Fanfic: •●๋• Alguém para amar ●ღ•

Dulce não sabia explicar a estranha sensação de que ele vasculhava algum segredo, brincando com ela, esperando o momento certo para dar um golpe.

—Você tem permissão para chamar-me de Dulce. — Seu sorriso era desarmante, taticamente derruban­do qualquer argumento sobre feminismo.

—Diante de tanta amabilidade, só me resta pedir-lhe para tratar-me por Christopher — ele volveu com ironia.

Dulce não conteve o riso. Havia um certo tempero no jogo. Um desafio. Nunca um homem mexera tanto com seus brios, com seu entusiasmo. Pelo menos, nunca no primeiro encontro.

—Nunca gostei muito de senhorita — Maite co­mentou ingenuamente. — É muito pedante!

—Creio que você fala com a complacência própria de uma senhora, Maite — Christopher advertiu-a num tom de brincadeira. — Dulce pode pensar diferente.

Outro teste. Outra cutucada. Maite corou.

—Desculpe. Não pensei nisso. Acho que falei demais.

A vulnerabilidade, a ingenuidade de Maite Chávez tocaram os instintos protetores de Dulce. Com cer­teza, era uma mulher tipicamente do lar e, tendo Christian Chavéz como marido, nunca precisaria batalhar por um emprego, por uma carreira. De certa forma, Dulce até a invejava, por ela não conhecer a necessidade de enfrentar os jogos terríveis entre homens e mulheres.

—   Isso evita enganos entre senhoras e senhoritas —Dulce explicou. — O que não acontece com os homens, uma vez que senhor não exibe o rótulo de casado ou solteiro.

—  Você fará questão do senhora depois que casar-se? — Maite perguntou, curiosa.

—  Isso significa que pretende casar-se — Christopher observou. — Muitas mulheres bem-sucedidas profissionalmente descartam a idéia de compromissos que possam interferir em suas carreiras.

—Oh, querida! — Maite exclamou. — Acho que realmente estou falando demais, não?

—Ora, não me importo com suas perguntas, Maite. Já fui casada e na época fui muito feliz com o trata­mento de senhora.

Os músculos da face de Christopher se contraíram. Sur­presa! Reavaliação! Dulce teve a impressão de que os conceitos estavam mudando, que a energia se es­palhava pelo íntimo dele à medida que ele reconside­rava seu ponto de vista.

—  Agora que estou divorciada, acho ótimo o título de senhorita.

Maite mostrou-se desolada.

—  Mais um casamento desfeito. Christopher também passou por essa experiência. E tão triste

Uma revelação desencadeava outra.

Christopher Uckermann era divorciado. Descasado! Livre! A constatação brilhou na mente de Dulce, e ela a achou maravilhosa. Sentiu que chuvas de estrelas explodiam em cascatas de cores, iluminando um mun­do até então vazio de sonhos.

Dulce tinha vinte e nove anos, quase trinta. Ho­mens descomprometidos, enigmáticos e atraentes como Christopher Uckermann não eram exatamente fáceis de se lidar. Aliás, atraente era uma palavra fraca. Dina­mite era a expressão correta. Sim, ele era uma dina­mite que conseguira abalar o corpo e a mente dela, aguçando toda a sorte de possibilidades excitantes.

Definitivamente, a esperança não morrera!

—  Não há razão para tristeza, Maite — disse Christopher. — As estatísticas provam que dois entre três casamentos terminam em divórcio. Você e Christian estão no rol dos casamentos felizes. Deveriam nos ensinar os segredos dessa felicidade.

Sorrindo, Maite pegou na mão do marido.

—Basta querer as mesmas coisas — afirmou com simplicidade. — Não é, Christian?

—Sim. — Ele acariciou-lhe- a mão com infinita ternura.

Dulce sentiu um nó na garganta. Eles tinham sorte por se amarem tanto. Desejou saber o que dera de errado no casamento de Christopher Uckermann. Quem deixara quem? E por quê?

—  Não sabia que já foi casada, Dulce. — Christian olhou-a com curiosidade.

Ela deu de ombros.

—Ninguém gosta de falar sobre seus erros.

—Não consigo imaginar que um homem não tenha lutado com unhas e dentes para mantê-la ao seu lado.

—Agradeço pelo cumprimento. — Ela tentou es­conder a amargura.

Certamente, Guilhermo lutara para segurá-la. Abusivamente, aliás.