Fanfic: Nudez Mortal FINALIZADA | Tema: Herroni
O primeiro ai meninas, que bom que gostaram da ideia, se acalmem e me digam o que acham. XOXO
Ela acordou no escuro. Através das lâminas da persiana na janela os primeiros indícios turvos do amanhecer escorriam, lançando sombras oblíquas sobre a cama. Era como acordar dentro de uma cela. Por um instante permaneceu deitada, simplesmente, estremecendo, sentindo-se aprisionada, enquanto o sonho ia desaparecendo.
Depois de dez anos na polícia, Maite ainda tinha pesadelos. Seis horas antes, ela matara um homem, e assistira à morte penetrar em seus olhos. Não era a primeira vez que usara força extrema, ou tivera pesadelos. Aprendera a aceitar o ato e suas consequências. Era a criança, porém, que a assombrava.
A criança que ela não conseguira chegar a tempo de salvar. A criança cujos gritos haviam ecoado no sonho e se misturado com os dela mesma. Todo aquele sangue, Maite pensou, limpando o suor do rosto com as mãos. Uma menina pequena demais para ter tanto sangue dentro dela. E Maite sabia que era vital descartar aquela lembrança. Os procedimentos usuais do departamento exigiam que ela passasse a manhã fazendo testes. Qualquer policial que tivesse usado a arma em uma ação que terminasse em morte era obrigado a passar por testes de limpeza emocional e psiquiátrica antes de voltar às suas funções.
Maite achava esses testes ligeiramente desagradáveis. Ela passaria por eles, como já fizera antes. Quando se levantou, as lâmpadas automaticamente se acenderam no nível de luminosidade baixa, tornando claro o seu caminho em direção ao banheiro. Ao dar com o seu reflexo, recuou ligeiramente.
Seus olhos estavam inchados devido à falta de sono, e a sua pele quase tão pálida quanto a dos cadáveres que ela encaminhava ao Instituto Médico Legal. Em vez de ficar apreciando aquilo, entrou no chuveiro, bocejando.
- Quero a água a 38 graus, em força máxima - disse em voz alta, enquanto abria a torneira para sentir o jato atingi-la em cheio no rosto.
Deixou o vapor envolvê-la e a espuma escorrer indiferente enquanto revivia os acontecimentos da noite anterior. Não era esperada na Seção de Testes antes das nove, e usaria as próximas três horas para deixar o pesadelo se dissolver por completo.
Pequenas dúvidas e mínimas impressões de arrependimento eram frequentemente detectadas, e poderiam significar uma nova rodada de testes, ainda mais intensa, cercada pelas máquinas e pelos técnicos com olhos de coruja que as administravam. Maite não pretendia ficar fora das ruas por mais de vinte e quatro horas. Depois de colocar um robe, foi até a cozinha e programou o AutoChef para fazer café bem forte e torrada tostada em nível médio. Através da janela, já podia ouvir o zumbido pesado do tráfego no ar, carregando os viajantes madrugadores para os escritórios e trazendo os notívagos de volta para casa.
Ela escolhera aquele apartamento, há alguns anos, pela boa localização e o estilo leve, e gostava do barulho e das multidões. Dando mais um bocejo, olhou pela janela, acompanhando o movimento chocalhante de uma antiga aeronave para transporte público que recolhia os trabalhadores que não tinham a sorte de ter um emprego na cidade ou em locais próximos de casa. Colocando o New York Times no monitor, olhou rapidamente as manchetes enquanto sentia a cafeína artificial reforçar o seu sistema. O AutoChef carbonizara a torrada novamente, mas ela a comeu assim mesmo, com um vago plano de substituir o aparelho.
Estava com as sobrancelhas franzidas lendo o artigo sobre o recallem massa anunciado por uma fábrica de cocker spaniels robóticos quando seu tele-link apitou.
Maite apertou o botão de comunicações e viu o seu oficial superior aparecer na tela.
- Comandante.
- Tenente. - Ele fez um aceno rápido com a cabeça, notando os cabelos ainda molhados de Maite e seus olhos de sono. - Um incidente no número Vinte e Sete da Broadway Oeste, décimo oitavo andar. Você é a policial que está mais próxima do local.
- Estou designada para prestar Testes - disse Maite, levantando a sobrancelha.
- Vítima morta às vinte e duas horas e trinta e cinco minutos. - Nós a liberamos - explicou ele, sem inflexão na voz. Pegue seu distintivo e sua arma quando estiver a caminho do local. Código Cinco, tenente.
- Sim, senhor. - Seu rosto se preocupou quando Maite se afastou da tela.
Código Cinco significava que ela teria que se reportar diretamente ao comandante, e não haveria relatórios abertos interdepartamentais, e nenhuma cooperação com a imprensa. Basicamente, significava que ela estava por conta própria. A Broadway estava movimentada e barulhenta, como uma festa em que os convidados brigões nunca iam embora. O tráfego de rua, tanto o de pedestres quanto o aéreo, estava horrível, sufocando o ar com o excesso de corpos e veículos. Nos seus velhos dias de uniforme ela se lembrava daquele como um local de tumulto, com turistas se chocando uns contra os outros, ocupados demais em apreciar o espetáculo, boquiabertos, em vez de sair do caminho.
Mesmo tão cedo já havia fumaça subindo dos quiosques de comida que ofereciam de tudo, desde macarrão instantâneo até cachorro-quente feito de soja, para a multidão que aumentava. Teve que dar um golpe de direção para não atropelar um ávido vendedor de espetinhos defumados, e seguiu na direção que o seu dedo médio apontava. Estacionou em fila dupla e, desviando-se de um homem que fedia mais que a garrafa de cerveja que segurava, chegou à calçada. Olhou o prédio com atenção, antes de entrar. Cinquenta andares de metal brilhante que se lançavam como uma espada em direção ao céu, a partir de uma base feita de concreto. Recebeu duas propostas indecorosas antes de alcançar a porta. Sabendo que aquela área, que abrangia cinco quarteirões da Broadway, era conhecida carinhosamente como Calçada das Prostitutas, Maite não se mostrou surpresa. Exibiu o distintivo para o policial uniformizado que guardava a entrada.
- Tenente Perroni - ela se apresentou.
- Pois não. - Ele olhou para o sensor computadorizado acima da porta, instalado para manter os curiosos do lado de fora, e a acompanhou até o hall dos elevadores.
- Décimo Oitavo - anunciou com clareza quando as portas se fecharam atrás deles. - Informe-me de tudo, policial. - Maite ligou o gravador e ficou aguardando.
- Não fui o primeiro a chegar ao local, tenente. O que quer que tenha acontecido lá em cima está sendo bem guardado. Há uma autorização especial esperando pela senhora. É um caso de homicídio com Código Cinco, no apartamento 1803.
- Quem requisitou este código?
- Não sei informar.
Ele permaneceu onde estava quando a porta do elevador se abriu. Maite saiu e se viu sozinha em um corredor estreito. As câmeras de segurança se inclinaram na direção dela e seus passos eram quase inaudíveis sobre o surrado carpete, à medida que ela se aproximava do apartamento 1803. Ignorando a placa com o nome do morador, ela se anunciou segurando o distintivo no nível dos olhos, para a câmera, até que a porta se abriu.
- Perroni.
Autor(a): taynaraleal
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 84
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maite_portilla Postado em 24/07/2017 - 16:36:32
acabou? nao acredito:( essa foi uma as melhores historias eu ja li aqui nesse site. essa fanfic foi perfeita do inicio ao fim. amei ela e ja estou ansiosa para a sua proxima fanfic. vc é com certeza uma a melhores escritoras daqui e espero que continue escrevendo muitas historias.
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maite_portilla Postado em 18/07/2017 - 02:31:26
Que bom que voltou realmente. Estou amando, continua logo <3
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maite_portilla Postado em 11/07/2017 - 16:48:20
Opa, leitora nova aqui. Já li sua fanfic toda e pensei que tinha abandonado. Fico muito feliz que vc tenha voltado. Continua logo
taynaraleal Postado em 12/07/2017 - 17:11:25
Que bom que gostou meu amor, seja bem vida, voltei para ficar agora
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suenosurreal Postado em 27/03/2016 - 11:55:53
Mew quero esse Alfonso pra vida, gente que homem! Maite para de graça e se assumem logo, são tão lindos juntos *-* continuaaaaa
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mylene_herroni Postado em 17/01/2016 - 02:29:34
continuaaa. adoro essa fic
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mylene_herroni Postado em 05/12/2015 - 23:48:21
Continuaaaaaaa! Eu também acredito no Poncho, Mai ♡
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mylene_herroni Postado em 28/11/2015 - 01:10:55
Aiii eu sinceramente espero que não seja o Poncho. Continuaaaaaa.
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Postado em 26/11/2015 - 13:37:47
O Alfonso tem que estar na estação espacial! Pmldds ele não pode ser o assassino (na vdd pode, tudo é possível) ISSO TEM QUE SER UMA ARMAÇÃO, POSTA MAAAAAIS
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Fabi Sales Postado em 24/11/2015 - 21:58:00
POSTA MAAAAIS, MULHER! ATÉ EU TÔ CURIOSA PRA SABER O QUE ACONTECEU E TÔ DOIDA PRA VER MOMENTOS HERRONI, POSTAAAAAAA <33
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Fabi Sales Postado em 18/11/2015 - 17:46:04
POSTA MAIS, POR FAVOR! <33