Fanfic: •●๋• Alguém para amar ●ღ•

CAPITULO I

Dulce diz... Christopher Uckermann contraiu os maxilares. Seu amigo e cliente Christian Chavéz continuava falando, sem perceber os efeitos que as duas palavras explosivas causavam. Dulce diz... Ressentido, Christopher não conseguiu ouvir mais nada.

Ele perdera a conta de quantas vezes sua ex-esposa mencionara essas mesmas palavras, como se Dulce Saviñon fosse a fonte de todos os conhecimentos e sa­bedoria que determinavam o sucesso de um casamento. Dulce diz... Dulce diz... uma imensa ladainha de clichês feministas que haviam encorajado Belinda a tomar atitudes que só reafirmavam seu profundo egoís­mo. Todo o bom senso desaparecera sob a influência de Dulce Saviñon.

Foi uma tragédia o dia em que essa mulher aceitou o cargo de gerente de publicidade da editora onde Belinda trabalhava. Fugia completamente ao enten­dimento de Christopher o motivo que levara a filial da Global Publications em Sídnei a importar de Cozumel uma profissional de carreira para o departa­mento de publicidade. Entretanto, o mundo publici­tário considerava Dulce Saviñon uma sumidade, o máximo, um fenômeno. Ela, obviamente, não se importava com as pessoas a quem prejudicava com seus discursos subversivos.

Christopher admitia com certa relutância que não se opu­sera à idéia de divórcio quando Belinda decidira pela separação. Seu ideal de um relacionamento baseado no amor mútuo, no companheirismo, já estava abalado. E o inadvertido comentário de Christian despertou-lhe o desejo de vingar-se de Dulce Saviñon e sua insidiosa lista de direitos femininos.

Ele suspirou. Não valia a pena. Pensar no assunto já era pura perda de energia. A mulher deveria ser radicalmente contra os homens, ter um temperamento irascível e a cabeça fechada para a lógica e a razão. Com certeza, Christian sofreria nas mãos dela durante a viagem promocional que ela organizara para ele.

Christopher descontraiu os maxilares e, pacientemente, tentou compartilhar da euforia de Christian ante a agenda repleta de entrevistas com a mídia. A Global Publications, via Dulce Saviñon, não estava medindo esforços para o lançamento do novo livro de Christian Chavéz em toda a Austrália. Christopher esperava que o livro se tor­nasse um best-seller, não só para a sorte do amigo, como também para sua própria satisfação, como agente literário de Christian.

Pessoalmente, Christopher teria preferido outra editora, em vez da Global Publications. Mas negócios eram ne­gócios. Como agente literário, ele visava única e ex­clusivamente os melhores interesses de seus clientes. Esse era um dos princípios que o tornara um agente respeitado, confiável e bem-conceituado.

Christopher sabia tudo sobre livros. Sabia se eram viá­veis e que tipo de público atingiriam. Christian Chavéz escrevera sobre a saga dos primeiros colonizadores na região de Nova Gales do Sul. A história era boa e possuía todos os ingredientes para o sucesso comercial.

Tudo o que precisava era de publicidade para chamar a atenção do público.

—   Preciso de sua ajuda, Christopher.

O entusiasmo de Christian pareceu dar lugar à ansie­dade. Christopher ergueu as sobrancelhas, esperando que o amigo revelasse o que o preocupava. Talvez, fosse esse o motivo de sua visita naquela manhã. A distância era muito grande entre a casa de Christian, em Leura, em Blue Mountains, e o apartamento-escritório de Christopher, no centro de Sídnei. A viagem promocional di­ficilmente representava um problema grande demais para justificar sua visita.

—   Do que se trata?
Christian hesitou.

—Bem, você me acompanharia na viagem à Mel-bourne e Brisbane? — ele pediu, por fim.

—Você não precisa que eu o leve pela mão, Christian. Você se sairá muito bem. Seu entusiasmo pelo livro novo...

—Não é isso. Não estou preocupado com as entre­vistas. — O sorriso meio embaraçado transmitia um pedido de desculpas e de compreensão. — É Maite. Ela vai morrer de ciúme quando conhecer Dulce.

Christopher espantou-se.

—Dulce Saviñon?

—Você sabe como ela é bonita. Viajaremos juntos e ficaremos hospedados no mesmo hotel.

—Dulce Saviñon... bonita? — Christopher não acredi­tava. A imagem que formara de Dulce Saviñon era de um soldado assexuado, magra, despida de todo e qual­quer encanto feminino.