Fanfic: História de um grande amor (aya)-Adaptada-Finalizada | Tema: Ponny

No quarto, Anahí cerrava os dentes para suportar nova contração sem gemer, enquanto lady Ruth lhe tirava o vestido manchado.

— Poncho saiu? — Ela não confiava que o marido não espionasse.

A sogra anuiu.

— Ele não vai nos aborrecer.

— Poncho não é um incômodo — Anahí declarou de imediato.

— Claro que é. O lugar dos homens não é ao lado das mulheres na hora do nascimento dos filhos. A situação é confusa, um tanto assustadora e dolorosa para eles. Nenhum homem pode ser útil nessas horas. O melhor é deixá-los do lado de fora, imaginando as maneiras de recompensar as esposas pelo difícil trabalho que enfrentam.

— Ele me trouxe um livro — Anahí comentou em voz baixa.

— Foi mesmo? Eu estava pensando em diamantes.

— O que também seria agradável — ela concordou.

— Deixarei escapar uma sugestão. — Lady Ruth ter­minou de vestir a camisola em Anahí e afofou os traves­seiros atrás da cabeça. — Pronto, agora você está mais con­fortável.

Uma nova contração fez Anahí prender a respiração e contrair os maxilares.

— Foi mais uma? — lady Ruth perguntou. — Miseri­córdia, elas estão vindo muito próximas uma da outra! Acho que será um parto bastante rápido, o que não é comum para o primeiro filho. Espero que o dr. Winters chegue logo.

Anahí anuiu, ainda prendendo a respiração devido à onda de dor.

Lady Ruth apertou-lhe a mão, procurando dar apoio.

— Se servir de conforto, com gêmeos é muito pior.

— Não pode ser.

— Não se sentiu melhor?

— Não.

Lady Ruth suspirou.

— Na verdade, não acreditei que adiantasse. Não se preo­cupe, querida.—Lady Ruth esforçou-se para demonstrar animação. — Logo tudo estará terminado.

Vinte e quatro horas depois, Anahí estava com o corpo arrasado pela dor, arfava, achando que não havia ar suficiente nos pulmões. As contrações continuavam, uma mais violenta que a outra.

— Sinto que ele está vindo — choramingou.

Lady Ruth limpou a fronte da nora com um pano umedecido em água fria.

— Agüente mais um pouco, minha filha.

— Não posso... estou muito... — gritou uma das imprecações favoritas do marido.

No corredor, Poncho enrijeceu-se ao ouvi-la gritar. Depois de trocar a roupa de Anahí , lady Ruth o afastou da proximidade da porta e o convenceu a ficar no hall. Maite havia trazido duas cadeiras de uma das salas e fazia com­panhia ao irmão. Procurou não estremecer ao ouvir outro grito.

— Essa deve ter sido uma contração bem forte. — Maite não disfarçou o nervosismo para entabular uma conversa.

E pelo olhar intimidativo de Poncho, ela se convenceu de que a frase não foi das mais felizes.

— Tenho certeza de que essa aflição terminará logo — Maite afirmou, embora não estivesse convencida disso. — Não creio que poderá piorar.

Anahí tornou a gritar em agonia.

— Pelo menos é o que me parece — a irmã acrescentou com voz trêmula.

— Nunca mais encostarei nela — Poncho lamentou-se, com o rosto apoiado entre as mãos.

— Ele nunca mais encostará um dedo em mim! — O grito de Anahí foi escutado por Maite e Poncho.

— Pelo menos nesse ponto, marido e mulher estão de acor­do — Maite comentou em voz alta e cutucou o queixo do irmão. — Anime-se! Você está prestes a tornar-se pai.

— Espero que seja em breve — ele murmurou. — Não sei se suportarei isso por muito mais tempo.

— Se está com dificuldade para enfrentar os gritos, ima­gine o que Anahí deve estar passando.

Ao ver a expressão do irmão, Maite lamentou novamente o que disse.

No quarto, Anahí se agarrava com desespero na mão de lady Ruth.

— Faça isso parar, pelo amor de Deus! — implorou.

— Eu asseguro, logo tudo estará terminado — a sogra murmurou.

Anahí puxou-a para baixo até poder ver a sogra de perto.

— A senhora disse isso ontem!

— Lady Ruth? — Era o dr. Winters, que havia chegado uma hora após as dores terem começado. — Posso falar com a senhora por um instante?

— Pois não. — Lady Ruth desvencilhou cuidadosa­mente a mão. — Voltarei em seguida, minha filha. Eu pro­meto.

Anahí anuiu, angustiada, e agarrou-se nos lençóis. Pre­cisava apertar alguma coisa quando a contração a invadia. Balançou a cabeça de um lado para outro enquanto procu­rava respirar. Onde estaria Poncho? Seria difícil ele enten­der que ela precisava de seu calor e de seu sorriso? E, sobre­tudo, precisava da energia do marido, pois não acreditava que a sua fosse suficiente para atravessar tal prova.

No entanto o orgulho e a teimosia a impediam de pergun­tar a lady Ruth onde ele se encontrava. Por isso apertou os dentes e procurou não gritar de dor.