquanto as luzes em tons de jóias preciosas dançavam.


 


- Esta não é uma visita social, Alfonso. É uma investigação de assassinato.



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Autor(a): taynaraleal

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 84



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  • maite_portilla Postado em 24/07/2017 - 16:36:32

    acabou? nao acredito:( essa foi uma as melhores historias eu ja li aqui nesse site. essa fanfic foi perfeita do inicio ao fim. amei ela e ja estou ansiosa para a sua proxima fanfic. vc é com certeza uma a melhores escritoras daqui e espero que continue escrevendo muitas historias.

  • maite_portilla Postado em 18/07/2017 - 02:31:26

    Que bom que voltou realmente. Estou amando, continua logo <3

  • maite_portilla Postado em 11/07/2017 - 16:48:20

    Opa, leitora nova aqui. Já li sua fanfic toda e pensei que tinha abandonado. Fico muito feliz que vc tenha voltado. Continua logo

    • taynaraleal Postado em 12/07/2017 - 17:11:25

      Que bom que gostou meu amor, seja bem vida, voltei para ficar agora

  • suenosurreal Postado em 27/03/2016 - 11:55:53

    Mew quero esse Alfonso pra vida, gente que homem! Maite para de graça e se assumem logo, são tão lindos juntos *-* continuaaaaa

  • mylene_herroni Postado em 17/01/2016 - 02:29:34

    continuaaa. adoro essa fic

  • mylene_herroni Postado em 05/12/2015 - 23:48:21

    Continuaaaaaaa! Eu também acredito no Poncho, Mai &#9825;

  • mylene_herroni Postado em 28/11/2015 - 01:10:55

    Aiii eu sinceramente espero que não seja o Poncho. Continuaaaaaa.

  • Postado em 26/11/2015 - 13:37:47

    O Alfonso tem que estar na estação espacial! Pmldds ele não pode ser o assassino (na vdd pode, tudo é possível) ISSO TEM QUE SER UMA ARMAÇÃO, POSTA MAAAAAIS

  • Fabi Sales Postado em 24/11/2015 - 21:58:00

    POSTA MAAAAIS, MULHER! ATÉ EU TÔ CURIOSA PRA SABER O QUE ACONTECEU E TÔ DOIDA PRA VER MOMENTOS HERRONI, POSTAAAAAAA <33

  • Fabi Sales Postado em 18/11/2015 - 17:46:04

    POSTA MAIS, POR FAVOR! <33


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