Fanfic: → εïз۰•●Um bebê a caminho [Terminada] ●•۰εïз 

CAPÍTULO XII

No dia seguinte, Dul sentiu-se totalmente sob controle de suas emoções. Sua au­toconfiança era tanta que quando Christopher saiu para recolher as folhas das árvores na grama do jardim, ela resolveu fazer algo que vinha adiando havia meses.

Decidida, entrou no escritório de Christopher e foi direto ao telefone. Após um breve momento de he­sitação, digitou o número do telefone de sua mãe.

Segurou o aparelho com mais força, enquanto es­perava que Blanca atendesse. Vários toques depois, começou a se impacientar. Sua mãe sempre deixava que o telefone tocasse inúmeras vezes antes de aten­dê-lo. Dizia que tinha de manter a imagem de es­trela, dando a entender que era uma pessoa ocupada demais para atender o telefone ao primeiro toque.

—Alô?

—Olá, mamãe.

—Oh, olá, Dulce — respondeu ela, sem dis­farçar o tom de desapontamento na voz. — Nem imaginei que fosse você. Como está conseguindo so­breviver nessas terras selvagens de Oregon?

Na opinião de Blanca, os únicos Estados dignos de consideração eram os que tinham algum estúdio de cinema.

— Estou bem, Blanca. — Dul respirou fundo. — E grávida.

Seguiu-se um silêncio do outro lado da linha. Dul sentiu um frio no estômago, enquanto esperava a reação da mãe. Conteve a vontade de chorar ao ouvir o riso irônico de Blanca.

—Ora, confesso que isso eu não esperava — disse ela. — Se você tivesse dezesseis anos, sim, mas já não é mais uma adolescente. Pretende... tomar al­guma providência?

—Se está sugerindo um aborto, a resposta é "não" — respondeu Dul, sem hesitar. Acariciando a barriga, acrescentou: — Pretendo cuidar sozinha da criança.

—É uma atitude admirável, meu bem. Mas tem certeza de que é isso mesmo o que quer? Onde está o pai da criança?

— Está na cidade, mas não estamos comprometidos.

Se bem que não fora isso que parecera na noite anterior, pensou ela.

— Bem, se o rapaz não é alguém importante não vale mesmo a pena querer ficar junto dele.

Dul preferiu nem se dar ao trabalho de responder ao comentário da mãe. Blanca continuava tão prepo­tente quanto antes.

—Bem, liguei apenas para lhe dar a notícia de que será avó — avisou.

—Oh, meu Deus! — A voz de Blanca denotou ver­dadeiro horror diante da idéia. — Não posso ser avó tão cedo! Tenho apenas...

—Quarenta e nove anos — completou Dul.

—Quarenta e um. Acha que aquele produtor teria me chamado para fazer o papel de uma jovem mãe se eu fosse uma velha?

Dul não se preocupou em responder. Nada faria Blanca admitir sua verdadeira idade ou o fato de que fazia muito tempo de que nenhum produtor a cha­mava para fazer um filme. Para alguém "normal", era difícil viver no mundo de fantasia que Blanca in­sistia em criar em torno de si.

—Sendo assim acho melhor você voltar para casa — declarou Blanca.

—Vou continuar aqui, mamãe.

— Querida, tenha bom senso. Também preciso de você aqui. Além do mais, como vai cuidar sozinha de um recém-nascido?

Dul se recusou a ceder às imposições da mãe.

— Não vou voltar — disse, com firmeza.

Blanca suspirou.

—Então, meu conselho é que convença o pai da criança a se casar com você. Tem a arma perfeita para usar contra ele: sentimento de culpa. Funcionará com perfeição, pode acreditar. Mesmo que o casamento não dure, pelo menos terá conseguido algo dele.

—Não quero um casamento temporário, mamãe. Se eu me casar, terá de ser de verdade.

—E um pouco tarde para isso, meu anjo. Se ele quisesse se casar com você, teria feito o pedido antes de engravidá-la, não acha?

Sim, tem razão, pensou Dul. Frustrada, terminou a conversa logo em seguida e desligou o telefone.

Não conseguiu deixar de considerar que sua mãe tinha certa razão. Christopher se aproximara e insistira em acompanhar a gravidez por puro sentimento de culpa. Se não fosse pelo comentário de Blanca, teria corrido o risco de esquecer esse detalhe.

Talvez não fosse mesmo uma boa idéia se envolver fisicamente com ele. Entretanto, como conseguiria resistir?, perguntou-se com um suspiro.

Continuaria dizendo a si mesma que seu relacio­namento com Christopher não passaria de um envolvi­mento físico. Nele, amor era um sentimento proibido.