Fanfics Brasil - Três Primeiro ano

Fanfic: Primeiro ano | Tema: Romance, Drama


Capítulo: Três

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Karol


            Entrei na minha sala e sentei na terceira cadeira da fila, na parede oposta à mesa do professor, o mais longe que consegui ficar dele nesse momento. Coloquei meu guarda chuva dentro de uma sacola e pendurei na cadeira. Agradeci não ter me molhado muito.


            O professor entrou correndo na sala. Estava atrasado. Ele devia ter uns 50 anos, era alto, tinha o cabelo um pouco grisalho e parecia não gostar do que estava fazendo.


            - Sentem-se! – gritou – Eu serei seu professor de Português e teremos quatro aulas por semana, então fiquem atentos. Quem faltar muito não terá chance na minha matéria e eu odeio atrasos.


            Enquanto pensava que ele estava atrasado, alguém abriu a porta bruscamente, o que assustou todo mundo.


            - O senhor não é nem um pouco educado! Onde pensa que está entrando?! – gritou o professor de novo. Foi então que vi um garoto todo molhado com uma cara de indiferente. Era ele de novo.


            “Qual a chance disso acontecer?” – pensei.


            - Parece que você se molhou um pouco. Sente-se logo ali e tente não molhar ninguém – o professor apontava para a cadeira atrás de mim. O garoto se virou e me viu. Ele sorriu, eu abaixei o olhar, corada e ele sentou. – Como eu dizia, eu odeio atrasos e faltas – disse olhando o garoto – Para começar nossa aula vocês farão dupla de acordo com a ordem das filas: o primeiro da fila fará dupla com o segundo, o terceiro com o quarto e assim sucessivamente. Vocês terão que fazer ao parceiro as perguntas que vou passar no quadro. Daqui dez minutos, cada dupla irá na frente da sala apresentar seu parceiro – ele se virou pra mim e, com a cara mais sarcástica do mundo, disse – Acho que você ficará com o mal educado molhado. Sinto muito garota.


            No quadro ele escreveu:


Perguntas:






Nome?


Idade?


Nome dos pais?


Nome do melhor amigo?


Por que escolheu essa escola?


O que mais gosta de fazer nas horas livres?


Algo que gostaria de esquecer?


O que deseja para o futuro?





            Enquanto anotava, o garoto colocou sua carteira ao lado da minha, me assustando. Foi quando a ficha caiu.


            “Sério! Qual a chance disso acontecer?” Olhei para ele que me olhou de volta. Seus olhos eram verdes como esmeralda e estranhamente familiares. Tinha os cabelos castanhos e um leve bronzeado sobre a pele. Quando finalmente me toquei que o olhava desviei olhar e corei de novo. Percebi que ele ainda olhava para mim e um silêncio surgiu entre nós. Foi o minuto mais constrangedor da minha vida. “Por que ele ainda está me olhando?”


            - Oi senhorita – finalmente ele quebrou o silêncio – Ainda não sei seu nome.


            - Karolina Linz – disse ainda olhando para baixo.


            - Prazer senhorita, meu nome é Diego Half. Desculpe está molhado, mas é que eu sou um idiota. Só eu mesmo pra esquecer o guarda chuva nesse tempo!


            - Me desculpe por isso – disse envergonhada.


            - A culpa não é sua, senhorita, e sim da chuva. Vamos começar logo com essa atividade?


            - Tudo bem.


            - Eu pergunto primeiro: idade?


            - 16 anos.


            - Nome dos pais?


            - Sthefani e Marcos Linz.


            - Nome do melhor amigo?


            - E-eu... – como alguém pode não ter amigos? O único amigo que eu tive foi há muito tempo. E não lembro o seu nome. Também não tenho certeza se ele era real – eu não tenho amigos.


            - Resposta: – disse anotando – o melhor amigo dela chama-se Diego – Finalmente o olhei, confusa, me perguntando o porquê disso – Por que escolheu essa escola?


            - Eu... sempre... quis estudar aqui – não estava conseguindo me concentrar e desviei o olhar de novo – É a melhor escola da região.


            - O que mais gosta de fazer nas horas livres?


            - Gosto de ler e... – “Não posso falar do xadrez, é muito nerd”


            - E...


            - Nada mais. É só isso. Gosto de ler.


            - Entendi. Algo que gostaria de esquecer?


            A imagem de meu pai sendo baleado veio logo a minha mente. Ele morreu em um assalto, em nossa casa e na minha frente. Por algum motivo o ladrão atirou. Eu não me lembro de ver meu pai reagindo ou falando algo que justificasse uma reação do ladrão. Ele só olhava para mim e minha mãe que chorávamos do outro lado da sala. Tentava nos encorajar. Foi quando ouvi um barulho. Vi seu olhar que nos consolava perder a vida e o sangue escorrer em seu rosto. Ele caiu virado na nossa direção. Minha mãe gritou tão alto, tão forte. Um grito de dor e desespero e os ladrões fugiram. Eu tinha 6 anos.


            Olhei para Diego, buscando consolo em seus olhos verdes que me olhavam de volta. Não sei por que fiz isso. Senti uma lágrima sair do meu olho esquerdo e ele apertou minha mão.


            - Me desculpe – disse voltando ao mundo real. Soltei minha mão e sequei a lágrima com a manga da blusa.


            - Tudo bem, senhorita? – fiz que sim – Deve ser uma lembrança muito forte para fazer seu olhar mudar desse jeito. Então vamos pular essa! Ultima pergunta: o que deseja para o futuro?


            - Quero ser arquiteta.


            - Acho uma profissão incrível! Agora é minha vez então, senhorita de poucas palavras.


            - Ah... sim... idade?


            - 15 anos.


            - Sério? Não parece.


            - Por quê?


            - É que... – “Droga! Corei de novo!” – você parece mais velho. Pelo menos achei que fosse mais velho que eu – passei para a próxima pergunta antes que ele dissesse alguma coisa – Nome dos pais?


            - Mônica e Felipe Half.


            - Nome do melhor amigo?


            - Diogo, meu irmão mais velho – senti inveja por ele ter um amigo e um irmão, principalmente por serem a mesma pessoa.


            - Por que escolheu essa escola?


            - Minha mãe me obrigou – olhei pra ele com cara de interrogação – Odeio ter que vir para a escola e minha mãe me obriga a estudar aqui, longe de casa, só porque é a melhor escola e blá, blá, blá. O pior é que vou pegar um resfriado no primeiro dia de aula. Só porque parei para ajudar uma linda senhorita.


            - Me desculpa – disse desviando o olhar.


            - Isso foi um elogio – ele sussurrou no meu ouvido. Congelei, sentindo meu coração acelerar e minha capacidade de falar desaparecer. Então ele continuou falando – Gosto de qualquer esporte nas horas livres. Mas também gosto muito de jogar xadrez. Já fui campeão regional. – “Oi? Isso é realmente possível?” – Próxima pergunta, senhorita? – engoli em seco.


            - Algo que gostaria de esquecer?


            - A morte do meu cachorro – disse rindo – que se chamava Dumbo.


            “Que fofo!” – pensei – O que deseja para o futuro?


            - Nada ainda. Não pensei nisso ainda – respondeu, fazendo cara de quem está fazendo muito esforço para pensar. Dei uma risada e ele olhou para mim com um sorriso – Fico feliz que te fiz sorrir.


            - Já passaram os dez minutos – o professor falou – Quem vai ser a primeira dupla?


            Diego se levantou. “Por que ser a primeira dupla? Porque ele se levantou?” – ele me olhou e eu não tive escolha. Levantei e caminhei atrás dele até a frente da sala.


            - Começa você garota – disse o professor.


            Comecei a falar, gaguejando e atropelando as palavras. Falei muito rápido e logo chegou a vez de Diego. Vi o professor fechar a cara quando ele leu o nome do melhor amigo e quando Diego terminou o professor me encarou e perguntou:


            - Por que ele não falou o que você gostaria de esquecer? A atividade era para que vocês se abrissem para seus novos colegas, mas você não consegue responder uma simples pergunta? Deve ter algo que você queira compartilhar conosco. – Congelei e senti as lagrimas se formarem.


            - O senhor não pensa que pode ter um motivo para ela não querer falar? – Diego disse, elevando a voz mais que o necessário – Que tipo de professor obriga o aluno a dizer algo íntimo?


            - O que está insinuando rapazinho? Eu sou a autoridade aqui!


            - Vivemos em uma democracia! – Diego gritou – Você não pode a obrigar a dizer o que não quer!


            - Já chega! Os dois me acompanhem agora! – acompanhamos o professor, que pisava firme. Ele nos levou até a sala da diretora. Demorei processar tudo aquilo. Por que Diego fez isso? Por que ele se prejudicou por mim?


            - Me desculpa – sussurrei para ele.


            - Você tem que parar com isso, senhorita – ele disse sorrindo.



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Autor(a): Cristal Tally

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Diego             O professor bateu na porta da sala da diretora e entramos. Vi ele pensar um pouco antes de começar a falar. Não parecia ter um forte motivo para estarmos ali e ele parecia perceber isso só agora. Deu algumas desculpas sob o olhar atento da diretora. Quando parou de falar ela pediu ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 1



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  • desirresavinon Postado em 18/05/2015 - 13:40:38

    Primeira a comentar!!! Já to gostando da sua fic, posta maissss plis


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