Fanfic: Nudez Mortal FINALIZADA | Tema: Herroni
- Ele sabe onde eu moro. Esteve lá duas vezes. Estes são os lugares onde podemos colocá-lo. Estava com a esperança de conseguir delimitar uma área, mas ele se espalha para onde quer, e faz o mesmo com a segurança. - Permitindo-se emitir um pequeno suspiro, ela se recostou na cadeira. - Três sistemas diferentes de segurança. O de Lola Starr era quase inexistente. Porteiro eletrônico, que não funcionava. Segundo outros moradores, já estava quebrado há duas semanas. O de Sharon DeBlass era sofisticado. Chave com código para entrar, placa para impressão da mão, segurança completa em todo o prédio, com áudio e vídeo. Teve que ser violada no local. O pulo no tempo da gravação ocorreu apenas em um dos elevadores, e no corredor da vítima. A segurança do meu edifício não é tão moderna. Até eu podia violar a entrada, qualquer arrombador decente também poderia. Só que eu tenho uma fechadura especial da polícia na porta, Sistema Cinco Mil. Você tem que ser realmente um profissional para invadir, sem precisar do código mestre. Batendo com as pontas dos dedos na mesa, ela olhou para o mapa com cara feia, e continuou: - Ele é um especialista em sistemas de segurança e conhece as suas armas... armas antigas, Feeney. Está enturmado com o departamento de procedimentos da polícia, o suficiente para conseguir me indicar como investigadora principal poucas horas depois do primeiro crime. Não deixa impressões digitais nem fluidos corpóreos. Nem sequer uma droga de um pelo pubiano. O que tudo isso significa para você?
Feeney sugou o ar através dos dentes e se balançou para a frente e para trás sobre os calcanhares.
- Acho que é tira. Ou militar. Talvez paramilitar, ou da segurança do governo. Pode ser alguém que tenha como hobby brincar com sistemas de segurança. Existe um monte por aí. Possivelmente um criminoso profissional, mas isso é improvável.
- Por que improvável?
- Se o cara anda ganhando a vida cometendo crimes, por que um assassinato? Não houve lucro algum em nenhuma dessas duas mortes.
- Tudo bem, então ele pode estar de férias - disse Maite, mas sem conseguir convencer nem a si mesma.
- Talvez. Levantei todos os criminosos sexuais conhecidos, cruzei os dados no CIPC. Não apareceu ninguém que se encaixe nesse modus operandi. Você já viu o relatório? - perguntou ele, apontando para a tela do CIPC.
- Não. Por quê?
- Eu já vasculhei, agora de manhã. Você ficaria surpresa de saber que aconteceram quase cem ataques com armas de fogo no ano passado, em todo o país. E outros tantos casos acidentais, também. - Ele levantou os ombros. - Tinha de tudo. Armas contrabandeadas, caseiras, do mercado negro, de colecionadores.
- Mas nada que se encaixe no nosso perfil.
- Não. - Ele mexeu a boca, contemplativo. - Havia pervertidos, também, embora seja mais difícil rastrear os dados. Tem um que é o meu favorito. Um sujeito de Detroit que matou quatro, antes de ser achado. Gostava de fisgar mulheres com o coração solitário e ia até a casa delas. Ao chegar lá, dava um sonífero para a vítima, tirava toda a roupa dela e lhe cobria o corpo inteiro, dos pés à cabeça, com tinta vermelha que brilha no escuro.
- Esquisito.
- Letal. A pele tem que respirar. Assim, ela começava a sufocar, e enquanto a pobre se asfixiava em direção à morte, ele brincava com ela. Mas não transava, não. Não havia esperma, nem penetração. Ele ficava só alisando o corpo dela com as mãozinhas sedentas.
- Cristo, isso é doença!
- É... Bem, enfim. De repente ele ficou um pouco apressado com uma delas e começou a esfregá-la antes que a tinta secasse por completo. Aí, já viu, um pouco da tinta saiu, e ela começou a acordar e se mexer. Ele entrou em pânico e fugiu. Então, nossa garota nua, quase toda coberta de tinta, ainda zonza por causa do tranquilizante, mas muito revoltada, saiu correndo pela rua e começou a gritar. A polícia chegou e a encontrou bem depressa, porque ela brilhava mais que um anúncio luminoso. Começaram então a dar uma busca padrão. Encontraram o nosso rapaz a apenas alguns quarteirões dali, e o pegaram com a mão na massa, porque ele estava com a mão vermelha por ter passado...
- Já sei, não me diga.
- Por ter passado a mão na moça - Feeney completou, com um sorriso cruel. - Vamos lá, reconheça, essa foi boa... Mão na massa, mão na moça... - Quando Perroni simplesmente rolou os olhos para cima, Feeney decidiu que os amigos da sua seção iam apreciar a história e o trocadilho muito mais do que ela. - Enfim, Maite, a gente talvez tenha um pervertido nas mãos. Vou dar uma olhada nos arquivos dos tarados e das profissionais. Talvez a gente tenha sorte. Prefiro essa ideia a achar que foi um policial.
- Eu também. - Com os lábios apertados, Maite girou a cabeça para olhar para ele. - Feeney, você possui uma coleção pequena, conhece um pouco sobre armas de fogo antigas. Ele levantou as mãos e depois juntou os pulsos.
- Eu confesso. Pode me prender. Ela quase riu.
- Conhece algum outro policial que colecione armas?
- Claro, alguns. É um hobby meio caro, mas a maioria dos que eu conheço coleciona réplicas. E por falar em coisas caras - acrescentou ele, passando o dedo na manga da camisa de Maite -, bonita roupa, essa sua. Teve algum aumento?
- É emprestada - respondeu baixinho, e ficou surpresa ao notar que precisou se controlar para não ficar vermelha. - Verifique esses colecionadores para mim, Feeney. Aqueles que têm armas genuínas.
- Ahn, Perroni... - Seu sorriso desapareceu quando Feeney pensou na perspectiva de ter que investigar os próprios colegas. Detesto fazer isso.
- Eu também. Verifique-os, mesmo assim. Por enquanto, só os que trabalham aqui na cidade.
- Certo. - Ele soltou um suspiro, perguntando-se se ela compreendia que o seu próprio nome teria que aparecer na lista. Que porcaria de maneira de começar o dia. Agora, tenho um presente para você, garota. Havia um memorando em cima da minha mesa quando eu cheguei. O Secretário de Segurança está a caminho da sala do nosso comandante. Quer ver nós dois.
- Ah, dane-se!
- Vou para lá em cinco minutos - disse Feeney, olhando para o relógio. - Talvez seja melhor você colocar um suéter ou algo assim por cima dessa roupa, senão o Simpson vai dar uma olhada em você e chegar à conclusão de que o nosso salário está alto demais.
- Ah, dane-se você, também.
O Secretário Edward Simpson era uma figura imponente. Com mais de um metro e oitenta e todo arrumado, gostava de usar ternos escuros e gravatas de cores berrantes. Seus cabelos castanhos, ondulados, exibiam alguns fios brancos. Era um fato bem conhecido por todo o Departamento que alguns detalhes especiais foram acrescentados pelo seu esteticista pessoal. Seus olhos eram de um azul-claro, quase metálico, uma cor que, segundo pesquisas, inspirava a confiança dos eleitores. Todos sabiam que ele raramente demonstrava algum humor, e a sua boca parecia uma vírgula fina que mostrava comando. Olhando para ele, qualquer um via uma imagem de poder e autoridade. Era decepcionante saber o quanto ele usava ambos para alcançar pontos no intoxicante jogo da política. Ele se sentou, unindo as mãos em um V invertido. Eram mãos macias, que rebrilhavam com um trio de anéis de ouro. Sua voz, quando ele abriu a boca, tinha a ressonância e a impostação da fala de um ator.
- Comandante, capitão, tenente... Nós temos aqui uma situação muito delicada. Tinha também o senso de tempo de um ator. Fez uma pausa e deixou aqueles olhos duros e azuis olharem demoradamente para cada um dos rostos. - Todos vocês sabem o quanto a mídia aprecia o sensacionalismo - continuou ele. - Nossa cidade conseguiu, durante os cinco anos sob a minha jurisdição, diminuir a taxa de criminalidade em cinco por cento. Isso dá uma média de um por cento ao ano. Entretanto, diante dos recentes eventos, não é este avanço que será alardeado pela imprensa. Já há manchetes a respeito desses dois assassinatos. Matérias que questionam a investigação e exigem respostas. Whitney, que detestava Simpson até a raiz dos cabelos, respondeu com calma.
- Faltam detalhes às histórias, secretário. O Código Cinco no caso DeBlass torna impossível que cooperemos com a imprensa ou forneçamos notícias.
- Por não fornecermos notícias - respondeu Simpson de volta -, estamos permitindo que eles especulem. Vou fazer uma declaração oficial esta tarde. - Ele levantou a mão quando Whitney começou a protestar. - É necessário oferecer ao público algo palpável, para fazê-lo ter confiança de que o Departamento está com o problema sob controle. Mesmo não sendo o caso. - Seus olhos se focaram em Maite. - Como principal investigadora, tenente, você também participará da entrevista coletiva. Meu gabinete está preparando uma declaração para você fazer.
- Com todo o respeito, Secretário Simpson, não posso divulgar para a imprensa nenhum detalhe do caso que possa prejudicar as investigações.
- Tenente, eu tenho trinta anos de experiência. - Ele puxou um fiapo de linha grudado na manga do paletó. - Acho que sei conduzir uma entrevista coletiva. Em segundo lugar - continuou, dispensando-a ao desviar o olhar de volta para o Comandante Whitney -, é fundamental que as ligações que a mídia anda fazendo entre os crimes DeBlass e Starr sejam quebradas. O Departamento não pode ser responsável por provocar algum embaraço pessoal ao Senador DeBlass, ou causar danos à sua posição, ao colocar os dois casos no mesmo nível.
- O assassino já fez isso por nós - disse Maite, por entre os dentes. Simpson dignou-se olhar para ela mais uma vez.
- Oficialmente, tenente, não existe conexão alguma. Se alguém lhe perguntar se há alguma ligação, negue.
- Se alguém lhe perguntar - corrigiu Maite -, minta.
- Guarde a ética pessoal para você mesma. Isto é realidade. A brisa de um escândalo que começa aqui e reverbera em Washington acaba voltando para nós como um vendaval. Sharon DeBlass está morta há mais de uma semana, e você não achou nada até agora.
- Temos a arma - discordou ela. - Temos um motivo possível, como chantagem, e uma lista de suspeitos.
Autor(a): taynaraleal
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- Sou o Secretário de Segurança do Estado, tenente. - Seu rosto ficou vermelho, e ele se levantou da cadeira. - A bagunça que vocês fizerem sou eu que vou ter de consertar. Já está na hora de parar de escavar a lama e fechar o caso. - Senhor - Feeney deu um passo à frente -, a Tenente Perroni e eu... - Podem estar no Setor de ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 84
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maite_portilla Postado em 24/07/2017 - 16:36:32
acabou? nao acredito:( essa foi uma as melhores historias eu ja li aqui nesse site. essa fanfic foi perfeita do inicio ao fim. amei ela e ja estou ansiosa para a sua proxima fanfic. vc é com certeza uma a melhores escritoras daqui e espero que continue escrevendo muitas historias.
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maite_portilla Postado em 18/07/2017 - 02:31:26
Que bom que voltou realmente. Estou amando, continua logo <3
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maite_portilla Postado em 11/07/2017 - 16:48:20
Opa, leitora nova aqui. Já li sua fanfic toda e pensei que tinha abandonado. Fico muito feliz que vc tenha voltado. Continua logo
taynaraleal Postado em 12/07/2017 - 17:11:25
Que bom que gostou meu amor, seja bem vida, voltei para ficar agora
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suenosurreal Postado em 27/03/2016 - 11:55:53
Mew quero esse Alfonso pra vida, gente que homem! Maite para de graça e se assumem logo, são tão lindos juntos *-* continuaaaaa
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mylene_herroni Postado em 17/01/2016 - 02:29:34
continuaaa. adoro essa fic
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mylene_herroni Postado em 05/12/2015 - 23:48:21
Continuaaaaaaa! Eu também acredito no Poncho, Mai ♡
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mylene_herroni Postado em 28/11/2015 - 01:10:55
Aiii eu sinceramente espero que não seja o Poncho. Continuaaaaaa.
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Postado em 26/11/2015 - 13:37:47
O Alfonso tem que estar na estação espacial! Pmldds ele não pode ser o assassino (na vdd pode, tudo é possível) ISSO TEM QUE SER UMA ARMAÇÃO, POSTA MAAAAAIS
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Fabi Sales Postado em 24/11/2015 - 21:58:00
POSTA MAAAAIS, MULHER! ATÉ EU TÔ CURIOSA PRA SABER O QUE ACONTECEU E TÔ DOIDA PRA VER MOMENTOS HERRONI, POSTAAAAAAA <33
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Fabi Sales Postado em 18/11/2015 - 17:46:04
POSTA MAIS, POR FAVOR! <33