Fanfic: Nudez Mortal FINALIZADA | Tema: Herroni
- Você tem que mirar, porque esta arma não tem sensor de calor e movimento, como a sua. - Ajustou os braços dela até ficar satisfeito. - Quando estiver pronta para atirar, deve apertar o gatilho, e não bombeá-lo. Vai dar um pequeno coice. Não é tão suave ou silenciosa quanto o seu laser.
- Entendi - ela assentiu, baixinho. Era tolice se sentir sensível às suas mãos sobre as dela, à pressão de seu corpo, e ao cheiro dele. - Você está me apertando. Ele virou a cabeça, apenas o suficiente para fazer seus lábios roçarem a ponta de sua orelha. Era uma orelha inocente, com lóbulo não furado, quase doce, como a de uma criança.
- Eu sei. Tenho que apertar você mais do que está acostumada. Pode ser que você se sinta intimidada. Não sinta.
- Eu não me intimido. - E, para provar, apertou o gatilho. Os braços dela foram arremessados para trás, deixando-a aborrecida. Ela atirou de novo, e depois uma terceira vez, deixando de atingir o centro, bem na mosca, por menos de dois centímetros. - Caramba, dá para sentir o baque, não é? - Ela girou os ombros para os lados, fascinada pelo modo com que eles respondiam ao movimento da arma em sua mão.
- Isso torna o ato mais pessoal. Você tem uma boa mira. Estava impressionado, mas falava com um tom suave. - É claro que uma coisa é atirar em um alvo circular, e outra é atirar em um corpo. Mesmo sendo uma simulação. Aquilo era um desafio?, ela se perguntou. Bem, já estava preparada.
- Tem mais quantas balas aqui?
- Vamos recarregar a arma totalmente. - Ele programou uma nova série. A curiosidade e, ele tinha que admitir, o ego, o fizeram escolher uma bem difícil. - Está pronta?
- Estou. - Lançou um olhar de relance para ele e ajustou a postura. A primeira imagem foi a de uma velhinha agarrada a uma sacola de compras com as duas mãos. Maite quase arrancou fora a cabeça de um pedestre, mas firmou o dedo a tempo. Um pequeno movimento surgiu à esquerda, e ela atirou em um assaltante antes que ele pudesse atingir a velhinha com o cano de ferro que tinha nas mãos. Uma pequena fisgada no quadril esquerdo a fez desviar o olhar de novo, e eliminar um homem careca que apontava uma arma semelhante à dela. Eles vieram depressa e em grande quantidade, então. Alfonso a observava, sem piscar. Não, ela realmente não se intimidava, ele avaliou. Seus olhos permaneciam focados e frios. Olhos de policial. Ele sabia que a adrenalina
de Maite estava em nível elevado, e que sua pulsação estava martelando. Seus movimentos, no entanto, eram rápidos e suaves, tão estudados como os de um bale. Seu queixo estava levantado, e a mão, firme. E ele a desejava, compreendeu então, sentindo uma pressão no peito. Ele a desejava desesperadamente. - Conseguiram me atingir duas vezes - disse, quase para si mesma. Abriu o tambor, sozinha, e o recarregou, como vira Alfonso fazer. - Um tiro no quadril, outro na barriga. Isso me torna uma tira morta ou em péssimas condições. Coloque outra série. Alfonso atendeu, e então colocou as mãos nos bolsos e ficou observando o trabalho dela. Quando acabou, Maite pediu para experimentar o modelo suíço. Preferiu o peso e o desempenho deste. Havia definitivamente uma vantagem sobre um revólver, ela refletiu. Era mais rápido, a resposta era mais precisa, tinha maior poder de fogo e dava para recarregar em segundos. Nenhuma das duas armas se adaptou tão confortavelmente à sua mão quanto o laser, embora ela tivesse achado ambas eficientes, de uma forma primitiva e horrível. E os estragos que causavam, a carne dilacerada, o sangue que espirrava, tudo tornava a morte algo terrivelmente nojento.
- Você foi atingida desta vez? - perguntou Alfonso.
- Não, estou limpa. - Embora as imagens já tivessem ido embora, ela continuava a olhar fixamente para a parede, e os reflexos mentais do que vira brincavam em sua cabeça. - O que elas podem fazer com um corpo... - comentou baixinho enquanto abaixava a arma. - Ter utilizado uma destas, ter que enfrentar o uso delas dia após dia, sabendo que elas também poderiam ser usadas contra você. Quem seria capaz de enfrentar isso - ponderou -, sem ser um pouco insano?
- Você seria. - Ele removeu os protetores auriculares e os óculos do rosto dela. - A consciência e a dedicação ao dever não devem ser comparadas a nenhum grau de fraqueza. Você passou pela bateria de testes. Foi difícil, mas você conseguiu.
- Como é que você soube disso? - Com cuidado, colocou os protetores ao lado dos dele.
- Como é que eu soube que você andou fazendo testes hoje? Tenho contatos. Como é que eu sei que foi difícil para você? - Ele envolveu-lhe o queixo com a mão em concha. - Porque posso ver isso - disse, suavemente. - Seu coração luta com sua cabeça. Não sei se você tem a percepção de que é isto que a torna tão boa no seu trabalho. Ou tão fascinante para mim.
- Não estou tentando deixar você fascinado. Estou à procura do homem que usou as armas que acabei de experimentar; não para sua defesa, mas para seu prazer. - Ela olhou diretamente nos olhos dele. - Não foi você.
- Não, não fui eu.
- Mas você sabe de algo. Ele passou com carinho a ponta de seu polegar sobre a covinha do queixo de Maite antes de abaixar a mão.
- Não estou tão certo de que sei de alguma coisa. - Foi até a mesa e serviu um pouco de café. - Armas do Século XX para cometer crimes típicos do Século XX, por motivos comuns no Século XX? - Ele olhou para ela de relance. - Esse seria o meu palpite.
- É uma dedução simples demais.
- Mas diga-me, tenente, você consegue brincar de jogos de dedução em História, ou é uma pessoa por demais entrincheirada no agora? Ela já havia feito a mesma pergunta a si mesma, e estava aprendendo.
- Sou uma pessoa flexível.
- Não, não é. Mas é esperta. Quem quer que tenha assassinado Sharon, tinha um conhecimento, talvez uma afinidade, ou até mesmo uma obsessão pelo passado. - Sua sobrancelha se levantou, zombeteira. - Eu tenho um bom conhecimento de certos acontecimentos do passado, e sem dúvida uma afinidade por eles. Obsessão? - Ele deu de ombros. - Isso você terá que julgar por si mesma.
- Estou trabalhando nisso.
- Estou certo que sim. Vamos fazer um apanhado com o antiquado raciocínio dedutivo, sem computadores nem análises técnicas. Vamos estudar a vítima. Você acredita que Sharon era uma chantagista, e isso encaixa. Era uma mulher brava e desafiadora que precisava de poder. E queria ser amada.
- Você descobriu tudo isso depois de se encontrar com ela apenas duas vezes?
- Descobri pelos encontros - ofereceu o café a ela - e por conversas com pessoas que a conheciam. Amigos e pessoas chegadas achavam que ela era uma mulher impressionante e enérgica, embora muito reservada. Uma mulher que desprezou a família, ainda que pensasse neles com frequência. Alguém que adorava viver, embora gostasse de remoer os problemas. Imagino que nós dois já analisamos muita coisa dessa mesma área.
- Eu não sabia que você estava analisando alguma área relacionada com uma investigação da polícia, Alfonso. - A irritação tomou conta de Maite.
- Beth e Richard são meus amigos, e eu levo as minhas amizades muito a sério. Eles estão sofrendo, Maite. E não gosto de saber que Beth está se culpando pelo que aconteceu. Ela se lembrou dos olhos assustados e dos nervos à flor da pele, e suspirou.
- Tudo bem, eu aceito esse argumento. Com quem você andou conversando?
- Amigos, como disse, conhecidos, sócios. - Ele colocou o café de lado enquanto Maite tomava o dela com vagar e circulava pela sala. - É estranho, não é, quantas opiniões diferentes e percepções distintas você pode ouvir a respeito de uma mesma mulher. Pergunte a um, e vai ouvir que Sharon era leal e generosa. Pergunte a outro e saberá que ela era vingativa e calculista. Um terceiro a via como uma pessoa viciada em festas, e que jamais conseguia encontrar suficiente excitação na vida. A pessoa a seguir lhe dirá que ela gostava de passar noites calmas, sozinha. Tinha vários rostos, a nossa Sharon.
- Usava um rosto diferente para cada pessoa. É bem comum.
- E qual rosto, ou qual papel, a matou? - Alfonso pegou um cigarro e o acendeu. - Chantagem. - Pensativo, soprou uma perfumada nuvem de fumaça. - Ela poderia ser boa nisso. Gostava de escavar a vida das pessoas e podia apresentar muito charme enquanto fazia isso.
- E ela usou esse charme em você.
- Descaradamente. - O sorriso descontraído surgiu de novo. - Eu não estava disposto a trocar informações por um pouco de sexo. Mesmo que ela não fosse a filha de um amigo e uma profissional, não teria conseguido me atrair usando essas armas. Prefiro um tipo diferente de mulher. - Seus olhos se encontraram com os de Maite novamente, de modo meditativo. - Ou pensei que preferisse. Ainda não consegui descobrir por que o tipo de mulher intensa, decidida e cheia de espinhos de repente me atrai, de forma tão inesperada.
- Isso não é lisonjeiro. - Maite se serviu de mais café e ficou olhando para ele por sobre a borda da xícara.
- Não era para ser. Embora para alguém que tem um cabeleireiro míope e incompetente, e não faz uso dos produtos de beleza padrão, você é uma mulher surpreendentemente agradável de se olhar.
- Não tenho tempo para ir a cabeleireiros, nem tempo para produtos de beleza. - Nem, ela decidiu, a disposição de discutir esse assunto. - Continuando a dedução. Se aceitarmos que Sharon DeBlass foi morta por uma de suas vítimas de chantagem, onde é que entra Lola Starr?
- Um problema, não é? - Alfonso deu uma tragada forte e contemplativa. - Elas não parecem ter mais nada em comum além da escolha da profissão. É muito duvidoso que sequer se conhecessem ou compartilhassem o mesmo gosto para a escolha de clientes. No entanto houve um deles que, pelo menos por pouco tempo, conheceu as duas.
- Um que escolheu as duas.
- Sim, você colocou melhor a questão - concordou Alfonso, levantando a sobrancelha.
- O que você quis dizer quando falou que eu não sabia em que estava me metendo? A hesitação dele foi tão leve, tão bem disfarçada, que quase não deu para perceber.
- É que eu não estou bem certo se você compreende o poder que DeBlass possui ou pode usar. O escândalo do assassinato de sua neta poderia lhe trazer mais poder. Ele quer a presidência, e quer ditar a moral e os costumes do país e do exterior.
- Você está querendo dizer que ele poderia usar a morte de Sharon politicamente? Como?
- Poderia retratar a neta como uma vítima da sociedade Alfonso apagou o cigarro - e a atividade de sexo para obter lucro como a arma do crime. Como pode um mundo que permite a prostituição legalizada, o completo controle da natalidade, dos ajustes sexuais, e assim por diante, não assumir a responsabilidade pelos resultados? Maite poderia apreciar essa discussão, mas balançou a cabeça. - DeBlass também quer eliminar o banimento das armas. Sharon foi morta por uma arma que na verdade não está disponível, sob as leis atuais.
- O que torna tudo mais traiçoeiro. Será que Sharon não teria sido capaz de se defender se ela também estivesse armada? - Quando Maite começou a discordar, ele balançou a cabeça. - Não importa muito qual é a resposta, apenas a pergunta em si. Será que nos esquecemos dos fundadores deste país, e dos princípios básicos do projeto de nossa nação? O nosso direito de portar armas. Uma mulher é assassinada em sua própria casa, em sua própria cama, vítima da liberdade sexual, e indefesa. E vítima, sim, muito mais, de seu declínio moral. Ele deu a volta para desmontar o console e continuou: - É claro que você vai argumentar que assassinato por arma de fogo era a regra e não a exceção no tempo em que qualquer pessoa que tivesse o dinheiro e a vontade podia comprar uma arma, mas ele vai abafar isso. O Partido Conservador está ganhando terreno, e ele é o ponta-de-lança. - Alfonso ficou observando enquanto ela se servia de mais café. - Já ocorreu a você que pode ser que ele não queira que o criminoso seja pego?
- Por que motivo? - com a guarda baixa, ela o olhou admirada. -
Além do nível pessoal, isso não daria a ele ainda mais munição? ”Vejam, aqui está o lixo humano imoral, a escória que assassinou a minha pobre e desencaminhada neta.”
- Mas isso é um risco, você não acha? Talvez o assassino seja alguém respeitável e importante, um pilar da sua comunidade, igualmente desencaminhado. - Ele esperou um momento, aguardando que ela analisasse as ideias por completo.
- Quem você imagina que quis ter certeza de que você passaria por aquela bateria de testes no meio deste caso? Quem é que está vigiando cada passo que você dá, monitorando cada etapa de sua investigação? Quem será que está cavando o seu passado e a sua vida pessoal, tanto quanto seu desempenho profissional?
- Eu suspeito que DeBlass fez um pouco de pressão no caso da bateria de testes. - Abalada, ela pousou a xícara. - Ele não confia em mim, ou então ainda não conseguiu decidir se eu sou competente o suficiente para comandar a investigação. E ele fez com que Feeney e eu fôssemos seguidos desde que saímos de Washington. - Ela soltou um longo suspiro. - Como é que você sabe que ele anda pesquisando a minha vida? Só porque você também está fazendo isso? Ele não se importou com a raiva nos olhos dela, ou a acusação. Ele preferia aquilo ao olhar de preocupação que outra mulher teria mostrado.
- Não, porque eu o estou vigiando, enquanto ele vigia você. Resolvi que ia ser muito mais satisfatório aprender sobre você através da própria fonte, com o tempo, do que lendo relatórios. - Ele se aproximou, passando os dedos pelos cabelos picados dela. Respeito a privacidade das pessoas com quem me importo. E eu me importo muito com você, Maite. Não sei por quê, exatamente, mas você faz brotar alguma coisa em mim. Quando ela começou a recuar, ele apertou mais os dedos, e completou: - Estou cansado de todas as vezes que temos um momento a sós você colocar um assassinato no meio.
- Existe um assassinato entre nós.
- Não. No máximo, ele foi apenas o que nos trouxe até aqui. É esse o problema? Você não consegue se livrar da Tenente Perroni por tempo suficiente para se deixar sentir?
- É quem eu sou.
- Então, é quem eu quero. - Seus olhos tinham escurecido ainda mais com o desejo impaciente. A frustração que sentia era consigo mesmo, por ser tão inacreditavelmente levado a um ponto em que poderia, a qualquer momento, implorar. - A Tenente Perroni não teria medo de mim, mesmo que Maite tivesse.
Autor(a): taynaraleal
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O café a tinha ligado. Era aquilo que estava deixando seus nervos tão tensos. - Não tenho medo de você, Alfonso. - Não tem? - Ele chegou mais perto, enfiando as mãos por baixo da lapela de sua blusa. - O que acha que vai acontecer se você passar por cima da linha? - Muita coisa - murmurou. - Mas não o suficiente. Sexo ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 84
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maite_portilla Postado em 24/07/2017 - 16:36:32
acabou? nao acredito:( essa foi uma as melhores historias eu ja li aqui nesse site. essa fanfic foi perfeita do inicio ao fim. amei ela e ja estou ansiosa para a sua proxima fanfic. vc é com certeza uma a melhores escritoras daqui e espero que continue escrevendo muitas historias.
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maite_portilla Postado em 18/07/2017 - 02:31:26
Que bom que voltou realmente. Estou amando, continua logo <3
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maite_portilla Postado em 11/07/2017 - 16:48:20
Opa, leitora nova aqui. Já li sua fanfic toda e pensei que tinha abandonado. Fico muito feliz que vc tenha voltado. Continua logo
taynaraleal Postado em 12/07/2017 - 17:11:25
Que bom que gostou meu amor, seja bem vida, voltei para ficar agora
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suenosurreal Postado em 27/03/2016 - 11:55:53
Mew quero esse Alfonso pra vida, gente que homem! Maite para de graça e se assumem logo, são tão lindos juntos *-* continuaaaaa
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mylene_herroni Postado em 17/01/2016 - 02:29:34
continuaaa. adoro essa fic
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mylene_herroni Postado em 05/12/2015 - 23:48:21
Continuaaaaaaa! Eu também acredito no Poncho, Mai ♡
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mylene_herroni Postado em 28/11/2015 - 01:10:55
Aiii eu sinceramente espero que não seja o Poncho. Continuaaaaaa.
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Postado em 26/11/2015 - 13:37:47
O Alfonso tem que estar na estação espacial! Pmldds ele não pode ser o assassino (na vdd pode, tudo é possível) ISSO TEM QUE SER UMA ARMAÇÃO, POSTA MAAAAAIS
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Fabi Sales Postado em 24/11/2015 - 21:58:00
POSTA MAAAAIS, MULHER! ATÉ EU TÔ CURIOSA PRA SABER O QUE ACONTECEU E TÔ DOIDA PRA VER MOMENTOS HERRONI, POSTAAAAAAA <33
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Fabi Sales Postado em 18/11/2015 - 17:46:04
POSTA MAIS, POR FAVOR! <33