Fanfic: •●๋• Alguém para amar ●ღ•

Numa súbita onda de medo, perguntou inesperadamente a Christopher Uckermann:

—   Você lutou por sua esposa?

Por uma fração de segundo, ela viu um lampejo qua­se selvagem nos olhos dele. Sentiu um arrepio na es­pinha. Logo, porém, o prateado daqueles olhos extraor­dinários voltaram ao normal, brilhando com indisfarçável interesse nela, sem refletir sobre absolutamente nada do que se passava em sua alma.

—  É difícil lutar contra um sabotador. — Seus lábios se curvaram num sorriso irônico. — Os danos foram causados pelas costas.

Ele odiara o que acontecera, Dulce concluiu.

—Além do mais, quando descobrimos que a ilusão do amor e do compromisso são falsos, para que lutar? Sou adepto de que devemos encarar a realidade e con­tinuar vivendo.

—Sim — ela concordou, animada por compartilha­rem das mesmas atitudes e convicções.

Entretanto, uma coisa era deixar as experiências para trás, outra, esquecê-las. Queria descobrir que tipo de danos ele sofrerá, como era sua ex-esposa, se ela o traíra. A referência a um sabotador sugeria outro homem na vida dela. A infidelidade certamente des­truía a ilusão do amor e do compromisso.

—Vamos esquecer os assuntos tristes — Maite su­geriu. — Lamento tê-los trazido à baila. Esta é uma noite muito feliz.

—Realmente! — Dulce apoiou-a de imediato. De­cidida a não remexer em seu passado nem no de Christopher, virou-se para Christian: — Estou aguardando seu discurso. É sua primeira aparição pública, e tenho cer­teza que não nos desapontará.

Christian abriu os braços.

—   Pressão, pressão! Minha editora disse a mesma coisa. Minha esposa espera que eu brilhe. Christopher acha que não preciso de seu aplauso...

—Prometo aplaudi-lo se ninguém mais o fizer — Christopher brincou.

—O discurso é maravilhoso — Maite garantiu. — Eu sei porque ele andou ensaiando na minha frente.

—Tanta lealdade é a voz do amor, minha querida — Christian sussurrou-lhe ao ouvido. — Gosto disso. Real­mente, gosto.

A festa transcorria em grande estilo. Os garçons circulavam com salgados e bebidas. Maite e Christian co­miam com gosto. Dulce perguntava-se se Christopher também perdera o apetite. Ambos declinavam tudo o que era servido.

—Regime? — a certa altura Christopher perguntou.

—Não. E você? — Fitou-o direto nos olhos.

—Não.

O magnetismo dispensava palavras, mas o entendi­mento era perfeito. Estavam famintos de outras coisas.

Dulce permanecia firme, querendo saber mais so­bre Christopher Uckermann.

Percebera que ele era grande amigo de Maite e Chávez. Fora isso, continuava um enigma fascinante. A atração sexual era grande e recíproca. Nada mais po­deria explicar a energia vibrante gerada entre os dois. Mas, de repente, sem mais nem porquê, veio-lhe à mente a imagem de Guilhermo. Sabia que isso não era politicamente correto. Talvez Christopher tivesse tido o mesmo pensamento, refletindo sua experiência com sua ex-esposa.

O autocontrole que Christopher demonstrava seria sim­plesmente precaução de sua parte, ou esconderia algo mais tenebroso? Estaria ela flertando com o perigo? Estaria se expondo demais ao deixar-se envolver na­quele fascínio pelo estranho? Os homens bonitos ge­ralmente eram egoístas.

Mas Christopher demonstrara consideração por Maite.

Dulce pegou-se negligenciando a precaução. Por muito tempo, caminhara com passos seguros, e o que ganhara? Estava sozinha. E a solidão não era um es­tado de felicidade.