Fanfics Brasil - Capítulo 27 Nudez Mortal FINALIZADA

Fanfic: Nudez Mortal FINALIZADA | Tema: Herroni


Capítulo: Capítulo 27

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- Por favor, salte do veículo, Tenente Perroni, e aproxime-se do scanner para uma identificação mais apurada.


- Lugar difícil de entrar - o motorista do táxi resmungou, mas Maite simplesmente encolheu os ombros e obedeceu. - Identificação confirmada. Por favor, libere seu transporte, Tenente Perroni. A senhorita será recebida no portão.


- Ouvi dizer que apagaram a filha deles em Nova York - disse o motorista enquanto Maite pagava a corrida. - Aposto que eles não estão querendo se arriscar. Quer que eu vá um pouco para trás e fique esperando a senhora sair?


- Não, obrigada. Mas vou anotar o seu número e pedir para que venha me pegar quando estiver pronta para ir embora. Com uma pequena saudação, o motorista deu ré e foi embora. O nariz de Maite já estava começando a ficar dormente quando ela avistou o pequeno carro elétrico que se aproximava do portão. As volumosas grades de ferro trabalhado começaram a se abrir.


- Por favor, aproxime-se e entre no carro - um computador convidou. - A senhorita será levada até a casa. A Senhora Barrister vai recebê-la.


- Estupendo. - Maite entrou no carro e se deixou ser levada silenciosamente até os degraus da frente da casa de tijolos. No momento em que começava a subir a escada, a porta se abriu. Ou os criados eram obrigados a usar roupas pretas, ou a família ainda estava de luto. Maite foi educadamente encaminhada para uma sala ao lado do saguão. Enquanto a casa de Alfonso havia simplesmente sussurrado ostentação, aquela ali exibia uma fortuna antiga. Os carpetes eram espessos, as paredes todas revestidas de seda. As largas janelas ofereciam uma estonteante visão de montes que se sucediam e neve que caía. E solidão, pensou Maite. O arquiteto deveria ter compreendido que as pessoas que iriam morar ali preferiam se sentir isoladas.


- Tenente Perroni. - Elizabeth se levantou. Havia um traço de nervosismo no movimento estudado, na postura rígida e, Maite notou, nos olhos tristes e sombrios que mostravam pesar.


- Obrigada por me receber, Senhora Barrister.


- Meu marido está em uma reunião lá dentro. Posso interrompê-lo, se houver necessidade.


- Não creio que haja.


- A senhorita veio por causa de Sharon.


- Sim.


- Por favor, sente-se. - Elizabeth indicou uma poltrona estofada com um tecido em tom de marfim. - Posso lhe oferecer alguma coisa?


- Não, obrigada. Vou tentar não tomar muito do seu tempo. Não sei quanto do meu relatório a senhora teve a chance de ler...


- Li tudo - interrompeu Elizabeth. - Eu acho. Pareceu-me bem completo. Como advogada, tenho toda a certeza de que, quando a senhorita encontrar a pessoa que matou minha filha, terá construído um caso bem sólido.


- É o que pretendo. - Os nervos dela estão à flor da pele, reparou Maite, observando a forma com que Elizabeth retorcia os dedos. - Sei que este é um momento muito difícil para a senhora.


- Ela era minha única filha - disse Elizabeth, simplesmente. - Meu marido e eu éramos... somos... partidários da política de ajuste da natalidade. Dois pais - explicou com um sorriso fino. - Um só herdeiro. A senhorita tem alguma informação nova para me oferecer?


- Não, no momento. A profissão de sua filha, Senhora Barrister, provocava algum atrito na família? Com outro dos seus gestos lentos e estudados, Elizabeth alisou a saia longa e respondeu:


- Não era a profissão que eu sonhei que a minha filha seguisse. Evidentemente, a escolha foi dela.


- Seu sogro deve ter se oposto a isso. Com certeza, sendo um político, ele era contra.


- As idéias do senador sobre a legislação sexual em vigor são bem conhecidas. Como líder do Partido Conservador, ele está, é claro, trabalhando para mudar as atuais leis referentes ao que popularmente se chama de Questões Sociais.


- A senhora compartilha das idéias dele?


- Não, não compartilho, embora não consiga compreender a relevância deste fato.


Maite balançou a cabeça. Ah, havia atritos ali, sem dúvida. Maite ficou se perguntando se a advogada fluente e despojada concordava em alguma coisa com o sogro falastrão.


- Sua filha foi morta possivelmente por um cliente, ou possivelmente por um amigo pessoal. Já que a senhora e sua filha tinham desentendimentos causados por seu estilo de vida, seria bastante improvável que ela tivesse confidenciado à senhora alguma coisa a respeito das pessoas que conhecia em nível profissional ou pessoal.


- Entendo. - Elizabeth cruzou as mãos e se forçou a pensar como advogada. - A senhorita está supondo que, como mãe dela, como uma mulher que poderia ter compartilhado alguns pontos de vista semelhantes, Sharon poderia ter me procurado, talvez para dividir comigo alguns dos detalhes mais íntimos de sua vida. Apesar de seus esforços, os olhos de Elizabeth se encheram de lágrimas. - Lamento, tenente, mas não foi o caso. Sharon raramente me contava alguma coisa. Certamente jamais a respeito de seus assuntos. Ela estava... afastada de mim e do pai dela. Na verdade, afastada da família inteira.


- Então, a senhora não saberia, caso ela tivesse um amante em particular, de alguém com quem estivesse envolvida em um nível mais pessoal? Um homem que talvez pudesse ter um acesso de ciúmes?


- Não. Posso lhe dizer que não acredito que ela tivesse alguém assim. Sharon tinha... - Elizabeth respirou profundamente para se acalmar antes de continuar - desprezo pelos homens. Sabia que podia atraí-los. Desde muito novinha, ela sempre soube. E os achava tolos.


- Acompanhantes profissionais são rigidamente avaliadas. Uma antipatia, ou um desprezo, como a senhora colocou, é geralmente uma das razões para ter a licença negada.


- Mas ela também era muito esperta. Não havia coisa alguma em sua vida que desejasse e não encontrasse um meio de conseguir. Exceto a felicidade. Sharon não era uma mulher feliz. - Elizabeth continuou, e engoliu o bolo que parecia estar preso na garganta. Eu a mimei, é verdade. Não posso culpar ninguém por isso, exceto a mim mesma. Queria ter mais filhos. - Ela apertou a mão sobre os lábios até lhe parecer que eles haviam parado de tremer. - Filosoficamente, eu era contra ter outros filhos, e meu marido tinha uma posição muito clara a respeito disso. Mas nada disso impedia a ânsia de querer mais crianças para amar. Eu amava Sharon, demais. O senador vai lhe dizer que eu a estraguei, eu a mimei demais, fui indulgente com ela. E ele tem razão.


- Eu diria que desempenhar o papel de mãe era um direito seu, não dele. Essas palavras trouxeram a sombra de um sorriso aos olhos de Elizabeth. - O mesmo podemos dizer dos erros, e eu os cometi muitos. Richard também, embora a amasse tanto quanto eu. Quando Sharon se mudou para Nova York, tivemos atritos com ela por causa disso. Richard chegou a implorar para que ela não fosse. Eu a ameacei. E acabei afastando-a, tenente. Ela me disse que eu não a compreendia, jamais a tinha compreendido e nunca conseguiria isso, e que eu enxergava apenas o que queria, a não ser que estivesse em um tribunal; o que ocorria em minha própria casa, era invisível para mim.


- O que ela estava querendo dizer?


- Que eu era melhor como advogada do que como mãe, suponho. Depois que ela partiu, eu me senti magoada, zangada. Recuei, certa de que ela me procuraria. Mas ela não o fez, é claro. Parou de falar por um momento, como se estivesse recolhendo os arrependimentos. - Richard foi visitá-la uma ou duas vezes, mas não adiantou nada, e serviu apenas para aborrecê-lo. Acabamos deixando o assunto de lado, deixamos Sharon para lá. Até recentemente, quando senti que precisávamos fazer uma nova tentativa.


- E por que, recentemente?


- Os anos passam - murmurou Elizabeth. - Eu imaginava que ela fosse ficar cansada do seu estilo de vida, com o tempo, e que talvez começasse a lamentar o rompimento com a família. Fui vê-la pessoalmente, há coisa de um ano. Mas ela apenas se mostrou hostil, na defensiva, e finalmente me insultou quando tentei convence-la a voltar para casa. Richard, embora já tivesse desistido, se ofereceu para ir até lá conversar com Sharon. Mas ela se recusou a recebê-lo. Até mesmo Catherine tentou - murmurou ela, e massageou de forma distraída para aplacar a dor entre os olhos. - Ela foi visitar Sharon há poucas semanas.


- A Deputada DeBlass foi até Nova York para ver Sharon?


- Não especificamente. Catherine estava na cidade para uma campanha de arrecadação de fundos, e fez questão de ver Sharon e tentar conversar com ela. - Elizabeth apertou os lábios. - Fui eu que pedi isto a ela. É que, quando eu tentei reabrir um canal de comunicação com Sharon, ela não estava interessada. Eu a tinha perdido - continuou Elizabeth, baixinho - e, quando percebi, era tarde demais para recuperá-la. Já não sabia sequer como trazê-la de volta. Tinha esperança de que Catherine pudesse ajudar, sendo da família, mas sem ser mãe dela. Olhou para Maite novamente. - Tenente, a senhorita deve estar achando que era eu que deveria ter ido mais uma vez, em pessoa. Que era meu dever ir.


 


- Senhora Barrister...


- A senhorita tem razão, é claro. - Elizabeth balançou a cabeça. - Mas Sharon se recusou a confiar em mim. Achei que deveria respeitar sua privacidade, como sempre fizera. Nunca fui uma daquelas mães que ficam espionando o diário da filha.


- Diário? - Maite ligou as antenas. - Ela mantinha um diário?


- Sim, ela sempre teve um diário, desde menina. Mudava a senha de acesso a ele, regularmente.


- E depois de adulta?


- Também. Ela se referia a ele de vez em quando, e soltava piadinhas a respeito dos segredos que só ela sabia e sobre as várias pessoas que conhecia e que ficariam apavoradas ao ver o que ela havia escrito sobre elas.  



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Autor(a): taynaraleal

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Não havia nenhum diário no inventário, Maite lembrou. Essas coisas podiam ser tão pequenas quanto um batom. Se o pessoal do laboratório que vasculhara tudo não o encontrara da primeira vez... - A senhora por acaso tem um desses diários? - Não. - Repentinamente alerta, Elizabeth olhou para cima. - Sharon os guardava em ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 84



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  • maite_portilla Postado em 24/07/2017 - 16:36:32

    acabou? nao acredito:( essa foi uma as melhores historias eu ja li aqui nesse site. essa fanfic foi perfeita do inicio ao fim. amei ela e ja estou ansiosa para a sua proxima fanfic. vc é com certeza uma a melhores escritoras daqui e espero que continue escrevendo muitas historias.

  • maite_portilla Postado em 18/07/2017 - 02:31:26

    Que bom que voltou realmente. Estou amando, continua logo <3

  • maite_portilla Postado em 11/07/2017 - 16:48:20

    Opa, leitora nova aqui. Já li sua fanfic toda e pensei que tinha abandonado. Fico muito feliz que vc tenha voltado. Continua logo

    • taynaraleal Postado em 12/07/2017 - 17:11:25

      Que bom que gostou meu amor, seja bem vida, voltei para ficar agora

  • suenosurreal Postado em 27/03/2016 - 11:55:53

    Mew quero esse Alfonso pra vida, gente que homem! Maite para de graça e se assumem logo, são tão lindos juntos *-* continuaaaaa

  • mylene_herroni Postado em 17/01/2016 - 02:29:34

    continuaaa. adoro essa fic

  • mylene_herroni Postado em 05/12/2015 - 23:48:21

    Continuaaaaaaa! Eu também acredito no Poncho, Mai &#9825;

  • mylene_herroni Postado em 28/11/2015 - 01:10:55

    Aiii eu sinceramente espero que não seja o Poncho. Continuaaaaaa.

  • Postado em 26/11/2015 - 13:37:47

    O Alfonso tem que estar na estação espacial! Pmldds ele não pode ser o assassino (na vdd pode, tudo é possível) ISSO TEM QUE SER UMA ARMAÇÃO, POSTA MAAAAAIS

  • Fabi Sales Postado em 24/11/2015 - 21:58:00

    POSTA MAAAAIS, MULHER! ATÉ EU TÔ CURIOSA PRA SABER O QUE ACONTECEU E TÔ DOIDA PRA VER MOMENTOS HERRONI, POSTAAAAAAA <33

  • Fabi Sales Postado em 18/11/2015 - 17:46:04

    POSTA MAIS, POR FAVOR! <33


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