Fanfic: História de um grande amor (aya)-Adaptada-Finalizada | Tema: Ponny

Dois dias depois, Poncho ainda se encontrava mergulhado em grande perplexidade.

Anahí não se aproximava nem tentava falar com ele, mas vez por outra pegava-se fitando-a com expressão inde­cifrável. Ela tinha plena ciência que o havia perturbado. Ele nem ao menos tinha a presença de espírito de desviar o olhar quando se via observado, demorando alguns instantes para piscar e fingir prestar atenção em outra coisa.

Durante o final de semana, eles se evitaram mutuamente. Se Poncho cavalgava, Anahí entretinha-se na estufa para o cultivo de laranjas; se ela ia passear nos jardins, ele resol­via jogar cartas.

Tudo muito civilizado, muito adulto. E muito sofrido, con­cluiu Anahí .

Procuravam não se encontrar nem mesmo às refeições. Lady Ferraz orgulhava-se de suas habilidades casamen­teiras, mas como era altamente improvável que Poncho e Anahí estivessem romanticamente envolvidos, ela nem mesmo designou-lhes lugares próximos na mesa.

Enquanto Poncho ficava sempre rodeado por uma tropa de donzelas. Anahí via-se acompanhada de viúvos. Maite, ao contrário, sentava-se sempre com três cavalheiros ricos e charmosos; um à esquerda, outro à direita è um terceiro em frente.

Para um dos eventos, a anual caça ao tesouro, lady Ferraz decidiu que os convidados teriam de fazer a busca em duplas. Como o objetivo, nem sempre oculto, da maioria era casar-se ou pelo menos embarcar em um romance, dependendo do estado civil de cada um, os pares seriam compostos por um homem e uma mulher. Lady Ferraz escreveu os nomes dos presentes em tiras de papel. Os nomes das damas tinham sido postos num dos saquinhos, os dos homens, em outro.

No momento ela enfiava a mão em uma das pequenas sacolas e Anahí sentiu um frio no estômago.

— Sr. Anthony Waldove e... — A anfitriã afundou a mão no outro invólucro. — Lady Ruth.

Anahí soltou a respiração. Faria qualquer coisa para ficar com Poncho e tudo para evitá-lo.

— Coitada da minha mãe — Maite cochichou no ouvido da amiga. — Sr Anthony Waldove não é dos mais inteligen­tes. Mamãe terá de fazer todo o trabalho.

— Não me diga.

— Sr. William Fontini e... Srta. Charlotte Gladish. — Lady Ferraz prosseguiu com o sorteio.

— Qual o cavalheiro que mais lhe agradaria para acom­panhá-la na brincadeira? — Maite perguntou.

Anahí deu de ombros. Não se importaria se Poncho fos­se designado para ela.

— Lorde Poncho e...

O coração de Anahí parou de bater.

— ...lady Maite Herrera. Não é mesmo um encanto? Pela primeira vez, desde que fazemos este jogo há cinco anos, contaremos com uma dupla de irmãos como um dos casais.

Anahí não tinha certeza se estava desapontada ou aliviada.

Maite, por sua vez, não tinha dúvida a respeito de seus próprios sentimentos.

— Que desastre! — murmurou em francês de iniciante. — Tantos cavalheiros e tive de cair justo com meu irmão. Quando será a próxima vez em que me será permitido pas­sear a sós com um rapaz simpático? É um verdadeiro des­perdício.

— Poderia ser pior — Anahí afirmou, pragmática. — Nem todos os homens aqui presentes são cavalheiros no sentido estrito da palavra. Pelo menos ele não tentará vio­lentá-la.

— É um pequeno consolo, eu lhe asseguro.

— Mai...

— Fique quieta, escute. Lady Ferraz acabou de chamar lorde Boyes.

— ...e para sua parceira... a Srta. Anahí Portilla!

— Que sorte a sua! — Maite cutucou-a.

E ela caprichou na expressão de pouco caso.

— Não sei para que essa superioridade. Ele é um espetá­culo, não acha? Eu faria qualquer coisa para trocarmos de lugar. Boa idéia! Não existem regras que impeçam a troca e nunca ouvi você dizer que Poncho lhe desagradasse.

Nem poderia, refletiu Anahí com amargura.

— Então, o que me diz? Faria isso por mim? A menos que também esteja interessada em lorde Boyes.

— Oh, não. — Ela procurou não parecer desapontada nem eufórica. — De maneira nenhuma.

— Então vamos trocar de parceiros — Maite sugeriu, ex­citada.

Anahí não sabia se pulava de alegria com a oportuni­dade ou se corria para o quarto e se escondia no guarda-rou­pa. De qualquer forma, não haveria desculpa para recusar o oferecimento da amiga, nem maneira de explicar o receio de ficar a sós com Poncho. Teve vontade de rir e de chorar ao mesmo tempo.