Fanfic: História de um grande amor (aya)-Adaptada-Finalizada | Tema: Ponny

Aos dez anos,Anahí Portilla não era considerada ne­nhuma beldade. Tinha cabelos loiros, o que não agradava à maioria, além de pernas pequenas, finas e desengonçadas. A mãe costumava afirmar que a filha galopava ao redor da casa.

Para infortúnio de Anahí , a sociedade valorizava muito a aparência feminina. E mesmo com tão pouca idade, ela era vista como inferior às outras garotas da vizinhança. Crian­ças sempre descobriam essas coisas, em geral por intermédio de outras.

Assim como foi no desagradável incidente, ocorrido no déci­mo primeiro aniversário dos gêmeos, lady Maute e o honorável Oscar Herrera, filhos do conde e da condessa . A casa de Anahí era bem próxima de Haverbreaks, residên­cia dos ancestrais dos Herreras, em Ambleside, no distrito dos Lagos, no condado de Cumberland. Anahí estudava com os gêmeos, quando eles se encontravam em casa, e a trinca era inseparável.

Os três raramente brincavam com outras crian­ças, pois quase todos os meninos e meninas moravam longe, à uma hora de viagem.

No entanto, todos os filhos da nobreza local e da pequena nobreza reuniam-se nos aniversários. Por esse motivo, lady Ruth deixou escapar um gemido infeliz naquele dia. De­zoito diabretes espalharam lama em sua sala de estar, depois da festa dos gêmeos ter sido interrompida pela chuva.

— Mai, seu rosto está manchado de terra. — Anahí fez menção de limpar a nódoa.
Maite deu um suspiro dramático.

— Será melhor eu me lavar no banheiro, antes que mamãe veja. Ela abomina sujeira, e eu odiaria ouvi-la repetir isso.

— Duvido que sua mãe irá reparar na manchinha no seu rosto com tanta lama espalhada pelo tapete... — Anahí notou que Christian Chaves dava um grito de guerra e se jogava no sofá — ...e pela mobília.
— De qualquer forma, é melhor eu dar um jeito nisso. Maite saiu da sala e ela ficou perto da porta, seu ponto usual de observação.

— Anahí , o que trouxe de presente para Mai?

Ela virou-se e viu Perlla Galvez, usando um lindo vestido branco com faixa rosa.

— Um livro. A leitura é um dos passatempos favoritos de Mai. Por quê?

Perlla mostrou uma bela caixa amarrada com um cordão prateado.

— Eu trouxe uma coleção de fitas de cetim, seda e veludo. Quer ver?

— Ah, sim, eu gostaria, mas prefiro não amassar a em­balagem.

Perlla deu de ombros.

— É só desatar o cordão. Sempre faço isso no Natal. — Ela soltou o laço e abriu a tampa.
Anahí prendeu a respiração. Em contraste com o veludo interno da caixa, havia inúmeras fitas coloridas, todas amar­radas em arcos.

— São lindas, Perlla . Posso pegar uma? Perlla estreitou os olhos.

— Não estou com as mãos sujas. — Anahí estendeu-as como confirmação.
— Ah, então pode.

Anahí pegou uma fita de cetim violeta e encostou-a nos próprios cabelos.

— Como estou?

— Violeta não — sentenciou Perlla , revirando os olhos. — Essa cor só combina com cabelos escuros e desaparece nos loiros. Ficaria horrível.

— O que acha da verde? Mamãe tem cabelos loiros e já a vi usar fitas dessa tonalidade.

— É, pode ser, mas essa cor também combina mais com cabelos escuros. Aliás, tudo fica melhor nos escuros.

— Então não imagino o que pretende usar, Perlla . Seus cabelos são claros— retorquiu Anahí , indig­nada.

— Não são! — Perlla esbravejou.

— São! — Anahí inclinou a cabeça para frente e es­treitou os olhos, ameaçadora. — Será conveniente consultar o espelho com mais cuidado, Perlla , porque os seus cabelos não são escuros!

Perlla guardou a fita e fechou a tampa da caixa com força.

— Bem, eles eram escuros, e os seus nunca foram. Além disso, os meus são castanho-medios, bem melhor que os seus, que são loiros, nem castanhos são.

— Não há nada de errado com cabelos loiros! — Anahí protestou, mesmo sabendo que a Inglaterra inteira não con­cordava com ela.

— E esse seu rosto sardento? — Perlla indagou.

Por instinto, Anahí levou a mão à boca. Sabia que não era bonita nem graciosa, mas nunca notara nada de errado com suas sardas.

— Sua boca é enorme! — revidou.

Perlla recuou como se tivesse levado um tapa.

— Bocas grandes são desejadas. Além disso é que um pernilongo havia me mordido noite passada por isso estão inchados — Ela fungou, desdenhosa. — Porém para sardas e feiúra não existe remédio!

— Ela não é feia!

As duas meninas se voltaram para Maite, que voltava do banheiro.