Fanfic: História de um grande amor (aya)-Adaptada-Finalizada | Tema: Ponny

Anahí passou a semana seguinte fingindo estudar tra­gédias gregas, embora fosse impossível manter a aten­ção por tempo suficiente para ler de verdade. Mesmo cap­tando apenas frases ou palavras soltas a esmo, escolheu algo que se assemelhasse ao seu humor.

Uma comédia teria lhe provocado lágrimas, e uma histó­ria de amor, morte imediata.

Maite, conhecida por sua falta de interesse nos outros, tentava por todas as maneiras descobrir as razões do humor sombrio da amiga. Fazia perguntas de toda espécie e tentava fazê-la rir.

Estavam em meio a uma das sessões que visavam le­vantar o moral de Anahí , quando Lady Ruth bateu na porta.

— Que bom. — Ela espiou para dentro do quarto. — As duas estão aqui. Maite, sente-se direito. Que postura dese­legante!

— O que houve, mamãe?

— Vim avisá-las que fomos convidadas para visitar a casa de campo de Lady Ferraz na próxima semana.

— Quem é essa senhora? — Anahí indagou, deixando no colo o livro de Ésquilo.

— Uma prima distante — informou Maite. — Deve ser em terceiro ou quarto grau, nem me lembro..

— Segundo — Lady Ruth corrigiu. — E eu aceitei o convite pela família. Seria uma grosseria recusá-lo.

— Poncho também vai? — Maite perguntou. Anahí teve vontade de beijar a amiga pela pergunta que ela própria não ousaria fazer.

— Seria bom se fosse. Poncho vem abandonando as obri­gações familiares há algum tempo — lady Ruth consta­tou com uma rispidez não usual. — Se não for, terá de se haver comigo.

— Céus, mamãe, que pensamento terrível — Maite falou sem demonstrar nenhuma emoção.

— Não sei o que está acontecendo com aquele menino. — Lady Ruth meneou a cabeça. — Comporta-se como se nos evitasse.

Ele está evitando apenas a mim. Pensou Anahí com um sorriso triste.

Dia da viagem à casa de campo da Lady Ferraz...

Impaciente, Poncho batia o pé enquanto esperava a famí­lia descer. Refletiu que desejava ser como os outros lordes que ignoravam as mães, ou as tratavam como se fossem pe­ças de decoração. Não entendia como concordou com aquela festa desventurada de final de semana a que Anahí cer­tamente compareceria.

Sentia-se um imbecil. Essa convicção aumentava com o passar dos dias. Era um tolo que não sabia lidar com a pró­pria sorte, concluiu, quando a mãe apareceu no saguão.

— Meu filho, terá de ir com Anahí .

Ah, os deuses deviam ter um senso de humor mórbido!

— Mamãe, acha mesmo que seria conveniente? — per­guntou em meio a um fingido acesso de tosse.

— Meu filho — lady Ruth impacientou-se. — Não está pretendendo seduzir Anahí , está?

— Claro que não. Estou preocupado com a reputação dela, ora. O que dirão as pessoas quando nos virem chegar na mesma carruagem? Todos saberão que passamos várias ho­ras sozinhos.

— Ninguém ignora que a tenho como minha filha, por­tanto, sua irmã. Nós poderemos mudar de posição a uns dois quilômetros de Ferraz Park, onde seu pai e ela trocarão de lugar. Não haverá problemas. Seu pai e eu precisamos con­versar com Maite em particular.

— O que foi que ela fez desta vez?

— Parece que ofendeu Georgiana Elster, chamando-a de pata choca e idiota.

— E ela acertou. Georgiana Elster é mesmo uma...

— Maite disse isso cara a cara! — lady Ruth exclamou.

— Uma falta de juízo, mas nada que mereça uma repri­menda de duas horas.

— Isso não é tudo.

Poncho suspirou; seria difícil dissuadir uma senhora tão determinada em seus propósitos. Cento e vinte minutos a sós com Anahí . O que a irmã fizera para merecer essa tortura?

— Ela chamou Sr. Robert Kent de mustelídeo crescido demais — lady Ruth continuou.

— Frente a frente, suponho. A mãe anuiu.

— E o que é mustelídeo?

— Não faço idéia, mas imagino que não seja uma lisonja.

— Acho que o termo refere-se às doninhas — Anahí disse ao entrar no hall vestindo um traje de viagem azul-claro. Sorriu para os dois com polidez.

— Bom dia, querida — lady Ruth cumprimentou-a, animada. — Minha filha, terá de ir com Poncho.

Anahí engasgou e tossiu várias vezes. Irritada, notou-o satisfeito com o seu embaraço.