Fanfic: → εïз۰•●Um bebê a caminho [Terminada] ●•۰εïз 

A enfermeira ficou de lado e fez um sinal para que ele entrasse.

Christopher não hesitou e seguiu em frente. Ainda deitada na mesa de exame, Dul o fitou com uma expressão atônita. Estava vestida com um daqueles camisolões de hospital, com a barriga coberta por um lençol branco. O tecido deslizou um pouco, re­velando a pele alva de Dul, mas ela puxou o lençol no mesmo instante, lançando um olhar furioso em sua direção. Antes que ela pudesse protestar contra sua intrusão, ele se dirigiu à médica.

— Olá, doutora. Sou Christopher Uckermann, o pai da criança. Eu gostaria de saber como está o andamento da gravidez.

A médica era uma bonita morena aparentando trin­ta e poucos anos. Saudou-o com um sorriso amistoso.

— E um prazer conhecê-lo, sr. Uckermann. Incenti­vamos os pais a participarem de todos os estágios do pré-natal. Sua ajuda tornará a gravidez bem mais fácil para Dul. — Indicando uma cadeira, continuou: — Pode sentar-se e acompanhar o exame. Estou localizando o batimento cardíaco do bebê.

Christopher fez o que a médica sugerira, tomando o cuidado de manter certa distância. Pelos gestos en­furecidos que Dul estava lhe dirigindo sempre que a médica virava de costas, ficou mais do que evidente que sua presença não era bem-vinda ali.

Só que ele não era do tipo que desistia facilmente. Nunca fora. Além do mais, era sua obrigação acom­panhar a gravidez de Dul, para saber se tudo estava indo bem. Ficou fascinado ao observar como era rea­lizado o exame.

A médica passou uma espécie de gel na barriga de Dul, antes de começar a deslizar um aparelho sobre ela.

"Juro que vou matá-lo", pensou Dul. Christopher sabia muito bem que ela não o queria no consultório du­rante o exame físico, mas somente bem depois, quan­do a médica houvesse terminado. Estava sentindo exposta e vulnerável diante daquele olhar intenso.

De súbito, uma série de barulhos estranhos sur­giram do amplificador ligado ao estetoscópio.

—Isso é o estômago dela roncando — explicou a médica.

—Mais parece uma alcatéia de leões brigando por um pedaço de carne. — Christopher não resistiu ao comentário.

Dul fechou os olhos. Por que não acontecia algum milagre que o fizesse desaparecer dali? Nunca pas­sara um embaraço maior em toda sua vida.

O barulho se tornou ainda mais intenso conforme a médica foi deslizando o estetoscópio sobre sua barriga.

—Machuquei você? — perguntou a médica quan­do Dul se encolheu.

—Ela tem cócegas aí — respondeu Christopher, para maior embaraço de Dul.

Mal pôde acreditar que Christopher tivesse uma me­mória tão boa para detalhes como aquele.

"Vá embora!", disse mexendo apenas os lábios quan­do a médica se virou mais uma vez. Contudo, ele não estava olhando para seu rosto. Christopher observava o estetoscópio como se estivesse hipnotizado, acompa­nhando com atenção cada movimento da médica.

Dul havia acabado de decidir que repetiria a frase em voz alta quando um batimento ritmado começou a ecoar pela sala.

— Aí está! — exclamou a médica, satisfeita.

Dul sentiu-se invadida pela mesma sensação de des­lumbramento que sempre experimentava ao ouvir o coração do bebê. Involuntariamente, olhou para Christopher. Por um instante, percebeu nos olhos dele o mes­mo ar de encantamento que ela própria estava sentindo.

— Meu filho — disse, sorrindo para ele. Porém, Christopher se tornou sério no mesmo instan­te, como que contrariado.

— Filha — corrigiu ele. — O ritmo não está um pouco acelerado? — perguntou à médica.

—Está perfeitamente normal — respondeu ela, no momento em que o bebê mudou de posição, pro­vocando uma série de barulhos diferentes. — Ok, por hoje está ótimo.

A dra. Kanuse entregou uma toalhinha a Dul, para que ela limpasse o gel da barriga. Enquanto isso, lavou as mãos na pia do consultório.

—         Continue tomando as vitaminas, Dul — disse por cima do ombro. — Caminhe um pouco todos os dias. Relações sexuais também são saudáveis nesse ponto da gravidez.

Christopher arqueou uma sobrancelha. Dul sentiu o rosto esquentar.

— As crises de tontura estão melhorando? — per­guntou a médica, secando as mãos.

Dul assentiu.

—Ótimo. Avise-me se começar a ter dores de cabeça. — Sentando-se à mesa, a médica pegou o bloco de receitas. — O bebê está muito bem. Ainda assim, pre­cisamos tomar um certo cuidado com seu peso, Dul.

—O há de errado com o peso dela? — Christopher quis saber.

A médica sorriu, com ar profissional.

—Dul está um pouco abaixo do peso recomendado para o terceiro trimestre. Não é nada para se preo­cupar, mas quero que ela ganhe mais peso. Também precisa repousar bastante. Os últimos estudos mos­traram que ficar de pé muito tempo, como Dul permanecesse no trabalho, aumenta os riscos de a mu­lher ter parto prematuro.

—Então acha que ela já deveria parar de traba­lhar? — indagou Christopher.

  A médica o encarou.

—Seria melhor se ela pudesse parar, mas Dul já me disse que isso não é possível.

—Claro que é, se for o melhor para o bebê — insistiu ele. — Não é, Dul?

Aborrecida com a intromissão de Christopher, Dul jo­gou a toalha de papel no lixo e fechou o camisolão com mais firmeza em torno de si.

—Conversaremos sobre isso depois — respondeu, com frieza.

—E uma ótima idéia — aprovou a médica. — Conversem sobre o assunto. Acabará percebendo que seu noivo tem razão, Dul. Talvez seja melhor parar de trabalhar nessas últimas semanas de gestação.

Dul não respondeu nada.