Fanfics Brasil - Capítulo 20 Nudez Mortal FINALIZADA

Fanfic: Nudez Mortal FINALIZADA | Tema: Herroni


Capítulo: Capítulo 20

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- Uma por semana - disse, baixinho. - Puxa vida, Feeney, ele não está nos dando muito tempo.


 


- Estou analisando os arquivos dela, e sua agenda de clientes. Havia um cliente novo marcado para as oito da noite, anteontem. Se a hora da autópsia for confirmada, achamos o nosso cara. Feeney sorriu, com ironia. - O nome dele é John Smith.


 


- Dar esse nome tão comum é um golpe mais velho do que a arma do crime. - Esfregou as mãos com força sobre o rosto. - O CIPC vai tentar descobrir o nome verdadeiro do nosso rapaz.


 


- Bem, já estão trabalhando nisso - Feeney murmurou. Era um pouco protetor, quase sentimental a respeito do trabalho do CIPC. - Não vão encontrar nada. O que temos aqui é um viajante do tempo, Feeney. - É... - ele bufou -, um verdadeiro Júlio Verne.


 


- O que temos aqui é um crime típico do Século XX - disse Maite, esticando as mãos. - As armas, a violência excessiva, a notinha escrita a mão e deixada na cena do crime. Talvez o nosso assassino seja um tipo de historiador, ou pesquisador, enfim. Alguém que gostaria de que as coisas fossem do jeito que eram no passado.


 


- Muita gente acha que as coisas poderiam ser melhores se fossem de algum outro jeito. É por isso que o mundo está cheio de parques temáticos de baixo nível.


 


- O Centro Internacional de Pesquisas Criminalísticas não vai nos ajudar a entrar na cabeça desse cara. - Pensando, deixou cair as mãos. - É preciso ter uma mente humana para encarar esse jogo. O que é que ele está fazendo, Feeney? Por que está fazendo isso?


 


- Está matando acompanhantes sexuais licenciadas.


 


- Prostitutas sempre foram um alvo fácil, desde Jack, o Estripador, certo? É uma profissão vulnerável, mesmo hoje em dia. Apesar de todos os aparatos de segurança, ainda estamos às voltas com clientes que batem nelas e as matam.


 


- Mas também não acontece com tanta frequência - Feeney argumentou. - Às vezes, com alguns sadomasoquistas, a gente encontra um grupo que se entusiasma demais com a brincadeira. Mas a maioria das acompanhantes está em mais segurança do que as professoras.


 


- Ainda correm riscos. A profissão mais antiga com o crime mais antigo. Mas as coisas mudaram, pelo menos algumas coisas. As pessoas geralmente não matam mais com armas de fogo, hoje em dia. Elas são muito caras, e difíceis de conseguir. O sexo, por sua vez, não é o motivo forte que costumava ser. É barato e muito fácil de conseguir. Temos métodos diferentes de investigação e uma batelada de novos motivos. Depois que você limpa tudo isso, o fato que sobra é que as pessoas


continuam a matar outras pessoas. Continue cavando, Feeney. Preciso falar com algumas figuras. - O que você precisa é de algumas horas de sono, garota.


 


- Deixe que ele durma - disse Maite, baixinho. - Deixe este canalha dormir. - Levantando-se com decisão, ela se virou para o tele-link. Estava na hora de entrar em contato com os pais da vítima.


 


No momento em que Maite se dirigia à suntuosa entrada do prédio do escritório de Alfonso no centro da cidade, já estava acordada há mais de trinta e duas horas. Passara pela tortura de ter que contar a pais chocados e chorosos que sua filha única estava morta. Depois, ficara olhando para o monitor até que os dados começaram a se embaralhar diante de seus olhos. O encontro com o senhorio de Lola havia sido outra tortura. Depois que o homem conseguiu se recobrar, gastou mais de meia hora se lastimando e reclamando da publicidade negativa e da possibilidade de queda no valor dos aluguéis. As pessoas não estavam nem aí, pensou Maite, para a empatia humana. As Indústrias Alfonso em Nova York eram exatamente o que Maite esperava. Arrojado, brilhante e imponente, o edifício em si se lançava cento e cinquenta andares para cima, em direção ao céu de Manhattan. Um arpão de ébano, cintilante como pedra molhada, cercado por acessos subterrâneos e plataformas para transporte aéreo, brilhantes como diamantes. Por aquelas esquinas não havia vendedores ambulantes de churrasquinho, reparou. Nem camelos rugindo do rapa com seus computadores de bolso, expostos em coloridas bandejas flutuantes.


 


Vendedores ambulantes não eram permitidos naquele pedaço da Quinta Avenida. Tal divisão em zonas fazia com que as coisas fossem mais calmas por ali, ainda que menos emocionantes. Do lado de dentro, o saguão principal ocupava um quarteirão inteiro da cidade, exibindo três restaurantes da moda, uma butique caríssima, algumas lojas exclusivas e um pequeno cinema para filmes de arte. As lajotas brancas do piso tinham um metro quadrado cada uma, e brilhavam como a superfície da lua. Elevadores transparentes zuniam para cima e para baixo, lotados; esteiras rolantes ziguezagueavam à esquerda e à direita, enquanto vozes sem rosto guiavam os visitantes para os vários pontos de interesse ou, no caso de negócios a tratar, para o escritório designado. Para aqueles que queriam circular por ali por conta própria, havia mais de uma dezena de mapas móveis.


Maite se dirigiu a um monitor e recebeu uma educada oferta de ajuda.


 


- Alfonso - pediu ela, aborrecida por ver que o nome dele não aparecia na listagem do diretório principal do edifício.


 


- Desculpe. - A voz computadorizada tinha aquele tom de gentileza exagerada que pretendia ser tranquilizadora, mas ao invés disso irritou ainda mais os nervos de Maite, já à flor da pele. - Não tenho autorização para acessar esta informação.


 


- Alfonso - repetiu Maite, segurando o distintivo na linha do scanner do computador. Aguardou com impaciência enquanto o computador zumbia, sem dúvida conferindo e verificando sua identificação, além de estar notificando o homem pessoalmente.


 


- Por favor, prossiga para a ala leste, Tenente Perroni. A senhorita será recebida.


 


- Que bom. Maite virou em uma esquina e passou por um corredor todo revestido de mármore que apresentava uma floresta de flores brancas como a neve, e que ela reconheceu como não-me-toques.


 


- Tenente. - Uma mulher usando um tailleur vermelho de arrasar e um cabelo tão branco quanto as não-me-toques sorriu friamente. - Acompanhe-me, por favor. A recepcionista enfiou um fino cartão de segurança em uma fenda e colocou a palma da mão de encontro a uma superfície de vidro preto, para reconhecimento de sua impressão. A parede se abriu, revelando um elevador privativo. Entraram na cabine, e Maite não se surpreendeu quando ela pediu o último andar, em voz alta. Tinha certeza de que Alfonso não se contentaria com nada que não fosse o melhor. Sua guia estava calada, e emitia um perfume discreto e sensível que combinava com os sapatos igualmente discretos e a insinuante boina. Maite admirava em segredo as mulheres que conseguiam se arrumar impecavelmente, dos pés à cabeça, sem esforço aparente. Diante de tal magnificência serena, Maite se encolheu constrangida dentro de seu casaco de couro surrado, e ficou pensando se já não estava na hora de gastar algum dinheiro com um bom corte de cabelo, em vez de picotar as pontas ela mesma, como fazia. Antes de conseguir decidir sobre essas questões tão fundamentais, duas portas se abriram dando para um calmo e silencioso hall acarpetado, do tamanho de um pequeno apartamento. Havia luxuriantes plantas verdes ali. Plantas de verdade: fícus, palmeiras, e o que pareceu ser um arbusto de corniso com pequenas flores que brotaram ali, embora estivessem fora de época. Havia também um forte e penetrante aroma de um apanhado de cravos-da-índia, que floriam em tons de rosa e roxo vivo. O jardim circundava uma confortável área de espera, com sofás em um tom arroxeado, mesinhas de madeira envernizadas e abajures que eram certamente feitos de bronze maciço, com cúpulas coloridas. No centro da sala havia um balcão circular, equipado tão eficientemente quanto a cabine de um piloto, cheio de monitores, teclados, medidores e tele-links. Dois homens e uma mulher trabalhavam ali freneticamente, em um bale sincronizado aparentemente sem interrupção.


 


Maite foi levada direto em frente, por um corredor lateral envidraçado. Uma olhada para baixo, e ela podia ver toda Manhattan. Ouvia-se música no ar, que ela não reconheceu que era Mozart. Para Maite, música era algo que havia sido inventado pouco depois do seu décimo aniversário. A mulher com o tailleur arrasador parou mais uma vez, ofereceu uma amostra fugaz de seu sorriso frio e perfeito, e então falou a um microfone invisível.


 


- Tenente Perroni, senhor.


 


- Pode mandá-la entrar, Caro. Obrigado. Mais uma vez, Caro colocou a mão sobre uma superfície de vidro.


 


- Pode entrar, tenente - convidou, quando o painel se abriu.


 


- Obrigada. - Apenas por curiosidade, Maite ficou observando enquanto ela ia embora, tentando compreender como era possível alguém caminhar tão graciosamente sobre saltos finos com quase dez centímetros de altura. Finalmente, entrou na sala de Alfonso. O ambiente era, como esperava, tão impressionante quanto o resto do seu quartel general em Nova York. Apesar da deslumbrante vista de Manhattan, que se descortinava de três das quatro paredes, do teto imponente, pontilhado de focos de luz, e dos brilhantes tons de topázio e esmeralda dos estofados macios, era o homem por trás da mesa em ébano polido que dominava tudo. Que diabo existe nesse homem?, pensou Maite mais uma vez, enquanto Alfonso se levantava e lhe lançava um sorriso.


 


- Tenente Perroni - disse ele, com aquele distante e fascinante sotaque irlandês. - É um prazer, como sempre.


 


- Pode ser que você não pense assim quando eu terminar.


 


- Por que não vem até aqui e começamos a conversar? - Ele levantou uma sobrancelha.- Depois, então, veremos. Aceita café?


 


- Não tente me distrair, Alfonso. - Ela caminhou mais devagar.


 


Então, para satisfazer a sua curiosidade, girou o corpo, olhando em volta de toda a sala. Era tão grande quanto um heliporto, e tinha todas as amenidades de um hotel de primeira classe: serviço de bar automatizado, uma poltrona de relaxamento muito bem acolchoada e completa, com equipamento de realidade virtual, indutores de bem-estar, uma tela gigantesca, naquele momento apagada. À esquerda, um banheiro completo, incluindo banheira de hidromassagem e tubo de secagem. Todo o equipamento padrão de escritório, com a mais alta tecnologia, estava instalado. Alfonso ficou olhando para ela com uma expressão afável. Admirava o modo com que ela se movia, o jeito que aqueles olhos frios e rápidos tinham de captar tudo em volta. -


 


Quer que eu lhe mostre o prédio, Maite?


- Não. Como é que você consegue trabalhar com tudo isso assim... - usando ambas as mãos, ela fez um gesto amplo em direção às paredes de vidro tratado - completamente aberto.


 


- Não gosto de me sentir confinado. Você vai se sentar ou vai ficar vagando pela sala?


 


- Vou ficar em pé. Tenho algumas perguntas para lhe fazer, Alfonso. Você tem direito a um advogado presente, neste momento.


 


 



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Autor(a): taynaraleal

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- Vou ser preso? - Não agora. - Então, vamos reservar os advogados para quando eu for preso. Pergunte. Embora ela mantivesse os olhos no mesmo nível dos dele, sabia onde as mãos de Alfonso estavam, enfiadas casualmente nos bolsos da calça. Mãos revelavam emoções. - Na noite de anteontem - começou ela -, entre ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 84



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  • maite_portilla Postado em 24/07/2017 - 16:36:32

    acabou? nao acredito:( essa foi uma as melhores historias eu ja li aqui nesse site. essa fanfic foi perfeita do inicio ao fim. amei ela e ja estou ansiosa para a sua proxima fanfic. vc é com certeza uma a melhores escritoras daqui e espero que continue escrevendo muitas historias.

  • maite_portilla Postado em 18/07/2017 - 02:31:26

    Que bom que voltou realmente. Estou amando, continua logo <3

  • maite_portilla Postado em 11/07/2017 - 16:48:20

    Opa, leitora nova aqui. Já li sua fanfic toda e pensei que tinha abandonado. Fico muito feliz que vc tenha voltado. Continua logo

    • taynaraleal Postado em 12/07/2017 - 17:11:25

      Que bom que gostou meu amor, seja bem vida, voltei para ficar agora

  • suenosurreal Postado em 27/03/2016 - 11:55:53

    Mew quero esse Alfonso pra vida, gente que homem! Maite para de graça e se assumem logo, são tão lindos juntos *-* continuaaaaa

  • mylene_herroni Postado em 17/01/2016 - 02:29:34

    continuaaa. adoro essa fic

  • mylene_herroni Postado em 05/12/2015 - 23:48:21

    Continuaaaaaaa! Eu também acredito no Poncho, Mai &#9825;

  • mylene_herroni Postado em 28/11/2015 - 01:10:55

    Aiii eu sinceramente espero que não seja o Poncho. Continuaaaaaa.

  • Postado em 26/11/2015 - 13:37:47

    O Alfonso tem que estar na estação espacial! Pmldds ele não pode ser o assassino (na vdd pode, tudo é possível) ISSO TEM QUE SER UMA ARMAÇÃO, POSTA MAAAAAIS

  • Fabi Sales Postado em 24/11/2015 - 21:58:00

    POSTA MAAAAIS, MULHER! ATÉ EU TÔ CURIOSA PRA SABER O QUE ACONTECEU E TÔ DOIDA PRA VER MOMENTOS HERRONI, POSTAAAAAAA <33

  • Fabi Sales Postado em 18/11/2015 - 17:46:04

    POSTA MAIS, POR FAVOR! <33


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