Fanfics Brasil - Capítulo 41 Nudez Mortal FINALIZADA

Fanfic: Nudez Mortal FINALIZADA | Tema: Herroni


Capítulo: Capítulo 41

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- De que você está falando?


- Alfonso está envolvido em um caso que estou investigando.


- Ai!... que merda! - Teve que interromper a conversa de novo para assoar o nariz. - Você não vai ter que prendê-lo por alguma coisa, vai?


- Não. - Depois, repetiu, com mais ênfase. - Não! Mas, se eu não acertar as coisas direitinho, e bem depressa, com um lindo laço de enfeite, estou fora. Ferrada. Alguém está me usando, Anahi. - Seus olhos se afiaram novamente. - Estão deixando livre um dos caminhos, e bloqueando a passagem em outros. Não sei por quê. E, se eu não descobrir bem depressa, isso vai me custar tudo o que eu tenho.


- Então você vai ter que descobrir, não é? - Anahi apertou os dedos de Maite.


Ela ia descobrir, Maite prometeu a si mesma. Já passava das dez da noite quando finalmente entrou na portaria de seu prédio. Se não queria pensar em mais nada naquele momento, não era crime algum. Acabara de engolir uma repreensão vinda do gabinete do secretário, por se desviar do comunicado oficial durante a entrevista coletiva. O apoio extra-oficial do comandante não ajudava muito a diminuir a dor da ferroada. Ao chegar em casa, foi verificar seus e-mails. Sabia que era bobagem, aquela esperança irritante de que poderia encontrar alguma mensagem de Alfonso. Não havia nenhuma. Mas o que encontrou lhe causou um calafrio na espinha. A mensagem em vídeo veio sem remetente, e tinha sido enviada de um posto público. A garotinha. Seu pai morto. O sangue. Maite reconheceu os ângulos da gravação oficial do laboratório da polícia, feita para documentar o local do assassinato e justificar a morte do criminoso. O áudio entrou. Uma reprodução da gravação que ela mesma fizera dos gritos da menina. O momento em que ela bateu na porta. O aviso, e todo o horror que se seguiu.


- Seu canalha - balbuciou. - Você não vai conseguir me atingir com isso. Não vai conseguir usar essa menina para me atingir. Mas seus dedos estavam tremendo no momento em que saiu do e-mail. E deu um pulo quando o interfone tocou. - Quem é?


- É o Hennessy, do apartamento 2-D. - O rosto pálido e honesto do seu vizinho de baixo apareceu na tela. - Desculpe, Tenente Perroni. Não sabia ao certo o que fazer. Está havendo um problema aqui embaixo, no apartamento dos Finestein.


Maite suspirou e se lembrou visualmente do casal de idosos. Calmos, amigáveis, viciados em TV.


- Qual é o problema?


- É que o Senhor Finestein está morto, tenente. Emborcou na cozinha, enquanto a mulher estava fora, jogando mah-jongg com as amigas. Achei que talvez a senhorita pudesse vir até aqui embaixo. - Claro. - Suspirou de novo. - Vou descer. Não toque em nada, Senhor Hennessy, e tente manter as pessoas afastadas. - Pela força do hábito, ligou direto para a Central, fez o rápido aviso de um caso de morte ainda não comunicado e avisou que estava indo para o local. Encontrou o apartamento calmo, com a Senhora Finestein sentada no sofá da sala de estar, com as mãos pequenas e brancas cruzadas, pousadas no colo. Seu cabelo era todo branco, também, como uma nevasca em volta de um rosto que estava começando a se enrugar, apesar dos cremes e tratamentos antienvelhecimento. A velha senhora sorriu gentilmente ao avistar Maite.


- Sinto muito por incomodar você, querida.


- Não se preocupe. A senhora está bem?


- Sim, estou bem. - Seus olhos azuis se encontraram com os de Maite. - Era a noite do nosso jogo semanal, meu com as meninas. Ao chegar em casa, encontrei-o caído sobre a mesa da cozinha. Ele andou comendo torta de ovos. Joe era louco por doces, até demais. - Ela olhou para Hennessy, que estava em pé, trocando o peso do corpo de um pé para o outro, desconfortável. - Não sabia bem o que fazer, e fui bater na porta do Senhor Hennessy.


- Fez bem. O senhor pode ficar aqui junto com ela por um minuto, por favor? - perguntou a Hennessy. A disposição dos aposentos era igual à do apartamento de Maite. Tudo estava meticulosamente arrumado, apesar da abundância de pequenos enfeites, bibelôs e lembranças. Na mesa da cozinha, junto do arranjo de flores de porcelana, Joe Finestein perdera a vida, e parte considerável da dignidade. Sua cabeça estava desmoronada, metade para dentro e metade para fora de uma tigela de torta de ovos. Maite tentou sentir-lhe a pulsação, sem encontrar nenhuma. A pele já estava bem fria. Seu palpite era de que ele já estava morto há uma hora e quinze, um pouco mais, ou um pouco menos.


- Joseph Finestein - ela recitou para o gravador, conforme as regras. - Homem, aproximadamente cento e quinze anos. Sem sinais de entrada forçada no apartamento, nem violência. Não há marcas no corpo. Maite chegou mais perto, verificou os olhos surpresos e ainda esbugalhados de Joe, e cheirou a torta. Depois de terminar as anotações preliminares, voltou para a sala, a fim de liberar Hennessy e conversar com a viúva.


Já passava de meia-noite quando conseguiu chegar na cama. A exaustão parecia estar grudada nela como uma criança chata e teimosa. Esquecer tudo era o que ela queria naquele momento, rezava por isso. Sem sonhos, ordenou ao subconsciente. Tire a noite de folga. Acabara de fechar os olhos quando o tele-link, ao lado da cama, apitou.


- Frite no inferno, quem quer que seja - murmurou, e então cuidadosamente levantou o lençol para cobrir os ombros nus e ligou o monitor.


- Tenente. - A imagem de Alfonso sorriu para ela. -Acordei você?


- Mais cinco minutos e teria me acordado. - Ela se ajeitou na cama enquanto o áudio sibilou devido à interferência espacial. - Estou vendo que você já chegou no lugar para onde ia, afinal.


- Cheguei. A viagem atrasou só um pouquinho. Pensei em ligar antes que você se deitasse.


- Por algum motivo em particular?


- Porque gosto de olhar para você. - O sorriso dele desapareceu quando observou melhor o rosto dela. - O que há de errado, Maite?


Por onde você quer que eu comece?, pensou ela, mas encolheu os ombros.


- Tive um dia puxado que acabou com um dos meus vizinhos e seu inquilino batendo as botas em cima do lanche noturno. Caiu de cara em cima de uma torta de ovos.


- Bem, há maneiras piores de morrer, imagino. - Virou a cabeça e falou com alguém perto dele. Maite viu uma mulher passar rapidamente por trás dele e sair da tela. - Acabei de dispensar minha assistente - explicou. - Queria que ficássemos a sós para perguntar se você está usando alguma coisa no corpo, por baixo desse lençol. Ela olhou para baixo e levantou uma sobrancelha, respondendo: - Parece que não. - Por que não tira o lençol?


- De jeito nenhum. Não vou satisfazer seu tesão descontrolado através de uma transmissão interespacial, Alfonso. Use a imaginação.


- Estou usando. Estou imaginando o que vou fazer para agradá-la da próxima vez em que colocar as mãos em você. Meu conselho é que descanse bastante, tenente.


- Alfonso, precisamos ter uma conversa, depois que você voltar. - Ela queria sorrir, mas não conseguiu.


- Podemos conversar, também. Sempre achei conversar com você muito estimulante, Maite. Agora veja se dorme um pouco.


- Sim, vou mesmo. A gente se vê, Alfonso.


- Pense em mim, Maite.


Ele terminou a transmissão, mas continuou sentado sozinho, olhando com o rosto franzido para o monitor apagado. Havia algo nos olhos dela, pensou. Ele já conhecia os sinais daquele olhar, e conseguia atravessar o disfarce e atingir as emoções. Aquele algo era preocupação. Girando a cadeira, olhou para a vista lá fora, um espaço gigantesco de estrelas respingadas. Maite estava longe demais para que ele pudesse fazer mais do que simplesmente matutar sobre o que poderia estar havendo com ela. E se perguntou, novamente, por que ela importava tanto para ele.


 



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Autor(a): taynaraleal

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 84



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  • maite_portilla Postado em 24/07/2017 - 16:36:32

    acabou? nao acredito:( essa foi uma as melhores historias eu ja li aqui nesse site. essa fanfic foi perfeita do inicio ao fim. amei ela e ja estou ansiosa para a sua proxima fanfic. vc é com certeza uma a melhores escritoras daqui e espero que continue escrevendo muitas historias.

  • maite_portilla Postado em 18/07/2017 - 02:31:26

    Que bom que voltou realmente. Estou amando, continua logo <3

  • maite_portilla Postado em 11/07/2017 - 16:48:20

    Opa, leitora nova aqui. Já li sua fanfic toda e pensei que tinha abandonado. Fico muito feliz que vc tenha voltado. Continua logo

    • taynaraleal Postado em 12/07/2017 - 17:11:25

      Que bom que gostou meu amor, seja bem vida, voltei para ficar agora

  • suenosurreal Postado em 27/03/2016 - 11:55:53

    Mew quero esse Alfonso pra vida, gente que homem! Maite para de graça e se assumem logo, são tão lindos juntos *-* continuaaaaa

  • mylene_herroni Postado em 17/01/2016 - 02:29:34

    continuaaa. adoro essa fic

  • mylene_herroni Postado em 05/12/2015 - 23:48:21

    Continuaaaaaaa! Eu também acredito no Poncho, Mai &#9825;

  • mylene_herroni Postado em 28/11/2015 - 01:10:55

    Aiii eu sinceramente espero que não seja o Poncho. Continuaaaaaa.

  • Postado em 26/11/2015 - 13:37:47

    O Alfonso tem que estar na estação espacial! Pmldds ele não pode ser o assassino (na vdd pode, tudo é possível) ISSO TEM QUE SER UMA ARMAÇÃO, POSTA MAAAAAIS

  • Fabi Sales Postado em 24/11/2015 - 21:58:00

    POSTA MAAAAIS, MULHER! ATÉ EU TÔ CURIOSA PRA SABER O QUE ACONTECEU E TÔ DOIDA PRA VER MOMENTOS HERRONI, POSTAAAAAAA <33

  • Fabi Sales Postado em 18/11/2015 - 17:46:04

    POSTA MAIS, POR FAVOR! <33


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