Vem Chris pode entrar… - Mai abriu a porta da casa para Christian que tinha nas mãos um papel.
- Mai, pra você. De Alfonso. - Ele disse se sentando no sofá com a amiga ao lado.
- NINGUÉM FALOU NADA DE MIM PRA ELE NÉ? NEM NÚMERO DE TELEFONE, NEM ENDEREÇO, NEM AO MENOS O E-MAIL. - Ela olhou espantada para o amigo que negou com a cabeça. - Então o que é isso?
Abriu o papel e descobriu um pequeno recado de Alfonso dentro.
“Maite, não sei o que aconteceu
comigo depois que te conheci.
Não consigo pensar em outra pessoa a
não ser você.
Vejo seu rosto em todos lados que
olho, preciso de você.
Por favor, se poder me ligue:
******18"
Alfonso herrera
Te amo.
- Ain Chrrrriissss. O menino se apaixonou por mim. - Ela falou sem tirar os olhos do papel. Não era isso que queria, ela não gostava dele, não se sentia atraída por ele e nem queria uma aproximação, se estivesse realmente grávida ele atrapalharia todos seus planos.
- E o que você vai fazer?
- Não sei. Ah, diz que eu tô trabalhando muito, se ele perguntar aonde trabalho diz que não sabe porque eu nunca paro quieta em um canto, também diz que perdeu o papel e vai ser difícil de me ver de novo porque vou viajar e ficar fora por um longo tempo. - Ela segurou as mãos do amigo e o olhou meio assustada. - Sei lá Chris, inventa tá?
- Ok. Mas Mai você não queria se casar um dia? - Ele perguntou sem entender a amiga.
- Sei disso, mas com ele foi só por um dia, não quero aprofundar as coisas e com uma criança não mais, quero cria-la sozinha. - Maite colocou a mão na barriga sorrindo.
- Acredita que você esteja grávida?
- Marquei uma consulta para daqui a um mês, mesmo que hoje ainda seja o 2º dia desde o dia que fiquei com Alfonso. - Ela sorriu e abraçou o amigo. - Estou confiante. Bom, mas você não veio aqui para isso, vamos conversar muito hoje e se você puder, me ajuda a resolver uns processos que trouxe desde o ultimo dia que trabalhei e até agora não fiz nada.
O feriado passou e a rotina de Maite voltou ao normal. Voltaram os processos e suas dores de cabeça constantes com tantas coisas para resolver em tão pouco tempo. Christian a havia ajudado, conseguiram adiantar muitas coisas, mas num só dia apareciam vários outros processos a serem analisados, deixando-a ainda mais louca e com ainda mais dor de cabeça, sonhando com o momento em que chegaria em casa e poderia disfrutar de sua tão amada banheira. Maite começou a defender um cliente novo e quase não dormia pensando em novas alegações a favor do réu.
- Parece que a pior coisa que pode acontecer é ter feriado né. - Maite disse calmamente chegando ao escritório do tribunal, passou pelos funcionários dando bom dia e foi até a mesa de seu secretário. - Valter me passa toda aquela historinha pra boi dormir do novo cliente.
Em poucos minutos estava sentada em sua cadeira de couro e camurça escolhida a dedo pela mesma, muito exigente sempre decidiu o que por ou não por em seu próprio escritório, mas nem sempre havia sido assim, no principio era somente uma advogada que trabalhava em casa e, poucas vezes, ia a um tribunal salvar a vida de um cliente.
- Olha, se esse sair ileso da sala do tribunal merece uma queima de fogos, que fichinha mais “linda” para não dizer outra coisa! - Maite exclamou já preocupada no que iria dizer a favor do cliente, pelo jeito novamente teria aquela briguinha básica com o Júri e o Juiz e novamente seria mandada para fora da sala depois de um surto.
Surto… Surto foi algo que teve depois de abrir todos seus e-mail e dar de cara com um nome nele “Alfonso herrera”.
- COOMMOOO? - Ela gritou indignada com o que estava vendo batendo as mãos na mesa. - Quem foi? Quem foi à criatura filho da mamãe que deu meu e-mail para ele? - Caçou o celular dentro da enorme bolsa cheia de documentos e papeis, ao acha-lo o primeiro número que discou foi o de Jessica.
- Mai já disse que eu não fui. - Jessica respondeu do outro lado da linha depois de ouvir todo o sermão de Maite. - Você pelo menos leu o e-mail? E se não é nada do que você está pensando?
- Ingenuidade corre pelas veias em Jessy. - Ela respondeu ainda furiosa. - Tá, vou ligar pra Christian, tenho 30 minutos pra resolver isso antes de entrar na sala do tribunal.
Mais uma ligação… A mesma resposta e a mesma pergunta. De tanto repetirem, Maite resolveu abrir o e-mail de Alfonso apenas por curiosidade, se surpreendo pelos dotes de poema que ele tinha.
De: Alfonso.P.H @ email. com
Para: maitep.beorlegui @ email. com
Assunto: Que tal uma segunda oportunidade?
“Verte sin tocarte
Entre líneas navegarte
Sin piel enamorarme
Pruébame si es real a través del cristal
Antes que se enfríen tus manos y me olvides
Envíame una carta con tinta azul
Para ver que la escribiste tú”
Daquele
que sonha com você todos os dias, Alfonso.
- Tinta azul? - Franziu o cenho confusa. - Bom.
“Uau, que lindo, mas se ele acha que eu sou tão melosa assim… Não meu caro Poncho.” - Maite pensou balançando a cabeça em forma negativa, excluiu o e-mail e foi terminar seu trabalho.