Fanfic: História de um grande amor (aya)-Adaptada-Finalizada | Tema: Ponny

Anahí suportou durante três dias, e com dignidade, a oposição. A avó mudou de tática, usando uma adulação terna.

— Eu entendo, minha filha, que lorde Poncho talvez tenha sido um pouco indolente nas suas atenções, mas ele não se esquivou diante dos deveres. Afinal, não a forçou...

— Não precisa repetir — ela enrubesceu.

— Bem, seu consentimento foi...

— Eu sei, vovó.

— Minha filha, enfim, o que há de errado com o visconde? Ele me parece uma ótima pessoa e assegurou que será capaz de prover às suas necessidades e também que cuidará com carinho da minha neta, isto é, da esposa dele.

Anahí cerrou os dentes.

Na noite anterior as apresentações formais foram feitas. Em menos de uma hora sua avó já estava encantada. Aliás, Poncho deveria afastar-se das mulheres de qualquer idade.

— Não acha que ele é muito atraente? — a avó perguntou. — Claro que sim. Quem não o acharia encantador? Só um cego mesmo. Concorda comigo, minha filha?

Anahí não estava com vontade de concordar.

— É evidente que um belo rosto pode esconder uma mente mal-formada — prosseguiu a senhora —, mas o visconde me parece muito inteligente e sensato. E bastante amável. Con­venhamos, querida, sua situação poderia ser bem pior. — A avó olhou-a com severidade. — Sabe de uma coisa? Não acho que será capaz de encontrar coisa melhor.

Aquela era uma verdade dolorosa que até estava demo­rando para surgir.

— Posso ficar solteira.

A avó não considerou a opção viável e não perdeu tempo sem discuti-la:

— Não estou me referindo ao título ou à fortuna. Ele seria um bom partido mesmo se não tivesse um xelim.

A resposta restringiu-se a um dar de ombros, uma tossidela e uma inclinação de cabeça. E pensou ter resolvido o problema.

O engano não demorou a mostrar sua face. Poncho usou o round seguinte para um apelo à natureza romântica de Anahí . Grandes buquês de flores chegavam a cada duas Ou três horas, cada uma com bilhetes idênticos:

Case-se comigo, Anahí .

Ela tentou ignorar as flores de todas as maneiras, mas não foi fácil. Em pouco tempo lotavam todos os cantos da casa. Poncho fazia grandes progressos com a avó de Anahí , que redobrava os esforços para convencê-la a casar-se com o encantador e generoso visconde.

— Pelo amor de Deus, menina, será que perdeu comple­tamente o juízo?

Anahí nada respondia, mesmo porque não saberia o que dizer.

Nova tentativa e, dessa vez, com uma mensagem que apresentava um erro tático:

Eu a perdôo por haver me agredido.

Em princípio, aquilo a irritou muito, pois havia sido jus­tamente aquele tom condescendente que a levava a dar-lhe um soco. Depois reconheceu o significado oculto, que soava como uma advertência sutil. Ele não toleraria por muito tem­po sua teimosia.

No segundo dia do cerco, Anahí deu-se conta de que ar puro era uma necessidade primordial. A fragrância de todas aquelas flores tornaram-se bastante enjoativa durante a gra­videz, mas agora...

Decidida, pegou o chapéu e foi até o parque das proximi­dades, o Queen Street Garden, para espairecer.

Poncho pôs-se a segui-la imediatamente. Não estava brin­cando ao afirmar que a casa se encontrava sob vigilância cerrada. No entanto ocultou não ter contratado serviços profissionais de espreita, mas que designava seu criado de quarto para tal tarefa. Depois de oito horas de observação ininterrupta pela janela, o pobre rapaz finalmente suspirou aliviado. A dama em questão saía de casa, e ele poderia aban­donar o posto.

Sorriu ao vê-la caminhar com passos rápidos e estranhou que não estivesse acompanhada de uma criada. Edimburgo não era tão perigosa como Londres, mas uma dama de boa estirpe não podia sair sozinha. Ele não toleraria esse tipo de comportamento quando estivessem casados.

E eles haveriam de se casar, o contrário estava fora de questão.