Fanfic: Nudez Mortal FINALIZADA | Tema: Herroni
- E se ele quebrar o padrão? - Alfonso enfiou as mãos nos bolsos para tentar evitar a ponta de medo que sentia.
- Eu consigo me defender sozinha.
- E vale a pena arriscar a sua vida por causa de três mulheres que já estão mortas?
- Sim. - Ela percebeu a fúria que pulsava na voz dele e a enfrentou. - Vale a pena arriscar a minha vida para obter justiça para três mulheres que já estão mortas, e para tentar evitar que as outras três sejam assassinadas. Ele está só na metade do caminho. Deixou uma nota junto de cada um dos corpos. Queria que soubéssemos, desde o início, que ele tinha um plano. E está nos desafiando a impedi-lo. Uma de seis, duas de seis, três de seis. Vou fazer tudo o que puder para evitar que ele cometa o quarto assassinato.
- Coragem com força total. Foi essa a primeira coisa que admirei em você. Agora é o que me aterroriza.
Pela primeira vez ela foi até ele e colocou a mão em seu rosto. Quase no mesmo instante, deixou cair a mão e recuou, sem graça.
- Já fui policial por dez anos, Alfonso, e jamais consegui mais do que algumas escoriações e marcas roxas. Não se preocupe com isso.
- Acho que você vai ter que começar a se acostumar a ter alguém se preocupando com você, Maite. Não foi isso que ela planejara. Saiu do quarto para apanhar o casaco e a bolsa.
- Só estou lhe contando tudo isso, Alfonso, para que você entenda contra o que eu estou lutando. O porquê de não poder dividir as minhas energias para começar a analisar o que está acontecendo entre nós.
- Sempre vão aparecer outros casos.
- Só peço a Deus que não sejam sempre casos como este. Não se trata de assassinato por dinheiro, ou algo passional. Não é nada desesperado nem um ato frenético. É frio e calculado. É...
- Diabólico?
- Sim. - Ela ficou aliviada por ele ter dito a palavra antes dela. Não ficou parecendo tão tolo. - Por mais que tenhamos avançado na área de Engenharia Genética, tecnologia in vitro e programas sociais, ainda não conseguimos controlar as falhas básicas do ser humano: violência, luxúria, inveja. - Os sete pecados capitais.
- É verdade. - Ela se lembrou da velha senhora e sua torta envenenada.
- Agora, tenho que ir.
- Você vai me procurar quando sair do trabalho, logo mais?
- Não sei a hora em que vou poder sair da Central. Seria... - Mas você vem?
- Sim.
Então Alfonso sorriu, e Maite sabia que ele estava esperando que ela tomasse a iniciativa. Tinha certeza de que ele sabia o quanto era difícil para ela ir até onde ele estava, colocar os lábios para cima, e apertá-los de encontro aos dele, ainda que de forma casual.
- A gente se vê.
- Maite. Você devia usar luvas.
- Eu sei. - Ela digitou o código para abrir a porta, e lançou um sorriso rápido para ele, por cima dos ombros. - Só que eu vivo perdendo as luvas.
Seu bom humor durou até ela entrar em sua sala e encontrar DeBlass e seu assessor à espera dela. Deliberadamente, DeBlass olhou para seu relógio de ouro.
- Seu horário de entrada no serviço mais parece o de um banqueiro do que o de uma policial, Tenente Perroni.
Ela sabia muito bem que passavam poucos minutos das oito, mas arrancou fora o casaco, respondendo:
- É verdade. É que por aqui nós levamos uma vida muito despreocupada e exuberante. Há algo que eu possa fazer pelo senhor, senador?
- Soube que aconteceu mais um assassinato. Estou obviamente insatisfeito com os seus progressos. Entretanto, vim aqui para amenizar os danos. Não quero o nome de minha neta ligado ao das duas outras vítimas.
- Então deve procurar pelo Secretário Simpson, ou pela sua assessora de imprensa.
- Não me lance esse sorrisinho debochado, minha jovem. DeBlass se inclinou para a frente. - Minha neta está morta. Nada pode mudar isso. Mas não vou aturar ver o nome DeBlass sujo e enlameado pela morte de duas prostitutas comuns.
- O senhor me parece ter uma opinião muito baixa sobre as mulheres, senador. - Teve o cuidado de não sorrir desta vez, e ficou observando-o, pensativa.
- Muito pelo contrário; eu as reverencio. E é exatamente por isso que aquelas que se vendem, aquelas que desrespeitam a moralidade e a decência comum me causam revolta.
- O senhor inclui a sua neta?
Ele quase caiu da cadeira, com o rosto vermelho e os olhos saltando. Maite tinha quase certeza de que ele a teria agredido se Rockman não tivesse se colocado entre eles.
- Senador, a tenente está apenas provocando o senhor. Não lhe dê esta satisfação.
- Não admito que você emporcalhe o nome da minha família. - DeBlass estava respirando muito rápido, e Maite ficou se perguntando se ele tinha algum antecedente de problemas cardíacos. Minha neta pagou muito caro pelos seus erros, e não vou ver as outras pessoas que eu amo arrastadas e expostas ao ridículo publicamente. E não vou tolerar as suas insinuações desprezíveis.
- Estou apenas tentando colocar as coisas no devido lugar. Era fascinante assistir à sua batalha interna para se recompor. E estava sendo muito difícil conseguir, ela notou, pois as mãos dele tremiam e o peito arfava. - Estou tentando encontrar o homem que matou Sharon, senador. Suponho que isso também seja prioritário em sua agenda.
- Encontrá-lo não vai trazer de volta a minha neta. - Ele se sentou novamente, obviamente exausto pela explosão. - O que me importa agora é proteger o que restou. Para conseguir isso, o caso de Sharon deve ser desvinculado das outras mulheres.
Maite não gostava da opinião dele, mas também não se importava com a coloração vermelha do seu rosto.
- Quer que eu lhe sirva um pouco de água, Senador DeBlass?
Ele concordou com a cabeça e acenou para ela. Maite saiu para o corredor e pegou um copo de água mineral. Ao voltar, a respiração dele já estava mais regular, e suas mãos estavam mais firmes.
- O senador anda exigindo demais de si mesmo - comentou Rockman. - O seu projeto de lei para regulamentação de questões morais vai ser apresentado ao Senado amanhã. A pressão dessa tragédia familiar representa um peso enorme.
- Compreendo isso. Estou fazendo tudo o que posso para resolver o caso. - Maite virou um pouco a cabeça para o lado. Pressão política também é um peso muito grande sobre uma investigação. Não me agrada ser monitorada em meu tempo livre.
- Como disse? - Rockman sorriu com suavidade. - Poderia explicar melhor?
- Eu fui seguida, e o meu relacionamento pessoal com um civil foi relatado ao Secretário Simpson. Não é segredo algum que Simpson e o senador são muito ligados.
- O senador e o Secretário Simpson dividem uma aliança pessoal e política - confirmou Rockman. - Entretanto, não seria ético, e muito menos serviria aos interesses do senador, monitorar um membro da força policial. Eu lhe asseguro, tenente, que o Senador DeBlass está envolvido demais com sua própria dor e as responsabilidades que tem diante da nação para se preocupar com as suas... relações pessoais. Chegou ao nosso conhecimento, porém, através do Secretário Simpson, que a senhorita teve vários contatos com Alfonso.
- Um oportunista amoral. - O senador colocou o copo de lado com um empurrão. - Um homem que não se deteria diante de nada a fim de aumentar o próprio poder.
- Um homem - acrescentou Maite - que foi investigado e se comprovou isento de qualquer conexão com esta investigação.
- O dinheiro compra a imunidade - disse DeBlass, com cara de nojo.
- Não nesta sala. Estou certa de que o senhor vai solicitar o relatório do caso ao comandante. Nesse meio tempo, quer isso suavize ou não o seu pesar, pretendo achar o homem que matou sua neta.
- Imagino que eu deva fazer elogios à sua dedicação. DeBlass se levantou. - Tenha cuidado apenas para que a sua dedicação não prejudique a reputação da minha família.
- O que o fez mudar de idéia, senador? - quis saber Maite, intrigada. - Na primeira vez em que conversamos, o senhor me ameaçou de perder o emprego, caso eu não levasse o assassino de Sharon às barras da Justiça, e depressa.
- Ela está enterrada - foi tudo o que ele disse, e saiu.
- Tenente - Rockman mantinha a voz baixa -, quero repetir que a pressão sobre o Senador DeBlass é enorme, capaz de esmagar um homem menos forte. - Ele soltou o ar lentamente. - A verdade é que tudo isso arrasou com a esposa dele. Ela teve um colapso.
- Sinto muito.
- Os médicos não sabem se ela vai conseguir se recuperar. Essa tragédia adicional fez o filho deles enlouquecer de dor; a sua filha já se isolara do resto da família e vivia afastada. Para o Senador, a única esperança de restaurar a sua família é deixar a morte de Sharon, e o horror de tudo isso, passar. - Então seria uma atitude mais sábia, para o senador, recuar e deixar os procedimentos devidos com o Departamento de Polícia.
- Tenente... Maite - disse ele, com um raro e rápido lampejo de charme. - Gostaria de poder convencê-lo disso. Mas acredito que isso seria tão infrutífero quanto tentar
convencê-la a deixar Sharon descansar em paz.
- Pode ter certeza disso.
- Bem, então - ele colocou a mão sobre o braço dela, por um breve instante -, temos que fazer tudo o que pudermos para acertar as coisas. Foi bom revê-la.
Maite fechou a porta atrás de si e ficou considerando o caso. DeBlass certamente tinha o tipo de temperamento estourado que podia levar à violência. Quase sentiu pena por saber que ele não tinha também o controle e o cálculo para ter planejado meticulosamente três assassinatos. De qualquer modo, ela teria que passar por um mau pedaço se conectasse um radical senador linha dura de direita com duas prostitutas de Nova York. Talvez ele estivesse protegendo a sua família, ela avaliou. Ou talvez estivesse protegendo Simpson, um aliado político. Isso era podridão demais, decidiu Maite. Ele até poderia trabalhar em favor de Simpson, se o secretário estivesse envolvido com os homicídios de Lola Starr e Georgie Castle. Mas um homem jamais protegeria o assassino da própria neta. Era uma pena que ela não estivesse procurando por dois homens diferentes, Maite meditou. Mesmo assim, ela ia dar algumas beliscadas, pesquisando as bases de Simpson. De modo objetivo, avisou a si mesma. Não podia se esquecer de que havia uma forte possibilidade de que DeBlass não soubesse que um dos seus amigos políticos favoritos estivesse sendo chantageado por sua única neta. Tinha que descobrir isso. Por ora, no entanto, tinha outro pressentimento para seguir. Localizou o número de Charles Monroe e ligou para ele. Sua voz estava pastosa de sono, e seus olhos pareciam pesados.
- Você passa o tempo todo na cama, Charles?
- O máximo que posso, Tenente Docinho. - Ele passou a mão sobre o rosto e sorriu para ela. - É assim que eu penso em você.
- Bem, pois não pense. Tenho algumas perguntas.
- Ora, você não pode vir até-aqui para fazê-las pessoalmente? Estou quentinho, nu e muito só.
- Cara, não sabe que existe uma lei que proíbe o assédio sexual a uma policial?
- Estou falando de um trabalho avulso, autônomo. Já lhe disse que podemos manter as coisas em nível estritamente pessoal.
- Não, vamos mantê-las no nível estritamente impessoal. Você tinha uma colega de profissão chamada Georgie Castle. Por acaso a conhecia?
- Bem, na verdade, conhecia. - O sorriso sedutor sumiu de seu rosto. - Não muito bem, mas eu a conheci em uma festa, há cerca de um ano. Era nova no ramo. Divertida, atraente. Legal, você sabe. A gente emplacou.
- Emplacou, de que modo?
- De um modo amigável. Tomávamos um drinque de vez em quando. Uma vez, Sharon estava sem hora para atender alguns clientes, e eu arranjei para que ela os enviasse para a Georgie.
- Então elas se conheciam. - Maite deu um pulo. - Sharon e Georgie?
- Não, não acredito. Pelo que me lembro, Sharon entrou em contato com Georgie, perguntou se ela estava interessada em alguns clientes novos. Georgie deu o sinal verde, e isso foi tudo. Ah, sim, Sharon comentou alguma coisa a respeito de Georgie ter lhe enviado uma dúzia de rosas. Rosas de verdade, como presente de agradecimento. Sharon adorava essas regras de etiqueta à moda antiga.
- É que ela era apenas uma garota à moda antiga - comentou Maite, entre dentes.
- Quando eu soube que Georgie estava morta, aquilo doeu muito, pode acreditar. Com Sharon foi um susto, mas não se pode dizer que tenha sido uma grande surpresa. Ela vivia na beira do abismo. Mas Georgie era totalmente centrada, entende?
- Pode ser que eu precise de mais alguma coisa, Charles. Fique pela área.
- Se for para você...
- Ai, cai fora - ordenou ela, antes que ele pudesse se meter a engraçadinho. - O que sabe a respeito dos diários de Sharon?
- Ela nunca deixou que eu lesse nem um deles, sequer - disse, descontraído. - Costumava brincar com ela a respeito daquilo. Acho que uma vez ela me contou que fazia diários desde criança. Você conseguiu algum? Ei, eu apareço em alguma história?
- Onde é que ela os guardava?
- Dentro do apartamento, eu acho. Onde mais?
Essa era a questão, Maite meditou.
- Se você se lembrar de mais alguma coisa a respeito de Georgie ou sobre os diários, entre em contato comigo.
- De dia ou de noite, Tenente Docinho. Pode contar comigo.
- Certo. - Ela ficou rindo depois que cortou a ligação.
Autor(a): taynaraleal
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 84
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maite_portilla Postado em 24/07/2017 - 16:36:32
acabou? nao acredito:( essa foi uma as melhores historias eu ja li aqui nesse site. essa fanfic foi perfeita do inicio ao fim. amei ela e ja estou ansiosa para a sua proxima fanfic. vc é com certeza uma a melhores escritoras daqui e espero que continue escrevendo muitas historias.
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maite_portilla Postado em 18/07/2017 - 02:31:26
Que bom que voltou realmente. Estou amando, continua logo <3
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maite_portilla Postado em 11/07/2017 - 16:48:20
Opa, leitora nova aqui. Já li sua fanfic toda e pensei que tinha abandonado. Fico muito feliz que vc tenha voltado. Continua logo
taynaraleal Postado em 12/07/2017 - 17:11:25
Que bom que gostou meu amor, seja bem vida, voltei para ficar agora
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suenosurreal Postado em 27/03/2016 - 11:55:53
Mew quero esse Alfonso pra vida, gente que homem! Maite para de graça e se assumem logo, são tão lindos juntos *-* continuaaaaa
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mylene_herroni Postado em 17/01/2016 - 02:29:34
continuaaa. adoro essa fic
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mylene_herroni Postado em 05/12/2015 - 23:48:21
Continuaaaaaaa! Eu também acredito no Poncho, Mai ♡
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mylene_herroni Postado em 28/11/2015 - 01:10:55
Aiii eu sinceramente espero que não seja o Poncho. Continuaaaaaa.
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Postado em 26/11/2015 - 13:37:47
O Alfonso tem que estar na estação espacial! Pmldds ele não pode ser o assassino (na vdd pode, tudo é possível) ISSO TEM QUE SER UMA ARMAÇÃO, POSTA MAAAAAIS
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Fabi Sales Postado em 24/11/2015 - 21:58:00
POSTA MAAAAIS, MULHER! ATÉ EU TÔ CURIOSA PRA SABER O QUE ACONTECEU E TÔ DOIDA PRA VER MOMENTOS HERRONI, POSTAAAAAAA <33
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Fabi Sales Postado em 18/11/2015 - 17:46:04
POSTA MAIS, POR FAVOR! <33