Fanfic: → εïз۰•●Um bebê a caminho [Terminada] ●•۰εïз 

Desculpa a demora para postar!

Não percam as web`s de dezembro, em breve!

CAPITULO V

Mesmo na manhã seguinte, a simples lembrança da frase sarcástica de Christopher e daquele sorriso irônico teve o poder de deixar Dul enfurecida.

— Não sou obrigada a aceitar a presença dele — disse ao ursinho de pelúcia sentado sobre sua cômoda. — Pelo menos não por muito tempo — acrescentou.

Tinha seu bebê para lhe fazer companhia, não precisava de mais ninguém. Levando as mãos ao ventre, perguntou-se como seria possível amar tanto um ser que ela ainda nem conhecia e que já lhe parecia tão real.

Quando desconfiara de que estava grávida, sua primeira reação fora de pânico. Sozinha, no banhei­ro, e segurando o kit de teste com a mão trêmula, nunca sentira-se tão apreensiva em toda sua vida. Não queria ter um filho logo no período em que estava começando a pôr sua vida em ordem.

Haviam aceito seu pedido para a realização do mestrado e arrumara um emprego de meio período para ajudar a cobrir as despesas. Entretanto, por mais que estivesse aflita, quando o indicador ficou cor-de-rosa, sentira uma onda de felicidade que nun­ca mais a abandonara desde então.

Nem os enjôos matutinos, as preocupações finan­ceiras ou mesmo os desentendimentos com Christopher poderiam fazê-la se arrepender de estar esperando aquele bebê.

Acariciando o ursinho de pelúcia, falou:

— Posso não haver começado tudo isso direito, mas pretendo ser a melhor mãe do mundo.

Lembrou-se do modo protetor como Christopher a tra­tara na noite anterior. Enquanto estivera aninhada naqueles braços fortes, quase chegara a acreditar que ele estivesse sendo sincero.

— Não é comigo que Christopher está preocupado, nem com o bebê — disse ao ursinho. — Ele quer apenas aliviar a consciência, antes de ter de partir novamente.
Se quer saber, não tenho a mínima vontade de que ele fique. Já superei meus sentimentos e, no momento, ele é apenas o irmão da minha senhoria...

Dul se interrompeu ao ouvir uma breve batida à porta. Logo em seguida, Annie colocou a cabeça na fresta, fazendo os cabelos caírem sobre seu ombro.

— Olá. A conversa é particular ou também posso participar? — Retribuiu o sorriso de Dul, antes de olhar para o ursinho de pelúcia. — Oh, mas que gracinha! Onde o comprou? — perguntou, aproxi­mando-se da amiga.

  — Ganhei de Bianca, ontem — explicou Dul.

  Entregando o ursinho à amiga, foi sentar-se na cadeira de balanço, a um canto do quarto. Com um suspiro, pegou a cestinha de tricô.

—Bianca é mesmo um amor — disse Annie. — E o que a sra. Salazar lhe deu?

—Mais conselhos sobre o martírio do parto — ironizou Dul.

—Como se ela soubesse — replicou Annie, com uma careta. — Bianca é adotada.

Dizendo isso, sentou-se na cama da amiga e deixou o ursinho de lado.

Dul sorriu para ela, pensando mais uma vez em como eram surpreendentes as semelhanças e as di­ferenças entre Annie e o irmão. Qualquer observador casual, por mais desavisado que fosse, notaria a se­melhança entre os dois. Ambos eram altos, e olhos muito azuis.

Porém, a maior diferença entre os dois era o tipo de comportamento. Christopher era mais reservado e não cos­tumava demonstrar o que estava pensando, enquanto Anahi era mais amigável, mostrando sempre um interesse sincero pelas pessoas que a cercavam.

Examinando as unhas bem manicuradas, Annie disse:

— A sra. Salazar só quer seu bem.

— Eu sei.

— Christopher também.

Dul olhou para a amiga no mesmo instante, sur­presa com o comentário.

— Ora, Dul, eu teria de ser uma idiota para não perceber quanto ele está interessado em você. Para dizer a verdade, nunca vi Christopher agir de um modo tão possessivo antes. Ele costuma ser assim comigo, mas deve estar agindo dessa maneira com você por estarmos morando na mesma casa.

Dul respirou aliviada. Felizmente, Annie não havia notado o verdadeiro motivo da possessividade do irmão.

— Não há razão para ele agir dessa maneira — declarou, voltando a tricotar.

— Eu sei — anuiu Annie —, mas você nunca o convencerá disso. Christopher é do tipo que assume a liderança em qualquer situação. De certa forma, isso não é tão ruim assim. — Depois de um pequeno silêncio, continuou: — Quando papai morreu, Christopher tinha apenas dezesseis anos, mas assumiu com perfeição o papel de homem da casa. E com uma casa velha como essa, a tarefa não foi nada fácil, pode acreditar. Havia sempre algo para ser consertado e o dinheiro era muito escasso. A situação ficou ainda pior quando mamãe morreu, poucos anos depois. Somente quando Christopher terminou a faculdade e conseguiu o emprego na Visatek foi que a situação começou a melhorar. Ele realmente adora lidar com aqueles computadores.

Dul havia visto o computador que Christopher usava enquanto estava em casa. A máquina e seus acessórios formavam um conjunto imponente, dominando boa parte do escritório. De súbito, parou de tricotar.

—Acha que ele vai ficar muito tempo por aqui?

—Provavelmente não mais do que um ou dois dias. Os trabalhos que ele lidera exigem a presença dele.

—Qual é exatamente o trabalho dele, Annie?

—Nunca lhe contei?

Nem mesmo Christopher contara, pensou Dul, balan­çando a cabeça negativamente.

—Pensei que você soubesse — continuou Annie. — Christopher é engenheiro eletrônico, especializado em sis­temas de reconhecimento, se é que isso explica algo. Ele também entende um pouco de computação gráfica, sobre sistemas de informação e outras áreas que cos­tumam fazer os cérebros esquentarem. Ainda bem que ele não pode falar muito sobre o trabalho. Geralmente os projetos são secretos e não podem ser divulgados.

—Entendo.

Dul se balançou um pouco na cadeira, pensando no que a amiga revelara sobre o irmão.

—Ele deve gostar muito da profissão — conjecturou.

—O que Christopher gosta mesmo é do desafio. Por isso ele é bom no que faz. Muitas empresas brigaram para tê-lo como profissional, e em algumas ele nem teria de viajar tanto. Só que a Visatek ofereceu con­dições irresistíveis. Foi ele quem pagou minha fa­culdade, sabia? Por isso fiz questão de me esforçar ao máximo para obter meu diploma.

Dul sabia que Anahi havia terminado o curso de quatro anos de faculdade em três, antes de se dedicar totalmente ao trabalho na área de propa­ganda e marketing.

Ela própria, por outro lado, demorara seis anos cur­sando a faculdade de letras, e não conseguira terminar o ultimo semestre, devido a vários contratempos que tivera de enfrentar por causa de sua mãe.

—Tem sorte por fazer o que gosta — disse a Annie.

—É verdade. Na época, Christopher falou que o di­ploma me ajudaria muito no momento de escolher o emprego, e ele estava certo. Mamãe também sem­pre me incentivou a fazer pelo menos o bacharelado. Ela dizia que o diploma universitário era um inves­timento para o futuro.

Dul tentou imaginar Blanca lhe dando um conselho do mesmo tipo, mas não conseguiu. Sua mãe vivia mais preocupada com o novo papel que iria desem­penhar no cinema do que com a formação cultural da filha. Assim que tomara conhecimento daquela triste realidade, Dul decidira sair de casa e levar uma vida mais "normal".

SEGUE...