Fanfic: História de um grande amor (aya)-Adaptada-Finalizada | Tema: Ponny

Alguns dias mais tarde, Anahí sentia-se bem melhor. A seu pedido, foi levada para os aposentos que ela e Poncho haviam ocupado nos primeiros meses de casamento. Além do conforto no ambiente que conhecia, pretendia mostrar ao marido que desejava um casamento de verdade. O local era privativo deles e o resumo da toda a intimidade que haviam partilhado.

Embora ainda estivesse confinada à cama, recuperara boa parte da energia e seu rosto mostrava cores bem mais sau­dáveis. E tudo em nome do amor. Nunca se sentiu tão feliz. Poncho não se cansava de repetir que a amava, e Amanda trouxe aos pais uma inacreditável carga de amor.

Poncho procurava evitar a interferência, na verdade amá­vel e sincera, de Maite e de lady Ruth. Queria a esposa só para ele. Ficava sentado ao lado dela durante horas, como agora, em que ela havia acordado após um cochilo.

— Boa tarde, minha princesa.

— Tarde? — Anahí bocejou. — Que horas são?

— Já passa do meio-dia.

— Deus do céu. Nunca me senti tão indolente.

— Você merece cada minuto de descanso — Poncho afir­mou com os olhos fulgurantes de amor.

— Como está Amanda?

Ele sorriu. Anahí não se cansava de fazer perguntas.

— Muito bem. E, pelo visto, ela tem pulmões excelentes.

— É um bebê muito doce, não é verdade?

— Sim, como a mãe.

— Eu?

— Sob um verniz de temperamento explosivo, existe mui­ta doçura. Acredite em mim, eu já experimentei — declarou, beijando-a na ponta do nariz.

— Você é incorrigível — afirmou, enrubescida.

— Que nada, sou apenas um homem muito feliz.

— Poncho?

— O que é, meu amor?

— Como foi que você de repente entendeu...

— Que eu te amo? Ela assentiu com a cabeça — Não sei. Creio que amei você desde o começo, mas es­tava cego para enxergar a verdade.

— Não foi quando eu quase morri? — A Anahí não agradava a idéia de ele não perceber o amor até o momento crucial em que sua vida esteve em risco.

— Não. Eu entendi que te amava quando você me presen­teou com Amanda. Ouvi nossa filha chorar e o som foi... uma sensação indescritível. Ah, meu amor, a paternidade é uma coisa extraordinária. E quando segurei Amanda nos meus braços... Eu gostaria de poder explicar o que senti.

— Deve ser como a sensação de ser mãe.

Poncho tocou-lhe os lábios com a ponta do indicador.

— Espere um pouco, deixe-me terminar. Tenho amigos que tiveram filhos e me contaram que se trata de um senti­mento excepcional. Uma nova vida que é parte da sua carne e do seu sangue. — Interrompeu-se para dar uma tossidela. — Foi quando compreendi que não amava Amanda por ela ser uma parte de mim, mas sim de você.

— Ah, Poncho... — Os olhos dela se encheram de lágrimas.

— Meu amor, não sei o que fiz para merecê-la, mas agora que você é minha, nunca mais a deixarei escapar de mim. Eu te amo muito. — Ele engasgou pela emoção. — Demais até.

— Ah, Poncho, eu também te amo. Sabe disso, não é?

— Eu sei e agradeço a Deus pelo presente mais precioso que já recebi.

— Nós seremos muito felizes, não é?

— De modo indiscutível, meu amor.

— Teremos mais filhos?

— Somente se o médico me garantir que você não me dará mais um susto igual ao que enfrentei. Mas como o melhor método para evitar filhos é a abstinência, não creio que serei capaz de cumprir as regras.

— Ainda bem — respondeu ela, corando.

Assim, selaram as declaração com um longo e apaixonado beijo.

— Creio que eu deveria deixá-la descansar — considerou ele, relutante.

— Por favor, não faça isso. Não estou cansada.

— Tem certeza?

Era maravilhoso saber que o marido não apenas se preo­cupava com ela, mas sobretudo que a amava.

— Absoluta. Poncho, poderia me fazer um favor?

— Claro que sim. Anahí apontou com o dedo.

— Na minha secretária da sala há um pequeno estojo revestido com cetim que tem uma chave dentro.

Poncho ergueu as sobrancelhas e seguiu as instruções.

— É verde? — indagou de longe.

— Isso, e use a chave para abrir a gaveta inferior, onde encontrará uma caixa de madeira.

— Céus, como é pesada — Poncho resmungou, ainda na sala. — O que tem aqui dentro? Pedras?

— Cadernos.

— E são tão preciosos que precisam ser trancados?

— São os meus diários.

Poncho voltou carregando a caixa.

— Eu não imaginei que você escrevesse um diário.

— A sugestão foi sua.

— Minha?

— Sim, e no dia em que nós nos conhecemos. Eu lhe contei sobre a atitude horrível de Perlla Galvez e você me disse para escrever um diário.

— Verdade?

— Eu ainda me lembro das suas palavras quando quis saber o motivo da sugestão: No futuro, quando for adulta, será tão bonita como já é inteligente. E lendo o diário, enten­derá que meninas parecidas com Perlla Galvez podem ser muito tolas. Dará risada ao lembrar-se das palavras de sua mãe ao afirmar que as suas pernas parecem galhos finos. E talvez dê um pequeno sorriso ao recordar-se da nossa con­versa agradável de hoje.

Poncho fitou-a com espanto, lembrando-se aos poucos do que aconteceu.

— E você disse que guardaria um grande sorriso para mim.

— Isso mesmo. Memorizei as suas palavras, que foram as mais bonitas que alguém poderia ter-me dito.

— Deus do céu, Anahí, você me ama de verdade, não é?

— Desde aquele dia. Deixe-me ver isso.

Poncho apoiou a caixa sobre a cama e entregou-lhe a chave. Anahí abriu a embalagem e tirou de dentro vários cader­nos. Alguns tinham capa de couro e outros eram cobertos com tecido floral, como era do gosto das meninas. Decidiu-se por um, o mais simples de todos, um caderno de anotações seme­lhante aos que usava quando ainda era estudante.

— Este foi o primeiro — ela explicou, abrindo a capa com certa reverência.—Poderá comprovar que eu sempre o amei.

Poncho examinou o primeiro registro.

2 de março de 1810, Hoje eu me apaixonei.

— Eu também, meu amor, estou apaixonado — ele afir­mou com lágrimas nos olhos.