Fanfic: História de um grande amor (aya)-Adaptada-Finalizada | Tema: Ponny

— Mai, sei que é amiga de Anahí por ela ser sua vizinha e por estudarem juntas. Mas admita que ela não é bonita. Minha mãe diz que Anahí jamais arranjará um marido.
Os olhosnegros de Maite, única filha do conde de Herrera, cintilaram de raiva. Era uma menina leal ao extremo, e Anahí , sua melhor amiga.

— Pois tenho certeza de que ela conseguirá um marido muito melhor do que poderá ser o seu, Perlla Galvez! O pai dela é um baronete, e o seu, um simples comerciante.

— Ser a filha de um baronete faz pouca diferença, a não ser que tenha beleza ou dinheiro — Perlla repetiu o que cer­tamente ouvira em casa. — E Anahí não tem nada disso.

— Cale-se, sua gralha imbecil! — Maite bateu o pé no chão. — Esta é a minha festa de aniversário, e se as compa­nhias não lhe agradam, pode retirar-se!

Perlla engasgou. Estava ciente de que não deveria desen­tender-se com a aniversariante, cujos pais ocupavam a mais alta posição social da região.

— Perdão, Maite .

— Não se desculpe comigo, mas sim com ela.

— Perdão, Anahí .

A garota ficou em silêncio até Maite cutucá-la de maneira disfarçada.

— Aceito suas desculpas — Anahí resmungou. Maite suspirou ao ver Perlla sair correndo da sala.

— Mamãe sempre diz que não tenho nem um pouco de comedimento ou bom senso.

— Isso é verdade.

— Anahí !

— Mas eu te amo assim mesmo.

— E eu também te amo, querida. Não se preocupe com o que Perlla diz. Quando crescer, você poderá se casar com o Oscar, e seremos irmãs de verdade.

Anahí , desconfiada, fitou Oscar, que puxava os ca­belos de uma menina pequena do outro lado da sala.
— Não sei se eu gostaria de me casar com ele.

— Bobagem, seria um matrimônio perfeito. Veja, ele aca­bou de derrubar ponche no vestido de Perlla .
Anahí sorriu e Maite segurou-lhe a mão.

— Venha comigo, quero abrir os presentes. Prometo dar um grito quando chegar ao seu.

Seguidas por Oscar, as duas foram ao quarto de Maite , onde os gêmeos abriram os presentes. Felizmente, na opinião de lady Ruth, terminaram precisamente às quatro, ho­rário em que as crianças deveriam retornar às suas casas. Nenhuma delas viera acompanhada por criados. O convite para uma festa em Haverbreaks era considerado uma honra, e os pais não perdiam a oportunidade de trocar algumas palavras com o conde e a condessa. Exceto os de Anahí . Às cinco horas, ela ainda se encontrava na sala de estar, aproveitando os últimos momentos do aniversário.

— Não posso imaginar o que houve com os seus pais — lady Ruth comentou.

— Ah, eu explico — Anahí respondeu, alegre. — Mamãe foi para a Escócia visitar minha avó, e na certa papai se esqueceu de mim. Isso acontece com freqüência, quando ele está trabalhando em algum manuscrito. Papai traduz grego.

— Eu sei. — Lady Ruth sorriu.

— Grego antigo.

— Eu sei — lady Ruth repetiu com um suspiro. Não era a primeira vez que o Sr. Henrique Portilla não se lembrava da filha. — Bem, teremos de levá-la para casa de qualquer forma.

— Irei com ela — Maite sugeriu.

— Minha filha, é preciso guardar os novos brinquedos e, junto com seu irmão, escrever as mensagens de agradeci­mento. Se não fizerem isso esta noite, esquecerão de quem ganharam os presentes.

— Anahí não pode ir embora com um criado. Ela não terá com quem conversar.

— Eu sempre converso com os meus em casa.

— Não com os nossos — Maite sussurrou. — Eles são empertigados, mudos e sempre me olham com desaprovação.

— Na maioria das vezes eles têm motivo para reprová-la — lady Ruth comentou e acariciou a cabeça da filha. — Tenho uma sugestão, Maite . Por que não pedimos a Alfonso para levá-la até a sua casa?

— Alfonso ? — Maite deu um grito. — Anahí tem mesmo muita sorte!

Anahí ergueu as sobrancelhas. Nunca encontrara o ir­mão mais velho de Maite .
— Está bem, assim terei o prazer de conhecê-lo.

Lady Ruth pediu a uma criada para chamá-lo, voltando-se para a menina:

— Ainda não conhece meu filho? Que estranho. Talvez seja por sua família estar sempre na Escócia no Natal, ocasião em que ele vem para casa. Ameacei deserdá-lo se não prestigiasse o aniversário dos gêmeos. Mesmo assim, não compareceu à festa com receio de que uma das mães tentasse casá-lo com uma menina de dez anos.

— Alfonso tem dezenove anos, é solteiro e é visconde — Maite afirmou casualmente. — É muito bonito e se parece comigo.

— Maite ! — lady Ruth chamou a atenção da filha.

— É verdade, mamãe. Eu seria muito atraente se fosse menino.

— Mai, eu a considero muito bonita. — Anahí olhou os cachos escuros com uma ponta de inveja.

—Essa é também a minha opinião a seu respeito, Anahí . Fique com uma das fitas que Perlla trouxe. Não vou precisar de todas mesmo.

Anahí sorriu pela mentira de Maite, uma boa amiga. Escolheu a fita violeta, sem esquecer o agravo.
— Obrigada, Mai. Prometo que a usarei nas aulas de segunda-feira.

— A senhora me chamou, mamãe?

Anahí virou-se ao escutar a voz rouca profunda e sufocou um grito. Jamais vira um homem tão esplêndido. Embora com apenas dezenove anos, tinha ombros largos e corpo de atleta. Os cabelos eram mais escuros do que os de Maite, mas com reflexos dourados pela exposição ao sol. O que mais chamava a atenção eram os olhos verdes folha seca e brilhantes diferentes do da irmã e que não escondiam um toque de malícia.

Anahí sorriu. Sua mãe costumava dizer que se podia conhecer uma pessoa pelos olhos, e os de Alfonso eram bon­dosos.