Fanfic: História de um grande amor (aya)-Adaptada-Finalizada | Tema: Ponny

Ela ergueu o olhar, mesmo sabendo que seria insuportável enxergar naqueles olhos esverdeados o que não queria ver. E, de fato, não viu amor e nenhuma revelação. Ele apertou-a de maneira desnecessária e parecia estranho, muito diferente do usual. Assim, sentiu um calor enorme tomar seu corpo inteiro.

— De... desculpe-me — ela gaguejou e afastou-se. — Te­nho de prestar mais atenção...

Poncho não se moveu de imediato. Apenas a olhou e fixou-se na boca bem desenhada. Por um segundo abençoado, ela pensou que fosse beijá-la. Arfando, entreabriu os lábios e...

O momento se eclipsou e a realidade voltou, gélida.

— Sou eu quem lhe pede perdão — ele falou em tom monocórdio. — Eu também deveria ser mais cuidadoso.

— Eu pretendia ir à procura de Mai— explicou, sem ter idéia do que deveria dizer. — Soube que ela não vai descer.

A expressão daquele rosto másculo modificou-se e com a dose exata de cinismo de quem sabia o que estava ocorrendo.

— Não se preocupe, ela está bem.

— Mas...

— Pelo menos uma vez deixe minha irmã resolver os pró­prios problemas.

Anahí abriu a boca, surpreendida pelo tom ríspido. Mas não chegou a responder porque Oscar acabava de entrar.

— Está pronta? — ele perguntou, jovial e sem perceber a tensão no ambiente. — Onde está Maite?

— Ela não virá — Anahí e Poncho disseram em unís­sono.

— Por quê? — perguntou aos dois, estranhando o fato de eles terem falado juntos.

— Maite não está se sentindo bem — Anahí mentiu.

— Que pena — Oscar afirmou, sem demonstrar contrariedade, e estendeu o braço para Anahí . — Vamos?

— Virá conosco, Poncho ? — Ela fitou-o, incerta.

— Não. — A negativa foi imediata.

11 de junho de 1819,

Hoje comemoramos o meu aniversário. Um dia ado­rável e estranho ao mesmo tempo.
Os Herrera’s fizeram um jantar em minha homena­gem. Foi uma lembrança meiga. Ainda mais que meu pai provavelmente deve ter esquecido que hoje não é apenas o dia em que um certo erudito grego chegou a uma determinada conclusão matemática, ou qualquer outra coisa importante.

De lorde e lady ganhei um lindo par de brincos de águas-marinhas. De Oscar, recebi uma caixa com lenços de renda, cada um mais bonito que o outro.

De Mai, uma caixa com papéis de carta estampa­dos com o meu nome.

De Poncho, ganhei um frasco de perfume. Fragrância de violetas. Imediatamente lembrei-me da fita cor de violeta que ele prendeu nos meus cabelos quando eu tinha dez anos. Mas também é evidente que ele não ha­via se recordado desse incidente. Eu também não co­mentei nada. Seria muito embaraçoso revelar-me tão sentimental. Contudo considerei o presente adorável.

Não sei se conseguirei dormir. Escrevi a última frase há dez minutos e, embora esteja bocejando bastante, minhas pálpebras não estão pesadas. Talvez seja pela responsabilidade de completar vinte anos. Isto posto, poderei muito bem tomar um cálice de conhaque para em­balar no sono.

Pois é isso mesmo o que pretendo fazer.

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Poncho encontrava-se no gabinete de seu pai, no escuro, depois de ter consumido uma vela e três cálices de conhaque. Olhava através da janela e escutava as folhas de uma árvore próxima farfalharem ao vento, batendo na vidraça.

Aquela languidez era o que lhe convinha depois de um dia como aquele.

Primeiro Maite o acusou de estar com interesses escusos em sua amiga. Em seguida, foi o esbarrão com Anahí no corredor e...

Deus misericordioso, ele a desejava e...

Sabia exatamente o momento em que o interesse havia brotado. Não foi quando da colisão, nem quando a segurara pelos braços para evitar que caísse. Abraçá-la foi praze­roso, mas também não havia sido, então que a verdade lhe ocorreu.

O instante em que entendeu estar em perigo sucedeu alguns segundos depois, quando ela ergueu o rosto e o fitou.

Aqueles olhos azuis e brilhantes sempre o atraíram. E foi um idiota em não ter percebido antes.