Fanfics Brasil - Capítulo 46 Nudez Mortal FINALIZADA

Fanfic: Nudez Mortal FINALIZADA | Tema: Herroni


Capítulo: Capítulo 46

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Mais tarde, com as luzes ainda baixas, ele a observou. Ela dormia com o rosto para baixo, esparramada e mole de cansaço. Para agradar a si mesmo, deslizou a mão de leve pelas costas dela abaixo, sobre a pele lisa, os ossos finos e a musculatura delgada. Ela não se moveu. Experimentalmente, deixou os dedos passarem pelos cabelos dela, como se estivesse penteando-os. Eram grossos como pêlo de marta, com tons de conhaque forte e ouro velho, e com um corte lamentável. Sentiu vontade de sorrir enquanto traçava os dedos sobre os lábios dela. Cheios, firmes e impetuosamente reativos. Embora estivesse surpreso por ter sido capaz de levá-la ainda mais além do que ela experimentara antes, ele estava impressionado pelo conhecimento que tinha, inesperadamente, se apossado dele. Quanto mais longe, ele se perguntou, eles conseguiriam ir? Sabia apenas que tinha se despedaçado quando acreditou que ela o julgara culpado. O sentimento de traição e desilusão foi imenso, enfraquecedor, algo que ele não sentia há tantos anos, que já perdera a conta. Ela o trouxera de volta a um ponto de vulnerabilidade do qual ele já escapara. Ela tinha o poder de magoá-lo. Eles conseguiam magoar um ao outro. Aquilo era algo a ser analisado com muito cuidado.


Naquele momento, porém, a questão mais premente era quem estava querendo atingir a ambos. E por quê. Ele ainda estava tentando decifrar o problema quando tomou-lhe a mão, juntou os próprios dedos com os dela e se deixou escorregar para o mundo dos sonhos, ao seu lado.


Ele já tinha ido embora, quando ela acordou. Era melhor assim. As manhãs traziam uma espécie de intimidade casual que a deixava nervosa. Ela já estava mais envolvida com ele do que jamais estivera com alguém. Aquela química que havia entre eles tinha o potencial, ela sabia, de reverberar pelo resto de sua vida. Maite tomou uma chuveirada rápida, enfiou-se em um robe e foi até a cozinha. Lá estava Alfonso, de calças e com a camisa ainda desabotoada, analisando o jornal da manhã pelo monitor. Parecia perfeitamente à vontade, ela notou com uma fisgada de satisfação e horror.


- O que está fazendo?


- Hein? - Ele olhou para cima e esticou o braço para trás para abrir o AutoChef. - Preparando café para você.


- Preparando café para mim?


- Ouvi você se movimentando pelo apartamento. - Pegou as xícaras e as levou até o lugar em que ela estava, ainda encostada no portal. - Você não faz isso com muita frequência.


- Eu me movimentar pelo apartamento?


- Não. - Ele riu e tocou os lábios dela com os dele. - Sorrir para mim. Simplesmente sorrir para mim.


Então ela estava sorrindo? Nem havia notado.


- Achei que você já tinha ido embora. - Dando a volta na pequena mesa, olhou para o monitor. Cotações da Bolsa, naturalmente. - Você deve ter se levantado cedo.


- Tinha umas ligações a fazer. - Ele a observou, apreciando o jeito com que passava os dedos pelos cabelos úmidos. Um tique nervoso que ele tinha certeza de que ela mesma desconhecia. Pegou o tele-link portátil que colocara sobre a mesa e o colocou de volta no bolso. - Era uma conferência que estava marcada com o grupo da Estação Espacial para hoje, às cinco da manhã, pelo nosso horário.


- Ah... - Ela provou o líquido, perguntando-se como conseguira viver sem o sabor do café de verdade logo pela manhã. - Sei como essas reuniões eram importantes para você. Sinto muito.


- Conseguimos bater o martelo na maior parte dos detalhes. Posso resolver o resto


por aqui mesmo.


- Você não vai voltar para lá?


- Não.


Maite se virou para o AutoChef, e dedilhou o teclado, vendo que o seu cardápio estava muito limitado.


- A maioria das coisas está acabando. Quer uma rosca, ou algo assim?


- Maite. - Alfonso pousou a xícara de café e colocou as mãos sobre os ombros dela. - Por que não quer que eu saiba que você ficou feliz por eu não precisar mais viajar hoje?


- Bem, o seu álibi está de pé. Não é da minha conta se você... - Ela parou de falar quando ele a virou para encará-lo. Ele estava com ar zangado. Ela podia ver em seus olhos e se preparou para a briga que vinha. O que ela não esperava era o beijo, o modo com que a sua boca se fechou com firmeza sobre a dela, o jeito com que seu coração começou a bater mais devagar, sonhando dentro do peito dela. Então, deixou que ele a segurasse, deixou que sua cabeça se aninhasse na curva de seu ombro e disse: - Não sei como lidar com isso, Alfonso - murmurou. - Não tenho precedentes nessa área. Preciso de regras. Regras sólidas.


- Eu não sou um dos casos que você precisa resolver.


- Não sei o que você é. Só sei que tudo isso está indo rápido demais. Não deveria nem ter começado. Eu não deveria ter permitido que isso começasse.


- Por quê? - Ele a afastou um pouco para que pudesse analisar o seu rosto.


- É complicado. Tenho que me vestir. Tenho que ir para o trabalho.


- Ofereça-me ao menos uma dica, alguma coisa. - Seus dedos apertaram com mais força os ombros dela. - Não sei o que você é, também.


- Sou uma policial - ela soltou. - É isso o que eu sou. Tenho trinta anos e só consegui me sentir chegada a duas pessoas, durante toda a minha vida. E mesmo com elas, é mais fácil de me segurar.


- Segurar o quê?


- Deixar que se tornem muito importantes. Quando algo se torna importante demais, pode moer você, até não sobrar nada. Eu já me senti assim. Não quero me sentir da mesma forma novamente.


- Quem machucou você?


- Não sei. - Mas sabia. Ela sabia. - Não me lembro e não quero me lembrar. Fui uma vítima; quando você passa por isso, tem que fazer tudo o que for necessário para que não aconteça de novo. Isso era tudo o que eu era antes de entrar para a Academia de Polícia. Uma vítima, sempre com outras pessoas apertando os botões, tomando as decisões, me atirando de um lado para o outro.


- E é isso que você acha que eu estou fazendo?


- É isso que está acontecendo.


Havia perguntas a serem feitas. Perguntas, ele podia ver no rosto dela, que iam ter que esperar. Talvez fosse a hora de assumir um risco. Enfiou a mão no bolso e pegou o que carregava lá dentro. Desconcertada, Maite olhou para baixo, para o simples botão cinza que estava na palma da mão dele.


- Isso é do meu paletó.


- É. Pertence a um paletó que não fica muito bem em você. Você precisa de cores mais fortes. Encontrei-o em minha limusine. Estou querendo lhe devolver há algum tempo.


- Oh... - Mas, quando ela esticou a mão, ele fechou os dedos em volta do botão.


- Uma pequena mentira. - Com ar divertido, riu para si mesmo. - Na verdade, não tive a mínima intenção de devolvê-lo para você.


- Você tem alguma tara por botões, Alfonso?


- Ando carregando isto comigo de um lado para o outro, como um garotinho carrega um cacho do cabelo da namorada. Os olhos dela voltaram a se encontrar com os dele, e algo muito doce circulou por dentro dela. Ainda mais doce porque ela notou que ele tinha ficado sem graça. - Isso é esquisito - disse ela. - Também acho. - Mas guardou o botão de novo no bolso. - E sabe mais o que eu acho, Eve? - Não faço idéia. - Acho que estou apaixonado por você. Ela sentiu a cor sumir completamente do seu rosto, e sentiu os músculos ficarem moles, ao mesmo tempo que o coração subiu como um míssil para bater na garganta. - Isso é... - Sei, é difícil encontrar a palavra certa, não é? - Ele passou as mãos pelas costas dela de cima a baixo, e depois para cima de novo, mas não a puxou para mais perto. - Estive pensando muito a respeito disso, e eu mesmo não consegui encontrar a palavra exata. Mas devo agora voltar ao que queria provar.


- E você quer provar alguma coisa? - Ela umedeceu os lábios. - Quero provar um ponto muito interessante e importante. Estou, ponto por ponto, tanto em suas mãos quanto você está nas minhas. Estou igualmente desconfortável, embora talvez não tão resistente à idéia, por me encontrar nessa posição. Não vou deixar você ir embora até conseguir descobrir o que fazer a respeito disso.


- Isso... ahn... complica as coisas.


- Tremendamente - ele concordou.


- Alfonso, nós nem ao menos conhecemos um ao outro. Fora do quarto.


- Conhecemos, sim. Somos duas almas perdidas. Nós dois voltamos as costas para algo e nos transformamos em outra coisa. Não é de admirar que o destino tenha decidido fechar o círculo do que até então havia sido, para nós, um caminho reto. Temos que decidir agora até que ponto queremos continuar acompanhando a curva.


- Tenho que me concentrar nessa investigação. Isso tem que ser a minha prioridade.


- Eu compreendo. Mas você também tem direito a uma vida pessoal.


- A minha vida pessoal, esta parte dela, nasceu a partir da investigação. E o assassino a está transformando em algo ainda mais pessoal. Plantar aquela arma para que as suspeitas caíssem diretamente sobre você foi uma resposta direta ao nosso envolvimento. Ele está focado em mim.


- O que quer dizer? - A mão de Alfonso desdobrou a lapela do robe dela. Regras, ela lembrou a si mesma. Havia regras. E ela estava a ponto de quebrá-las.


- Vou lhe contar tudo o que puder, enquanto me visto. - Maite entrou no quarto, com o gato se enroscando em suas pernas e andando na sua frente. - Você se lembra daquela noite em que você estava aqui quando eu cheguei em casa? O pacote que encontrou no chão?


- Sim, aquilo a deixou preocupada.


- Olhe, tenho até um agente por ser boa atriz. - Com uma espécie de sorriso, despiu o robe. - Sou quem melhor disfarça as emoções, a melhor cara de pôquer em toda a polícia.


- Ganhei meu primeiro milhão no jogo.


- Sério? - Enfiou uma suéter por cima da cabeça, tentando se lembrar de não mudar de assunto. - O pacote era uma gravação do assassinato de Lola Starr. Ele também já tinha me trazido um disco com a morte de Sharon DeBlass.


- Ele esteve dentro do seu apartamento. - Uma flecha gelada o atravessou. Ela estava ocupada, pois acabara de descobrir que não tinha nenhuma roupa de baixo limpa, e não notou o tom gelado de sua voz.


- Pode ser que tenha entrado, pode ser que não. Não houve sinais de arrombamento. Pode ter enfiado por baixo da porta. Foi o que fez da primeira vez. O disco de Georgie, esse ele enviou pelo correio. Tínhamos colocado o prédio sob vigilância. - Resignada, colocou as calças sobre a pele, sem nada por baixo. - Ou ele sabia ou sentiu que estávamos à espera. Mas fez questão que eu recebesse os discos, todos os três. Já sabia que eu era a responsável pelas investigações, quase que antes de mim mesma. Ela saiu catando duas meias, teve sorte, e achou um par cujas cores eram as mesmas. - Ele ligou para mim e transmitiu o vídeo da cena do assassinato de Georgie Castle poucos minutos depois de ter acabado com ela. - Sentou-se na beira da cama e colocou as meias. - Plantou uma arma e se certificou de que ela podia ser rastreada. Para atingir você. Sem contar como seria inconveniente uma acusação de assassinato e o que ela faria à sua vida, Alfonso; se eu não tivesse o apoio do comandante nisso, já estaria fora do caso, e fora do Departamento, em um piscar de olhos. Ele sabe de tudo o que se passa na Central de Polícia. Sabe de tudo o que acontece na minha vida.


- Felizmente, ele não sabia que eu não estava nem mesmo no planeta.


- Isso foi um refresco para nós dois. - Ela localizou as botas, e as calçou.


- Só que isso não vai fazê-lo parar. - Levantando-se, pegou o coldre. - Ele ainda vai tentar me pegar, e fazer isso através de você é a melhor aposta dele. Alfonso a observou enquanto verificava o laser em um gesto automático, antes de prendê-lo, e perguntou:


- Por que você?


- Ele não tem uma opinião muito elevada a respeito das mulheres. Eu diria que o está incomodando demais o fato de ser uma mulher que está à frente das investigações. Isso diminui o status dele. - Encolhendo os ombros, passou os dedos pelos cabelos, para ajeitá-los. - Pelo menos, esta é a opinião da psiquiatra. Pensativamente, ela arrancou o gato que estava começando a subir pela sua perna e o atirou na cama, onde ele se virou de costas para ela e começou a se lamber.


- E é também a opinião da psiquiatra que ele possa tentar eliminar você através de algum modo mais direto?


- Não combina com o padrão.  



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Autor(a): taynaraleal

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 84



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  • maite_portilla Postado em 24/07/2017 - 16:36:32

    acabou? nao acredito:( essa foi uma as melhores historias eu ja li aqui nesse site. essa fanfic foi perfeita do inicio ao fim. amei ela e ja estou ansiosa para a sua proxima fanfic. vc é com certeza uma a melhores escritoras daqui e espero que continue escrevendo muitas historias.

  • maite_portilla Postado em 18/07/2017 - 02:31:26

    Que bom que voltou realmente. Estou amando, continua logo <3

  • maite_portilla Postado em 11/07/2017 - 16:48:20

    Opa, leitora nova aqui. Já li sua fanfic toda e pensei que tinha abandonado. Fico muito feliz que vc tenha voltado. Continua logo

    • taynaraleal Postado em 12/07/2017 - 17:11:25

      Que bom que gostou meu amor, seja bem vida, voltei para ficar agora

  • suenosurreal Postado em 27/03/2016 - 11:55:53

    Mew quero esse Alfonso pra vida, gente que homem! Maite para de graça e se assumem logo, são tão lindos juntos *-* continuaaaaa

  • mylene_herroni Postado em 17/01/2016 - 02:29:34

    continuaaa. adoro essa fic

  • mylene_herroni Postado em 05/12/2015 - 23:48:21

    Continuaaaaaaa! Eu também acredito no Poncho, Mai &#9825;

  • mylene_herroni Postado em 28/11/2015 - 01:10:55

    Aiii eu sinceramente espero que não seja o Poncho. Continuaaaaaa.

  • Postado em 26/11/2015 - 13:37:47

    O Alfonso tem que estar na estação espacial! Pmldds ele não pode ser o assassino (na vdd pode, tudo é possível) ISSO TEM QUE SER UMA ARMAÇÃO, POSTA MAAAAAIS

  • Fabi Sales Postado em 24/11/2015 - 21:58:00

    POSTA MAAAAIS, MULHER! ATÉ EU TÔ CURIOSA PRA SABER O QUE ACONTECEU E TÔ DOIDA PRA VER MOMENTOS HERRONI, POSTAAAAAAA <33

  • Fabi Sales Postado em 18/11/2015 - 17:46:04

    POSTA MAIS, POR FAVOR! <33


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