Fanfic: •●๋• Alguém para amar ●ღ•

Um tremor sacudiu o corpo de Dulce. A figura mo­rena de Christopher Uckermann displicentemente fo­lheando uma revista, penetrou em suas retinas, alojando-se em sua mente. Num relancear de olhos, no­tou as duas cadeiras ao lado dele. Numa, uma mala de viagem, na outra, um jornal. Christopher Uckermann esperava por eles.

Dulce respirou fundo. Ainda não terminara com ele. Pressentiu que Christopher não permitiria que ela terminasse tudo. Como Guilhermo. Ele estabelecera seus planos sem dar a mínima para o que ela queria!

Sentiu-se tremendamente revoltada. Se Christopher Uckermann pensava que a envolveria novamente, teria uma grande surpresa. O truque seria agir como se considerasse o rápido envolvimento deles como algo inconseqüente. Era a idéia que passaria a Christopher Uckermann; mesmo que isso lhe custasse muitas lágrimas.

Com esforço, seguiu Christian até a mesa que Christopher reservara.

"Cabeça erguida", ordenou a si mesma, lamentando não ter prendido os cabelos num coque. Estavam soltos, caindo nos ombros, nas costas. Christopher transformara seus cabelos quase num fetiche durante os momentos de amor. Tal lembrança não foi bem-vinda, mas trouxe uma onda de ternura.

Felizmente, escolhera um conjunto de saia e blazer para a viagem. Se Christopher Uckermann esperava encontrá-la com roupas feministas, iria decepcionar-se. Exceto pelos cabelos soltos, sua aparência era puramente profissional.

—Chegamos! — Christian anunciou a chegada deles ao amigo. — Não graças ao motorista de táxi que quase nos matou de susto.

—O que aconteceu? — Christopher indagou, colocando a revista de lado e levantando-se para recebê-los.

Dulce conteve a respiração. Ele estava deslum­brante, perigosa e perturbadoramente viril, de jeans, camisa e jaqueta preta de couro.

—  Se Dulce não tivesse gritado, ele teria batido o carro, com certeza — Christian contou, com o entusiasmo de um escritor.

Christopher contemplou-a com um sorriso irônico.

—Meus cumprimentos por seu grito oportuno, Dulce.

—Foi preciso uma sirene para acordar o motorista — ela complementou, fingindo não se importar com a presença dele.

Por um instante, os olhos cinza-prateados pousaram nos cabelos dela. Depois avaliou-a por inteiro.

—  É... Imagino que um só grito foi suficiente para o motorista nunca mais distrair-se no tráfego.

"Pronto! Começaram as farpas", Dulce pensou. Ne­nhuma intenção de seduzir. Ele começara a guerra. Para ela, estava ótimo, muito conveniente. No que dizia respeito a Christopher Uckermann, estava protegida por uma armadura medieval.

Ela sorriu para Christian.

—Se você pretende beber alguma coisa...

—Pode apostar que sim. O que vai querer, Dulce?

—Suco de limão.

—Você está brincando!

—Não. Acho que o álcool deixa a boca seca durante os vôos.

—Tenho uma solução para esse problema. Beber mais. — Christian riu.

Dulce não respondeu. Sabia que ele estava brin­cando e não estava disposta a prolongar o assunto. E, se não tivesse ingerido tanto champanhe na noite da festa, não teria perdido a cabeça por Christopher Uckermann.

—Suco de limão! — Christian resmungou. — E você, Christopher?

—Vou acompanhá-lo no gim.

—Duplo?

—Por que não?

—Saindo um Waki especial! — Christian brincou, ca­minhando em direção ao bar.

Christopher tirou a mala que ocupava a cadeira diante dele.

—Sente-se — convidou-a.

—Obrigada. — Acomodou-se na cadeira confortável, decidida a não demonstrar nenhum sinal de tensão.

Christopher sentou-se também, apoiando os cotovelos nos braços da cadeira, fitando-a com olhar avaliador, com a clara intenção de embaraçá-la. Dulce desejou fazer o mesmo, mas não conseguiu olhá-lo por muito tempo.

Quando seus olhos se detiveram nos pêlos encara-colados na base do pescoço, imediatamente as lem­branças dos momentos de intimidade falaram mais alto. Vírou-se para a janela, observando os aviões ali­nhados na pista.

—  Você tem negócios em Cozumel? — ela perguntou, quando ficou óbvio que Christopher não pretendia iniciar uma conversa. Se ele tinha um plano de batalha, seria melhor conhecê-lo logo, sem precisar ficar na expectativa.

Silêncio.

Fitou-o, determinada a mostrar-lhe que não se im­pressionara com a indiferença dele.