Fanfic: Nudez Mortal FINALIZADA | Tema: Herroni
Foi um choque ver o controle dele desaparecer. Ouvir a fúria e a frustração em sua voz, testemunhar essa raiva passar vividamente pelo seu rosto. E era aterrorizante compreender que ela acreditava nele, sem ter certeza, sem estar completamente certa se acreditava porque precisava acreditar.
- Não é tão simples assim aceitar a sua palavra. Tenho um trabalho a fazer, uma responsabilidade com a vítima, com o sistema. Tenho que me manter objetiva, e eu... Não posso, ela compreendeu. Não consigo. Eles continuaram a se olhar fixamente, e de repente o comunicador em sua bolsa começou a tocar.
As mãos dela não estavam completamente firmes quando ela se virou de costas e pegou o pequeno aparelho. Reconhecendo o código do Departamento de Polícia no display, digitou sua identificação. Depois de inspirar profundamente, respondeu ao chamado para ter sua voz reconhecida. - Perroni, Tenente Maite. Sem som, por favor, apenas imagem.
Alfonso só estava conseguindo vê-la de perfil, enquanto ela lia a transmissão. Foi o suficiente, porém, para avaliar a mudança brusca em seus olhos, a forma com que se tornaram sombrios, e a seguir voltaram a ficar neutros e frios. Ela desligou o comunicador, e ao se virar para ele havia muito pouco da mulher que acabara de vibrar em seus braços.
- Tenho que ir. Vamos manter contato a respeito de seus pertences.
- Você faz isso muito bem - murmurou Alfonso. - Veste a sua pele de tira com muita rapidez, e ela encaixa certinho em você.
- É melhor assim. Não se dê ao trabalho de me acompanhar. Encontro a saída.
- Maite. Ela parou na porta e olhou para trás. Ali estava ele, uma figura vestida de preto e rodeada por séculos de violência. Dentro da pele da policial, o seu coração de mulher estremeceu. - Nós nos veremos novamente - afirmou ele.
- Pode contar que sim - concordou ela. Ele a deixou ir, sabendo que Summerset iria se materializar por trás de alguma sombra para devolver o casaco de couro e lhe desejar uma boa noite.
Sozinho, Alfonso pegou no bolso o pequeno botão revestido com tecido cinza que encontrara no chão da limusine. O mesmo botão que se despregara do paletó daquele horrível conjunto cinza que ela usara na primeira vez em que ele a vira. Estudando-o com atenção, e sabendo que não tinha nenhuma intenção de devolvê-lo, sentiu-se tolo.
Um recruta estava de guarda na porta do apartamento de Lola Starr. Maite viu logo que era um novato, pois ele mal parecia ter idade para tomar uma bebida alcoólica, seu uniforme parecia ter acabado de sair da Seção de Suprimentos e sua pele tinha um leve tom esverdeado. Só alguns meses depois de começar a trabalhar naquela vizinhança é que um policial parava de ter ânsias de vomito diante de um cadáver. Viciados, prostitutas de rua e bandidos em geral gostavam de retalhar uns aos outros naqueles quarteirões asquerosos, só por diversão, ou por algum tipo de lucro. Pelo cheiro que sentiu do lado de fora do apartamento, Maite sabia que alguém positivamente tinha sido morto ali recentemente, ou então o caminhão de reciclagem de lixo não passava desde a semana anterior.
- Policial. - Cumprimentou ela, fazendo uma pausa e exibindo o distintivo. O rapaz se colocara em posição de alerta no momento em que ela colocara o pé fora da lamentável imitação de elevador. O instinto a avisara, corretamente, de que se não mostrasse a identidade bem depressa, receberia uma carga da arma de choque que o rapaz segurava com as mãos trêmulas.
- Sim, senhora!... Oficial, corrigiu. - Os olhos dele estavam assustados e não conseguiam parar sobre um lugar fixo.
- Explique a situação.
- Oficial - repetiu ele, e inspirou lenta e profundamente -, o proprietário do prédio parou nossa unidade na rua, dizendo que havia uma mulher morta no apartamento.
- E está morta mesmo... - O olhar de Maite baixou até o nome do rapaz, pregado no bolso do uniforme. - Policial Prosky?
- Sim, oficial, ela está. - Engoliu em seco, com força, e Maite viu o horror se instalar em seus olhos mais uma vez.
- E como foi que você determinou que a vítima estava realmente morta, Prosky? Tomou-lhe o pulso? Um ligeiro rubor, de aparência pouco mais saudável que o verde anterior, fez suas bochechas corarem.
- Não, oficial. Segui todos os procedimentos, preservei a cena do crime e notifiquei a Central. A confirmação da morte foi feita visualmente, e a cena não foi tocada.
- O dono do apartamento entrou lá dentro? - Tudo aquilo ela poderia descobrir mais tarde, mas Maite reparou que o rapaz estava ficando mais confiante enquanto ela o forçava a descrever as providências que tomara.
- Não, oficial, ele afirmou que não. Depois que um dos clientes da vítima reclamou que tinha um encontro marcado para as nove da noite, o senhorio foi verificar o local. Destrancou o apartamento e a viu. Há apenas um comodo, Tenente Perroni, e ela está... A oficial vai vê-la, assim que abrir a porta. Depois da descoberta do corpo, o senhorio, em estado de pânico, desceu para a rua e parou o nosso carro de patrulha. Imediatamente eu o acompanhei de volta ao local, confirmei visualmente a morte suspeita e informei à Central.
- Em algum momento você abandonou seu posto, policial? Mesmo que por alguns instantes?
- Não senhora, digo, tenente. - Os olhos do rapaz finalmente se acalmaram e ele olhou para Maite. - Por um instante, achei que ia precisar abandonar o posto. É a minha primeira vez, e tive um pouco de dificuldade para me manter impassível.
- Pois para mim, parece que conseguiu magnificamente, Prosky. - Na sacola da criminalística que trouxera consigo, Maite pegou o spray protetor e o usou. - Chame o laboratório e o legista. O lugar precisa ser limpo, e ela vai ter que ser embalada e etiquetada.
- Sim, oficial. Devo permanecer em meu posto?
- Até que o primeiro grupo chegue. Então, poderá fazer seu relatório. - Terminou de cobrir as botas com o líquido e olhou para ele. - Você é casado, Prosky? - perguntou, enquanto pegava o gravador no bolso da blusa.
- Não, oficial. Estou assim, tipo... noivo.
- Depois que fizer seu relatório, vá se encontrar com a sua noiva. Aqueles que correm para o bar não duram tanto neste trabalho quanto os que procuram alguém quentinho e generoso para se refugiar. Onde está o senhorio? - perguntou, já girando a maçaneta da porta destrancada.
- Está lá embaixo, no apartamento 1-A.
- Peça-lhe para ficar aguardando. Vou pegar o depoimento dele quando acabar aqui. Entrou e fechou a porta.
Maite, que já não era uma novata, não sentiu o estômago embrulhado diante da visão do corpo, da carne dilacerada ou dos bichinhos de pelúcia respingados de sangue. Seu coração, no entanto, doeu. A seguir, veio a raiva, uma lança vermelha e afiada que a atravessou quando avistou a arma antiga colocada entre os dedos de um ursinho peludo.
- Ela ainda era uma criança. Eram sete da manhã e Maite ainda não tinha ido para casa. Conseguira tirar um cochilo desconfortável sobre a mesa de sua sala, em meio a pesquisas de computador e relatórios. Sem ter o Código Cinco associado à morte de Lola Starr, estava livre para acessar os bancos de dados do Centro Internacional de Pesquisas Criminalísticas. Até aquele instante, o CIPC não encontrara nenhum padrão. Pálida, exausta e tensa devido à energia falsa induzida pela cafeína falsa, ela encarava Feeney.
- Ela era uma profissional, Perroni.
- Tinha licença há menos de três meses. Havia bonecas em sua cama. Refrigerantes na geladeira. - Maite não conseguia aceitar todas aquelas coisas ingênuas e infantis nas quais teve que remexer enquanto o corpo da vítima, em estado lamentável, continuava deitado sobre lençóis baratos, travesseiros embolados e bonecas. Furiosa, Maite atirou uma foto sobre a mesa. - Parece até que ela era líder de torcida em alguma escola. Em vez disso, estava atendendo clientes e colecionando fotos de apartamentos caros e roupas ainda mais caras. Você acha que ela sabia no que estava se metendo, Feeney?
- Acho que não imaginou que pudesse acabar morta - respondeu ele, no mesmo tom. - Você vai querer agora debater os códigos legais sobre sexo comigo, Perroni?
- Não. - Esgotada, olhou novamente para a foto. - Não, mas isto me arrasa, Feeney. Uma menina, como esta.
- Você já sabe como essas coisas são, Perroni.
- Sei, eu já sei. - Ela se forçou a ser objetiva. - A autópsia deverá acabar agora de manhã, mas o exame preliminar determinou que a morte ocorreu pelo menos vinte e quatro horas antes da descoberta do corpo. Você já identificou a arma?
- Uma SIG 2-10, um verdadeiro Rolls-Royce entre os revólveres. Fabricado na década de 1980 e importado da Suíça. Com silenciador. Os silenciadores daquela época só funcionavam bem para abafar dois ou três tiros. O assassino precisou dele porque o apartamento da vítima não era à prova de som, como o de Sharon DeBlass.
- E ele não nos telefonou, o que mostra que não queria que desta vez ela fosse encontrada tão depressa. Talvez precisasse ir a algum outro lugar - avaliou. Pensativa, pegou um pequeno oitavado, oficialmente selado em um plástico.
DUAS DE SEIS
Autor(a): taynaraleal
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- Uma por semana - disse, baixinho. - Puxa vida, Feeney, ele não está nos dando muito tempo. - Estou analisando os arquivos dela, e sua agenda de clientes. Havia um cliente novo marcado para as oito da noite, anteontem. Se a hora da autópsia for confirmada, achamos o nosso cara. Feeney sorriu, com ironia. - O nome dele é John Smith. ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 84
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maite_portilla Postado em 24/07/2017 - 16:36:32
acabou? nao acredito:( essa foi uma as melhores historias eu ja li aqui nesse site. essa fanfic foi perfeita do inicio ao fim. amei ela e ja estou ansiosa para a sua proxima fanfic. vc é com certeza uma a melhores escritoras daqui e espero que continue escrevendo muitas historias.
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maite_portilla Postado em 18/07/2017 - 02:31:26
Que bom que voltou realmente. Estou amando, continua logo <3
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maite_portilla Postado em 11/07/2017 - 16:48:20
Opa, leitora nova aqui. Já li sua fanfic toda e pensei que tinha abandonado. Fico muito feliz que vc tenha voltado. Continua logo
taynaraleal Postado em 12/07/2017 - 17:11:25
Que bom que gostou meu amor, seja bem vida, voltei para ficar agora
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suenosurreal Postado em 27/03/2016 - 11:55:53
Mew quero esse Alfonso pra vida, gente que homem! Maite para de graça e se assumem logo, são tão lindos juntos *-* continuaaaaa
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mylene_herroni Postado em 17/01/2016 - 02:29:34
continuaaa. adoro essa fic
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mylene_herroni Postado em 05/12/2015 - 23:48:21
Continuaaaaaaa! Eu também acredito no Poncho, Mai ♡
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mylene_herroni Postado em 28/11/2015 - 01:10:55
Aiii eu sinceramente espero que não seja o Poncho. Continuaaaaaa.
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Postado em 26/11/2015 - 13:37:47
O Alfonso tem que estar na estação espacial! Pmldds ele não pode ser o assassino (na vdd pode, tudo é possível) ISSO TEM QUE SER UMA ARMAÇÃO, POSTA MAAAAAIS
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Fabi Sales Postado em 24/11/2015 - 21:58:00
POSTA MAAAAIS, MULHER! ATÉ EU TÔ CURIOSA PRA SABER O QUE ACONTECEU E TÔ DOIDA PRA VER MOMENTOS HERRONI, POSTAAAAAAA <33
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Fabi Sales Postado em 18/11/2015 - 17:46:04
POSTA MAIS, POR FAVOR! <33