Fanfic: História de um grande amor (aya)-Adaptada-Finalizada | Tema: Ponny

“Não se demore.”

Isso era coisa que se dissesse? Furiosa, Anahí não podia esquecer o desaforo enquanto arrancava suas roupas do armário. Não haviam combinado nada, e Poncho nem mesmo pedira permissão para acompanhá-la. Deu as ordens brus­camente e não se preocupou em esperar por uma resposta. Por que ele estaria tão ansioso para se livrar dela? Oh, Deus. Não sabia se chorava ou se ria.

— Já está de partida? — Maite entrou no quarto.

— Preciso voltar para casa. — Anahí escolheu aquele momento para enfiar um vestido pela cabeça, não queria que a amiga visse seu rosto. — Seu traje de montaria está em cima da cama — acrescentou, e as palavras foram abafadas pelo farfalhar da musselina.

— E por que a pressa? Seu pai está trabalhando e não sentirá a sua ausência.

“Que falta de sensibilidade!”, Anahí refletiu. Virou-se para Maite abotoar as costas do vestido.

— Não quero me tornar inconveniente.

— O quê? Não seja tola. Eu garanto que minha mãe adoraria se você pudesse morar conosco para sempre. O que acontecerá de fato quando formos para Londres.

— Não estamos em Londres, Mai.

— E daí? Não é tudo a mesma coisa? Não era. Anahí cerrou os dentes.

— Por acaso discutiu com Oscar?

Quem poderia discutir com Oscar, exceto Maite ?

— Claro que não.

— Então explique o que houve.

— Não aconteceu nada, Mai. — Anahí pegou as luvas e esforçou-se para demonstrar calma. — Seu irmão quer falar com meu pai a respeito de um manuscrito com iluminuras.

— Oscar? — Maite não se preocupou em disfarçar a descrença.

— Poncho.

— Não acredito. — O espanto foi ainda maior. “Por que tantas perguntas?”

— Sim. Como ele planeja ir embora logo, precisa me levar agora.

Anahí considerou que a frase foi bem imaginada, da­das as circunstâncias. Talvez Poncho resolvesse voltar para a sua casa na Nortúmbria, e o mundo voltaria a ser o que era antes, pendendo feliz em torno de seu eixo e girando em volta do Sol.

Maite encostou-se no batente da porta e disse:

— Então, por que está tão mal-humorada? Afinal, sei que sempre gostou de Poncho , não é mesmo?

Anahí por pouco não riu. E por muito menos não chorou.

Como Poncho ousava dar-lhe ordens como se ela fosse uma qualquer?

E ainda se atrevia a fazê-la tão infeliz em Haverbreaks, que havia sido um lar para ela nesses últimos anos, muito mais do que para ele.

Virou-se para que Maite não visse seu rosto.

— Anahí ? — a amiga chamou-a com suavidade. — Está se sentindo bem?

— Melhor impossível — ela respondeu, passando pela amiga, rumo ao corredor.

— Pois não é o que está parecendo.

— Estou triste por causa de Leticia— Não era exatamente uma mentira. Qualquer pessoa que tivesse feito Poncho in­feliz merecia ser lamentada.

Porém Maite não se deixava enganar facilmente e foi no encalço de Anahí , que descia correndo a escadaria.

— Como? — perguntou. — Na certa está brincando comigo. Anahí chegou ao piso inferior e segurou-se no corrimão para não cair.

— Aquela mulher foi uma miserável feiticeira — Maite continuou. — Ela destruiu a vida do meu irmão.

“Exatamente.”

— Bom dia — Poncho cumprimentou a irmã com um gesto cortês de cabeça.

— Anahí disse que está lamentando a morte de sua esposa. Isso não é insuportável?

— Maite ! — Anahí engasgou.

Poncho podia ter detestado a falecida esposa, o suficiente para afirmar isso no funeral, mas havia coisas que ultrapas­savam os limites da decência.

Ele ergueu uma sobrancelha e fitou Anahí com olhar zombeteiro.

— E daí? Todos nós sabemos que ele a odiava! — Maite continuou.

— Sutil como sempre, irmãzinha querida.

— Quem sempre diz não gostar de hipocrisia? — ela re­trucou.

— Tem razão. — E Poncho fitou Anahí . — Vamos?

— Vai levá-la para casa? — Maite perguntou apesar da explicação anterior da amiga.

— Preciso falar com Sr. Portilla.

— Oscar não poderia levá-la?

— Você está sendo indiscreta demais! — Anahí não saberia dizer o que a envergonhava mais. Se eram os arran­jos para um namoro entre Oscar e ela ou se era o fato de tudo aquilo estar sendo dito na frente de Poncho .

— Oscar não precisa falar com ninguém — ele declarou em voz baixa.

— E por isso ele não pode ir junto?

— Não no meu cabriolé. Maite não disfarçou a inveja.

— Vai levá-la na sua carruagem nova? — Ela morria de vontade de dirigir aquele veículo alto, ligeiro e leve.

Poncho sorriu.