Fanfic: Prisioneira do Amor AyA Finalizada | Tema: AyA, Hot, Romance

Ela não tinha nada a esconder, mas a lembrança de quando fora presa, e do terror claustrofóbico que sentira ao ser trancada numa cela, a fez tremer. Na área rural onde passara sua infância, a polícia era desacreditada por muitas pessoas, inclusive por seu pai, e Anahi crescera com uma cautela intrínseca em relação à autoridade.
Alfonso andou para a porta.
— Bem, você tem algumas horas para surgir com uma explicação sobre o dinheiro desaparecido da herança de Christian. Buonanotte, Anahi. Eu tentaria dormir um pouco, se fosse você. Precisará estar esperta amanhã.
Anahi olhou para a porta que ele fechou, sentindo outra onda de choque quando ouviu a chave virar na fechadura.
— Ei! — Incredibilidade transformou- se em raiva quando ela tentou abrir a porta e descobriu que estava trancada. Bateu na madeira sólida. — Tire-me daqui. Você não tem direito de me prender.
— O desaparecimento de um milhão de libras do meu primo me dá todo direito — replicou ele. — A propósito, você pode fazer quanto barulho quiser... 

Ninguém ouvirá. Meu quarto fica na outra ponta do corredor e os aposentos do staff são do outro lado da casa.
Se aquele fosse um sonho louco, ajudaria se ela acordasse agora, antes que tentasse seu plano ousado de fuga, pensou Anahi, vinte minutos depois. Mas quando saiu na varanda do quarto, a brisa noturna e o som da água batendo no canal eram muito reais. Era sorte que seu quarto ficava no segundo andar da casa, em vez de no último, mas o caminho do canal abaixo ainda parecia muito longe, e ela quase perdeu a coragem.
Todavia, a perspectiva de ser questionada pela polícia e ter de convencê-los de que não sabia nada sobre o dinheiro desaparecido de Christian a enchia de pavor. Alfonso obviamente achava que ela tomara a herança do seu primo, e, devido ao seu registro criminal, era provável que a polícia pensasse o mesmo. A única pessoa que podia limpar seu nome era Christian, mas até que ele recobrasse a consciência, ela mais uma vez seria acusada de algo que não tinha feito.
Pensou em Alfonso. Como ele ousava aprisioná-la ali? A onda de raiva acalmou seus nervos, e após verificar se os lençóis que tirara da cama e amarrara estavam bem presos à barra de proteção da varanda, Anahi pulou sobre a balaustrada e começou a descer a corda improvisada. Felizmente, os lençóis amarrados agüentaram seu peso.
Em seu trabalho, estava acostumada a subir e descer andaimes, mas quando olhou para baixo e viu a distância do solo, sentiu-se apavorada. Decidindo não olhar mais para baixo, continuou descendo.
— Indo embora tão cedo, Srta. Harper? — uma voz familiar perguntou suavemente.
Com um grito de susto, a mão de Anahi escapou do lençol e ela caiu. Fechou os olhos, esperando sentir o impacto de seu corpo batendo no chão de pedras, mas, em vez disso, duas mãos a seguraram, e sua queda foi amortecida pelo peito largo de Alfonso.
— Santa Madonna! Sua maluca — exclamou ele colocando-a de pé, fúria brilhando nos olhos.
Anahi estava tão chocada que não podia falar, mas Alfonso não teve problemas em vociferar seus sentimentos.
— Você poderia ter morrido. Eu só posso assumir que você sabe sobre o dinheiro de Christian se estava disposta a arriscar sua vida tentando fugir de mim.
— Eu me recuso a ser presa contra minha vontade por um detetive amador que fez uma acusação totalmente infundada contra mim — retrucou Anahi. — Vim para a Itália porque queria tentar ajudar Christian, mas se você acha que vou continuar aqui para ouvir suas acusações e insultos está enganado — disse ela com raiva. — Em vez de me perseguir, deveria se questionar por que seu primo parecia tão infeliz enquanto estava em Londres. Eu sabia que alguma coisa o estava perturbando, mas ele não me fez confidências... Nem a você, aparentemente. Você diz que pensa em
Christian como um irmão, mas se isso fosse verdade, saberia que alguma coisa estava errada com ele.
— Você não sabe nada sobre meu relacionamento com meu primo — protestou ele.
Mas Alfonso admitiu para si mesmo que havia alguma verdade no que Anahi dizia. Ele estivera tão ocupado dirigindo Cassa dei Cassari e assumira que Christian  estava bem na faculdade em Londres. Tinha sido um alívio abdicar de um pouco da responsabilidade que tinha com sua família, e, embora sua tia reclamasse que Christian raramente telefonava para casa, Alfonso gostara do fato de seu primo estar se tornando independente. Não tinha idéia de que o jovem estava infeliz, mas era Anahi quem estava dizendo isso, e ele não acreditava na palavra de uma mulher que havia sido condenada por fraude. 

— Aonde você pensa que vai? — demandou ele, quando ela tentou se desvencilhar de seu toque e ajeitou a mochila nas costas.
— Para casa. — Balançando seu cabelo glorioso, ela o encarou. — Eu decidi abrir mão do prazer de sua hospitalidade. — Apenas me diga onde é o aeroporto mais próximo e eu vou embora.
— Nem pensar. Você falou que ficaria até que Christian recobrasse a consciência — relembrou Alfonso.
— Isso foi antes de perceber que você é um intimidador arrogante.
O tom de voz de Anahi aumentou, chamando a atenção de um grupo de pessoas que estava atravessando uma ponte sobre o canal, ali perto. Eles eram americanos, Alfonso percebeu quando os ouviu falar com um sotaque distinto. Havia muitos turistas visitando Veneza na primavera.
Ele viu Anahi olhar para as pessoas e adotar uma expressão aliviada quando ela percebeu que eles falavam inglês.