Fanfic: → εïз۰•●Um bebê a caminho [Terminada] ●•۰εïз 

— Surpresa!

Dul se sobressaltou, levando as mãos ao ventre num gesto instintivo, quando Maite Perroni abriu a porta de repente. Atrás de Maite, avistou um grupo de mulheres sorridentes e, acima delas, uma faixa onde se lia: "Parabéns, Dul, pelo presente que irá receber em breve".

Ela sentiu um aperto na garganta. As amigas ha­viam lhe preparado um chá-de-bebê surpresa.

  — Oh, nem sei o que dizer... — murmurou, con­tendo as lágrimas.

Maite se adiantou e tirou o chapéu de Dul, mo­lhado de chuva. Em seguida, pegou a bolsa e o casaco da amiga, deixando-os pendurados no cabide próxi­mo à entrada.

  — Essas chuvas de verão de Oregon estão se tor­nando piores a cada ano — disse ela, conduzindo Dul até uma poltrona confortável. — Sente-se e des­canse um pouco, querida. Como sempre, Annie está atrasada, e não podemos começar sem ela.

  Dul se acomodou na poltrona e deixou que Maite posicionasse melhor algumas almofadas, para apoiar suas costas. O tecido de seu macacão jeans se avo­lumou sobre sua barriga, parecendo torná-la ainda maior. Depois de ajeitar a roupa, passou a observar as amigas conversando animadamente. Sim, era muito gratificante ter boas amizades.

Em Beverly Hills, onde ela crescera, nunca co­nhecera os vizinhos de sua mãe. A mini mansão de Blanca Saviñon era separada das outras propriedades por paredes altas e isoladoras. Porém, mais isoladora ainda era a atitude de sua mãe, sempre des­confiada das pessoas que não compartilhavam o mundo do cinema com ela. Como Dul sempre quisera se tornar professora, e seu interesse pelo cinema era mais do que comum, ela própria sentia-se como uma estranha em meio àquele mundo.

Até chegar a Lone Oak, o tipo de cidade pequena onde ela sempre quisera viver. Um lugar habitado por pessoas sinceras, que se importavam umas com as outras.

— Então ficou surpresa, Dul? Acreditou mesmo que Maite iria fazer a reunião para demonstrar uma nova linha de cosméticos? — perguntou-lhe Anabel Royce.

Dul olhou para a morena esguia.

— Fiquei completamente surpresa.

— Não achou estranho quando lhe pedi para ficar até mais tarde na loja sendo que seu expediente já havia terminado?

— Sim, claro que achei estranho.

Na verdade, Dul não achara tão estranho assim. Anabel, que a empregara para cuidar de uma loja de departamento, não ficara nem um pouco satis­feita quando a nova empregada dissera estar grávida apenas dois meses depois de haver sido con­tratada. Dul pensara que o pedido para ela ficar até mais tarde fosse apenas mais uma demonstração do desagrado da chefe.

"Puro engano", concluiu, retribuindo o sorriso amis­toso de Anabel. De fato, enganara-se com todos. A prin­cípio, pensara que as pessoas iriam lhe virar as costas quando soubessem que ela estava grávida mesmo sendo solteira. No entanto, todos estavam sendo mais do que gentis com ela. Depois de ficarem sabendo, por meio de Anahi, que ela não queria falar sobre o pai da criança, ninguém a questionara sobre o assunto.

  — Está sabendo que teremos uma liquidação no setor infantil da loja essa semana? — perguntou Brooke Frenzel, que também era empregada da loja de Anabel.

Dul sorriu para ela.

  — Sim, eu sei. Vou aproveitar a oportunidade para estocar algumas fraldas.

  — Mas, Dul, um bebê não vive apenas com fraldas —  salientou Anabel. Abaixando o tom de voz, acres­centou: — Posso conseguir um desconto maior para
você. Ter as roupinhas certas para o bebê é muito importante.

Isso não era tudo, pensou Dul. Ela própria sempre tivera as "roupas certas" na infância, mas nunca soubera o que era ter amor. De qualquer modo, era muita gentileza de Anabel se preocupar com isso.

  — Obrigada, Anabel, mas assim que minha mãe souber sobre o bebê com certeza comprará mais rou­pas do que ele conseguirá usar.

  — Dul! Há duas semanas, você disse que pre­tendia contar isso à sua mãe naquele mesmo dia! —       ralhou Maite.

  Sua mãe não era a única que ainda não fora avisada, pensou Dul. Por um instante, a imagem de um ines­quecível par de olhos azuis surgiu em sua mente.

  — Oh-oh, não olhe agora, mas a pessoa mais "no­tável" de Lone Oak está vindo em sua direção — sussurrou-lhe Brooke.

Dul levantou a cabeça e avistou Pamela Salazar, acompanhada pela filha, Bianca.

  — Ora, Brooke, ela não é tão desagradável assim.

  — Claro que não. O único problema de Pamela é que ela não entende que ninguém quer os conselhos dela sobre assuntos pessoais — cochichou Brooke, retirando-se discretamente.

Dul desejou poder fazer o mesmo, mas não teve escapatória. Não que não gostasse da sra. Salazar. O problema era ter de ouvir um discurso completo sempre que se encontrava com a vizinha de Anahi. Por mais que tentasse se esquivar da mulher, sempre acabava tendo de ouvi-la.