Fanfic: Nudez Mortal FINALIZADA | Tema: Herroni
Não sabia até que ponto poderia levar a sério o fato de ele ter dito que estava apaixonado por ela. O amor significava coisas diferentes para pessoas diferentes. Jamais fizera parte da sua vida.
Serviu-se de meio cálice de vinho e ficou matutando naquilo. Sentia algo por ele, certamente. Algo novo, e desconfortavelmente forte. Mesmo assim, achava melhor deixar as coisas ficarem do jeito que estavam. Decisões tomadas de modo apressado levavam quase sempre a arrependimentos rápidos. Por que diabos ele não voltara para casa? Colocando de lado o vinho que não tinha sido tocado, passou a mão pelos cabelos. Aquele era o maior problema em ficar-se acostumando com alguém, pensou. A pessoa acabava se sentindo sozinha quando esse alguém não estava perto. Ela tinha trabalho a fazer, lembrou a si mesma. Um caso para encerrar, uma pequena roleta-russa com seus cartões de crédito. Talvez se presenteasse com um banho quente e demorado, para deixar um pouco do estresse se dissolver, antes de se preparar para a reunião com o promotor na manhã seguinte. Deixou o gato engolindo a gororoba agridoce e foi para o quarto.
Os instintos, letárgicos depois do dia longo e das questões pessoais, ficaram em alerta um segundo depois do que deveriam. Sua mão já estava na arma quando ela percebeu o movimento por inteiro.
Mas deixou o braço pender lentamente enquanto olhava para o cano comprido do revólver. Era um Gol t, ela pensou. Colt 45. Aquele modelo que domou o Velho Oeste americano com seis balas de cada vez, no tambor.
- Isso não vai ajudar a livrar o seu patrão, Rockman.
- Não concordo. - Ele saiu detrás da porta e manteve o revólver apontado para o coração dela. - Pegue sua arma devagar, tenente, e atire-a no chão. Ela mantinha os olhos grudados nos dele. O laser era rápido, mas não ia ser mais rápido do que um 45 engatilhado. E, daquela distância, o buraco em seu peito ia deixar uma impressão muito desagradável. Jogou a arma no chão. - Chegue mais para perto de mim. Não, não! - Ele sorriu de modo agradável quando a viu colocar a mão no bolso. - Jogue o comunicador também. Prefiro que isso fique apenas entre nós dois. Ótimo - disse ele quando o aparelho também caiu no chão.
- Há pessoas que poderiam achar admirável a sua lealdade ao senador, Rockman. Eu acho burrice. Mentir para fornecer um álibi a ele é uma coisa. Ameaçar uma policial é outra.
- Você é uma mulher admiravelmente brilhante, tenente. Mesmo assim, comete erros admiravelmente tolos. Isto aqui não tem nada a ver com lealdade. Gostaria que tirasse o casaco.
Ela manteve os movimentos lentos e os olhos grudados nele. Quando já havia despido um dos lados, ligou o gravador que estava no bolso.
- Se apontar uma arma para mim não tem nada a ver com lealdade ao Senador DeBlass, Rockman, do que se trata, então?
- É uma questão de autopreservação, e um grande prazer. Eu já esperava há muito tempo pela oportunidade de matá-la, tenente, mas não sabia bem ao certo como encaixar isso no plano.
- E que plano é esse?
- Por que não se senta? Na beirada da cama. Tire os sapatos e podemos conversar.
- Meus sapatos?
- Sim, por favor. Isto vai me dar a primeira e, tenho certeza, a única oportunidade de discutir a respeito das coisas que consegui realizar. Seus sapatos, por favor! Ela se sentou, escolhendo o lado da cama que ficava mais perto do seu tele-link.
- Você vem trabalhando nisso junto com DeBlass o tempo todo, não vem?
- Você quer arruiná-lo. Ele poderia ter sido presidente e, eventualmente, o Chefe da Federação Mundial das Nações. A maré está subindo, e ele poderia ter acompanhado essa subida para se sentar no Salão Oval. Até mais do que isso.
- Com você ao lado dele.
- É claro. E comigo ao lado, poderíamos ter levado o país, e depois o mundo, a tomar uma nova direção. A direção certa. Uma posição onde a moral seria mais forte, e a defesa também. Ela levou algum tempo, deixando um dos sapatos cair antes de desfazer o laço do outro.
- Defesa... como os seus velhos amigos daquele grupo, a Rede de Segurança?
O sorriso dele era duro, e seus olhos brilhavam.
- Este país foi governado por diplomatas durante muito tempo, tempo demais. Nossos generais discutem e negociam, em vez de comandar. Com a minha ajuda, DeBlass teria mudado tudo isso. Mas você estava determinada a derrubá-lo, e a mim junto. Não há chance de ele chegar à Presidência, agora.
- Ele é um assassino, um molestador sexual de crianças...
- Um estadista - Rockman interrompeu. - E você jamais vai conseguir levá-lo ao tribunal.
- Ele vai ser levado ao tribunal e vai ser condenado, e me matar não vai impedir isso.
- Não, mas vai destruir o seu caso contra ele, de modo póstumo, de ambas as partes. Veja só, quando eu o deixei, há menos de duas horas, o Senador DeBlass estava em seu gabinete em Washington. Fiquei ao lado dele enquanto ele escolhia uma Magnum 457, uma arma muito poderosa. E testemunhei o momento em que ele colocou o cano na boca e morreu como um patriota.
- Cristo! - A imagem lhe deu um sobressalto. - Suicídio.
- O guerreiro abatido pela própria espada. - A admiração brilhava na voz de Rockman. - Eu lhe disse que esta era a única saída, e ele concordou. Jamais seria capaz de tolerar a humilhação. Quando o corpo dele for encontrado, e quando o seu for encontrado também, a reputação do senador estará novamente intacta. Será provado que ele já estava morto há horas antes de você. Assim, ele não poderia tê-la matado, e o método será exatamente o dos outros assassinatos, e depois haverá mais dois, conforme prometido, e as provas contra ele vão deixar de ter importância. Ele será pranteado. Eu mesmo vou liderar a carga de fúria e indignação, e vou seguir seus passos ensangüentados.
- Não se trata de política, droga. - Ela se levantou e se preparou para levar o tiro.
Ficou grata por ele não ter usado a arma, e sim as costas da mão para bater em seu rosto. Ela se desequilibrou com o golpe e caiu pesadamente sobre a mesinha-de cabeceira. O copo que tinha colocado ali se espatifou no chão.
- Levante-se!
Ela gemeu um pouco. Na verdade, a fisgada da dor deixou-lhe o rosto latejando e a visão embaçada. Fez força para se levantar e se virou, com todo o cuidado para manter o corpo na frente do telelink que acabara de ligar manualmente.
- E que bem vai lhe trazer me matar, Rockman?
- Vai me fazer um bem imenso. Você era a ponta-de-lança da investigação. Está sexualmente envolvida com um dos primeiros suspeitos. Sua reputação e os seus motivos vão ser minuciosamente analisados, após a sua morte. Sempre é um erro dar autoridade a uma mulher.
- Você não gosta de mulheres, Rockman? - Maite limpou o sangue da boca.
- Elas têm suas utilidades, mas por baixo de tudo são prostitutas. Talvez você não tenha vendido o seu corpo a Alfonso, mas ele a comprou. A sua morte, na verdade, não vai quebrar o padrão que eu estabeleci.
- Você estabeleceu? - Você achou realmente que DeBlass fosse capaz de planejar tudo e executar uma série tão meticulosa de assassinatos? - Esperou até que viu que ela o compreendeu. -
Sim, ele matou Sharon. Foi um impulso. Eu nem mesmo sabia que ele estava considerando essa possibilidade. Depois do ato, ele entrou em pânico.
- Você estava lá. Estava com DeBlass na noite em que ele matou Sharon.
- Estava esperando por ele no carro. Sempre o acompanhava nos encontros dele com ela. Era eu que dirigia, de forma que apenas eu, em quem ele confiava, estava envolvido.
- A própria neta. - Maite não tinha coragem de se virar para ter certeza de que o telelink estava transmitindo a conversa. - Isso não deixava você com nojo?
- Ela me deixava com nojo, tenente. Usava a fraqueza dele. Todo homem tem direito a ter uma fraqueza, mas ela usava isso, ela o explorava, e depois o ameaçava. Depois que ela morreu, compreendi que tinha sido melhor assim. Ela era capaz de esperar até ele se tornar presidente, para só então enfiar a faca.
- Então você o ajudou a encobrir tudo.
- Claro. - Rockman levantou os ombros. - Estou feliz por estarmos tendo esta oportunidade. Era frustrante, para mim, não ser capaz de levar os créditos. Estou adorando dividi-los com você. Ego, ela se lembrou. Não apenas inteligência, mas ego e vaidade.
- Você teve que pensar rápido - comentou ela. - E foi o que fez. Pensou rápido e de modo brilhante.
- Sim. - Seu sorriso se espalhou no rosto. - Ele me chamou pelo tele-link do carro e me mandou subir, depressa. Estava quase louco de tanto medo. Se eu não o tivesse acalmado, ela poderia ter conseguido causar a ruína dele.
- Você ainda consegue culpá-la?
- Ela era uma prostituta. Uma prostituta morta. - Ele deu de ombros, mas manteve a arma firme. - Dei um tranqüilizante para o senador, e limpei toda a sujeira. Conforme expliquei a ele, era necessário fazer com que Sharon fosse apenas uma parte do todo. Era preciso usar as fraquezas dela, e sua escolha patética de profissão. Tudo era simplesmente uma questão de adulterar os discos da segurança. A atração que o senador tinha por gravar as suas atividades sexuais me deu a idéia de usar aquilo como parte do padrão.
- Sim - disse ela, com os lábios dormentes. - Isso foi esperto.
- Limpei todo o lugar, limpei a arma. E já que ele tinha sido sensato o bastante para não usar uma arma que estava registrada, deixei-a para trás. Mais uma vez, com o intuito de estabelecer um padrão.
- Então você o usou - disse Maite, baixinho. - Usou a ele, e usou Sharon.
- Só os tolos desperdiçam as oportunidades. Ele já estava de volta ao seu comportamento normal depois que fomos embora Rockman avaliou. - Eu consegui arquitetar o resto do plano. Usando Simpson para aplicar um pouco de pressão, deixando vazar informações. Foi um fato infeliz o senador não se lembrar, até bem mais tarde, de me contar a respeito dos diários de Sharon. Tive que correr o risco de voltar lá. Mas, como sabemos agora, ela era esperta o bastante para escondê-los bem.
- Você matou Lola Starr e Georgie Castle. Matou as duas para encobrir o primeiro assassinato.
- Foi. Só que, ao contrário do senador, eu curti aquilo. Do princípio ao fim. Foi só uma simples questão de selecioná-las, escolher os nomes e os locais. Era um pouco difícil naquele momento alegrar-se com o fato de que ela estava certa, e o computador, errado. Dois assassinos, afinal.
- Você não as conhecia? Você nem sequer as conhecia?
- Você acha que eu deveria? - Ele riu dessa idéia. - Quem elas eram não tinha a menor importância. Apenas o que elas eram. Prostitutas me ofendem. Mulheres que abrem as pernas para enfraquecer um homem me ofendem. Você me ofende, tenente.
- Por que os discos? - Onde diabos estava Feeney? Por que uma das unidades em serviço não estava arrebentando a porta dela bem naquele instante? - Por que foi que você me enviou os discos?
- Gostava de ver você ficar andando de um lado para o outro como um rato atrás do queijo. Uma mulher que acreditava que poderia pensar como um homem. Coloquei você na pista de Alfonso, mas você deixou que ele a fizesse recuar. Muito típico. Fiquei desapontado. Você foi muito emocional, tenente, a respeito das mortes, a respeito da garotinha que não conseguiu salvar. Mas acabou dando sorte. E é por esse motivo que agora está prestes a perder toda essa sorte. Andou de lado até chegar à lateral do armário, onde uma câmera já estava esperando. - Tire a roupa.
- Você pode me matar - disse ela, enquanto o estômago começava a se remexer. - Mas você não vai me estuprar.
- Você vai fazer exatamente o que eu quiser que você faça. Elas sempre fazem. - Abaixou a arma até apontar abaixo da barriga. Com as outras, dei um tiro na cabeça, primeiro. Morte instantânea, provavelmente sem dor. Tem idéia do tamanho da dor que vai sentir com uma bala calibre 45 enterrada nas tripas? Você vai implorar para que eu a mate. - Seus olhos se acenderam, com um brilho estranho. - Tire a roupa! Maite deixou as mãos caírem para os lados do corpo. Ela conseguiria encarar a dor, mas não o pesadelo. Nenhum dos dois reparou quando o gato entrou sorrateiramente no quarto. - A escolha foi sua, tenente - disse Rockman, e então deu um pulo de susto quando o gato passou se esfregando em suas pernas.
Maite deu um salto para a frente com a cabeça baixa, e usou toda a força do corpo para atirá-lo contra a parede.
Autor(a): taynaraleal
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 84
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maite_portilla Postado em 24/07/2017 - 16:36:32
acabou? nao acredito:( essa foi uma as melhores historias eu ja li aqui nesse site. essa fanfic foi perfeita do inicio ao fim. amei ela e ja estou ansiosa para a sua proxima fanfic. vc é com certeza uma a melhores escritoras daqui e espero que continue escrevendo muitas historias.
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maite_portilla Postado em 18/07/2017 - 02:31:26
Que bom que voltou realmente. Estou amando, continua logo <3
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maite_portilla Postado em 11/07/2017 - 16:48:20
Opa, leitora nova aqui. Já li sua fanfic toda e pensei que tinha abandonado. Fico muito feliz que vc tenha voltado. Continua logo
taynaraleal Postado em 12/07/2017 - 17:11:25
Que bom que gostou meu amor, seja bem vida, voltei para ficar agora
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suenosurreal Postado em 27/03/2016 - 11:55:53
Mew quero esse Alfonso pra vida, gente que homem! Maite para de graça e se assumem logo, são tão lindos juntos *-* continuaaaaa
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mylene_herroni Postado em 17/01/2016 - 02:29:34
continuaaa. adoro essa fic
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mylene_herroni Postado em 05/12/2015 - 23:48:21
Continuaaaaaaa! Eu também acredito no Poncho, Mai ♡
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mylene_herroni Postado em 28/11/2015 - 01:10:55
Aiii eu sinceramente espero que não seja o Poncho. Continuaaaaaa.
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Postado em 26/11/2015 - 13:37:47
O Alfonso tem que estar na estação espacial! Pmldds ele não pode ser o assassino (na vdd pode, tudo é possível) ISSO TEM QUE SER UMA ARMAÇÃO, POSTA MAAAAAIS
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Fabi Sales Postado em 24/11/2015 - 21:58:00
POSTA MAAAAIS, MULHER! ATÉ EU TÔ CURIOSA PRA SABER O QUE ACONTECEU E TÔ DOIDA PRA VER MOMENTOS HERRONI, POSTAAAAAAA <33
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Fabi Sales Postado em 18/11/2015 - 17:46:04
POSTA MAIS, POR FAVOR! <33