Fanfic: História de um grande amor (aya)-Adaptada-Finalizada | Tema: Ponny

— Muito bem, obrigada. — Ela perturbou-se. Oscar era praticamente seu irmão e não poderia pensar em... E ela também não. Seria possível? E...

— Anahí , pretende ficar em Haverbreaks pela manhã? — Oscar indagou. — Nesse caso, o que acha de cavalgar um pouco depois do desjejum?

Misericórdia! Maite estava certa. A surpresa impediu-a de responder de imediato.

— Eu... bem, ainda não decidi.

Maite deu-lhe um pontapé por baixo da mesa.

— Oh!

— O que foi? — lady Ruth preocupou-se.

— Desculpem. — Anahí tossiu. — Creio que foi um espinho.

— Por isso não gosto de comer peixe no desjejum — Maite declarou.

— Então, o que me diz, Anahí ? — O sorriso de o Oscar certamente ainda derreteria muitos corações. —Vamos dar um passeio?

Prevendo outro cutucão, ela afastou as pernas antes de responder:

— Não trouxe traje de montaria.

A verdade causou-lhe pesar. Sair com Oscar poderia ajudá-la a afastar Poncho de seus pensamentos.

— Posso emprestar um dos meus. — Maite sorriu com candura, segurando uma torrada. — Ficará apenas um pou­co justo.

— Então está combinado — Oscar afirmou. — Faz tem­po que não cavalgamos juntos.

Anahí sorriu. Afinal ele era uma pessoa muito afável e de ótimo temperamento, bem diferente do irmão mais velho.

— Tem razão. — Seria ótimo ter a companhia de Oscar , mesmo que as intenções dele a tivessem deixado confusa. — Creio que lá se vão anos. Nas suas férias escolares, eu sempre estava na Escócia.

— Mas não hoje — o rapaz alegou, feliz.

Anahí observou-o sorrir por cima da chávena e admi­rou-se como ele se parecia com Poncho na idade deste último. Oscar estava com vinte anos, um ano a mais que Poncho quando Anahí se apaixonou. Na verdade, quando o tinha conhecido, ela corrigiu-se, e pensava estar apaixonada.

************************

Poncho não dormira bem, o que não o surpreendeu. A insônia havia se tornado quase um hábito. E, pela manhã, ainda estava irritado e com raiva... de si mesmo.

O que passou por sua cabeça? Beijar Anahí Portilla! A garota era praticamente sua irmã mais nova. Embora es­tivesse irritado e um tanto ébrio, não havia desculpa para um comportamento tão desprezível. Admitiu que Leticía se encarregou de matar muitas qualidades suas, mas não o cavalheirismo. Aliás, era o pouco que ainda lhe restava.

Nem mesmo tinha desejado Anahí , no exato sentido da palavra. Conhecia muito bem o desejo, aquela necessidade angustiante de possuir uma mulher e dela se apoderar, li­teralmente. O que sentiu por Anahí ...

Não saberia dizer o que havia sido, mas certamente não se tratava de poderosa sensação física.

Ele sempre se irritava com aqueles grandes e puxados olhos azuis que tudo percebiam. Mesmo quando menina, ela era excepcionalmente sensata. E Poncho tinha se sentido trans­parente e vulnerável no gabinete de seu pai. Embora mal houvesse deixado os bancos escolares, Anahí enxergava através dele.

A invasão o deixava possesso, e se vingou da maneira que lhe havia parecido mais fácil.

E nada poderia ter sido mais inconveniente.

O pior era ter de se desculpar. Era intolerável até pensar nisso! Seria mais simples fingir que nada aconteceu e igno­rá-la para o resto da vida. O que certamente não apagaria sua culpa, ainda mais que não pretendia desentender-se com a irmã.

Além disso, imaginava que lhe houvesse sobrado um pou­co de decência cavalheiresca.

Leticia anulou muitos de seus sentimentos bondosos e inocentes, mas certamente não todos. E quando um cava­lheiro se comportava mal com uma dama, tinha de se des­culpar.

Poncho entrou na sala de almoço e constatou que a família já havia feito a refeição matinal e saíra, o que o agradou deveras. Comeu rapidamente e tomou café em grandes goles sem ao menos piscar quando a bebida amarga, escura e quente des­ceu pela garganta. Na certa se penitenciava.

—Milorde deseja mais alguma coisa? — Um criado se aproximou, obsequioso.

— Não, agora não.

O serviçal recuou, mas não saiu da sala. Poncho decidiu que estava na hora de deixar Haverbreaks. Havia pessoas em excesso na propriedade. Na certa sua mãe ordenou a todos os criados para ficarem atentos ao pobre filho viúvo.

Com o semblante carregado, Poncho empurrou a cadeira e foi para o hall. Havia prevenido seu criado de quarto de que partiriam sem demora, em no máximo uma hora. Só precisaria encontrar Anahí , cumprir a tarefa odiosa e es­capar para casa.

Foi então que escutou risos.

Oscar e Anahí acabavam de entrar, corados pelo sol e animados com o ar refrescante.

Poncho arqueou uma sobrancelha e se deteve, curioso para ver quanto tempo os dois levariam para notar sua presença.

— E isso foi quando — Anahí terminava um relato — compreendi que não poderia confiar em Maite em relação ao chocolate.

Oscar riu com simpatia.

— Anahí , tenho notado muitas mudanças a seu res­peito.

Ela enrubesceu.

— Não devem ser tantas. Eu apenas cresci.

— Isso é indiscutível.

Poncho achou que Oscar deveria calar-se.

— Acha mesmo que depois de tanto tempo eu ainda esta­ria do mesmo jeito?

— Talvez eu tivesse imaginado isso. — Oscar deu um sorriso largo. — Mas sou obrigado a admitir que as mudan­ças me agradaram. — Tocou-lhe nos cabelos presos alguns fios por uma bela presilha. — Prometo que não os puxarei mais.

Ela tornou a corar, pensando na impropriedade da brin­cadeira.

— Bom dia — Poncho falou em voz alta do outro lado do saguão.

— Creio que deve ser boa tarde — Oscar respondeu.

— Talvez para os iniciandos — Poncho comentou com um sorriso irônico.

— Em Londres, a manhã se estende até as duas? — per­guntou Anahí com frieza.

— Se a noite anterior não foi compensadora...

— Poncho ! — Oscar repreendeu-o. Poncho deu de ombros.

— Preciso falar com a srta. Portilla— ele anunciou sem olhar para o irmão, e notou que Anahí entreabria os lábios, talvez pela surpresa ou ainda com raiva.

— A mim parece que a decisão compete a ela, não? — Oscar atalhou.

— Avise-me quando estiver pronta para retornar à sua casa. — Poncho encarou-a. — Eu a levarei.

— Escute aqui — Oscar interveio, aborrecido. — Anahí é uma dama, e seria de bom tom ao menos lhe pedir permissão.

Poncho cravou no irmão um olhar ameaçador e voltou-se outra vez para ela.