Fanfic: •●๋• Alguém para amar ●ღ•

Ainda cantarolava, quando chegou ao prédio da Glo­bal, dirigindo-se aos elevadores. Fuzz Mallo, a recep­cionista, chamou-a:

—Hei! Você dançou um bocado ontem a noite, hein? Como conseguiu chegar em Christopher Uckermann?

—Ele estava com Christian Chavéz — Dulce respondeu secamente, não pretendendo esticar o assunto.

—Oh, sim. O seu projeto atual. — Fuzz sorriu com ironia. — Bem, o machão Christopher surpreendeu-me com tanto entusiasmo. Nas poucas vezes em que apareceu por aqui, parecia feito de aço. Frio, sisudo e intocável.

—Talvez ele tenha se contagiado com o clima festivo.

—Ou algo mais básico — Fuzz alfinetou.

Dulce soltou uma gargalhada enquanto entrava no elevador. No íntimo, adorara o comentário de Fuzz, imaginando que, afinal, tinha muito a ver com a mu­dança de Christopher. Obviamente, ele não costumava abrir-se com muitas pessoas, mas quando o fazia... Dulce suspirou com satisfação. Dinamite.

Saiu do elevador, seguindo direto para o seu escri­tório. Cumprimentava os colegas, mas não encorajava nenhum discurso sobre a festa da noite anterior. Sabia que ninguém entenderia o que acontecera entre ela e Christopher Uckermann e também não tinha a mínima disposição para tentar explicar. Sem dúvida, haveria comentários maliciosos como o de Fuzz Mallo. Pelo menos naquele momento, Dulce preferia ignorá-los.

Entrou em sua sala, ligou o computador, recolheu os faxes que haviam chegado e sentou-se à mesa. Sua felicidade íntima manifestou-se mais uma vez ao lem­brar-se que Christopher apreciava seu trabalho. Ele reco­nhecia como era importante uma boa promoção envol­vendo o lançamento de um novo livro no mercado. Lon­ge de menosprezar seu trabalho, como Guilhermo fazia, Christopher deixara claro que a apoiaria em seus projetos.

Considerava extremamente produtivo conversar e discutir com alguém que se mostrava receptivo e in­teressado em suas idéias. Era maravilhoso terem os livros como interesse comum. Para Christopher, também era mais agradável estar com uma mulher que com­preendesse o significado de seu trabalho.

No mundo das publicações existiam inúmeras mu­lheres com esse gabarito. Raquel Bairón, por exemplo. Lembrando-se da tensão de Christopher com a presença de Raquel na noite anterior, Dulce pensou na possibi­lidade de um caso entre eles. Porém, isso não tinha a menor importância.

Deixando esse pensamento de lado, dedicou sua atenção aos faxes, anotando respostas e providências a serem tomadas. Foi interrompida pela entrada de Pascoal Gandía trazendo-lhe um copo com café.

— Curtindo uma ressaca? — perguntou, ele próprio com aparência meio pálida.

Dulce sorriu.

—   Não. Mas aceito o café. Obrigada.

Ele colocou o copo de papel cuidadosamente sobre a mesa, depois sentou-se, bebericando seu café.

—Nada como ser jovem e esbanjar energia.

—Você está sendo generoso demais, Pascoal.

—   Serviram um vinho de primeira — ele comentou.
A esposa de Pascoal o encontrara na festa e Dulce logo imaginou que fora ela quem dirigira de volta para casa.

—   Bem, vejo que valeu a pena.
Pascoal lançou-lhe um olhar especulativo.

—Espero que para você também tenha valido a pena.

—Estou inteira. Não estou sofrendo de nada.

—Mas sofrerá. Acredite-me, sofrerá. -A convicção dele a intrigou.

—Como sabe?

—  Conheço Belinda. A clássica atitude de mulher preterida virá à tona quando ela souber.

—   Souber o quê? Do que você está falando, Pascoal?
Ele a fitou perplexo, como se duvidasse que ela es­tava em seu juízo perfeito.

—  Corrija-me se estiver errado, minha querida. Você não desfrutou da fantástica companhia de Christopher Uckermann na festa de ontem à noite? Ou deveria dizer, explorando os limites das danças modernas?

Dulce sorriu.

—Ele é um bom bailarino.

—Sim. Minha esposa considera-o tão bom quanto John Travolta. Um elogio e tanto, considerando o número de vezes que ela assistiu o que chama de filmes clássicos de Travolta.

O comentário satírico não a convenceu.

—Dá para ser mais claro, Pascoal? Ainda não en­tendi nada.

—Bem, esse assunto não me diz respeito. Se você quer envolver-se com Christopher Uckermann, o problema é seu. Eu apenas pressinto nuvens pesadas no hori­zonte, prenunciando tempestades. — Suspirou. — Acho que vai chover sobre minha cabeça novamente.

—Por quê?

—Porque Belinda não gostará nada dessa história e vai despejar suas lamúrias sobre o colega mais pró­ximo, que por acaso sou eu. Ela dispensou seu ex-ma­rido, mas duvido que...

—Seu ex-marido? — Choque e incredulidade anuviaram a mente de Dulce.