Fanfic: •●๋• Alguém para amar ●ღ•

—Não — por fim, ele respondeu num tom de desafio.

—Mas você vai viajar conosco.

—Sim.

—Por quê? — ela insistiu.

—Digamos que sou o guarda-costas de Christian e Maite. Ela franziu as sobrancelhas.

—Acha que eles precisam de proteção?

—  Sim. Você pode até achar exagero de minha parte, mas eu me preocupo com eles. São meus amigos. E só Deus sabe como é difícil encontrar pessoas como eles.

O sarcasmo magoou. Era difícil ignorar.

—Quem pretende prejudicá-los? — indagou. Ne­nhuma entrevista que marcara para Christian Chavéz era do tipo massacre. Todas visavam o lado humano, da informação, do entretenimento.

—Você.

—Eu? — Perplexa, ela arregalou os olhos.

—Não se faça de inocente, Dulce — ele disse rispidamente, com o olhar cheio de desprezo. — Acho que a conheço o suficiente para saber como essa his­tória vai terminar. Se pretende transformar Christian na sua próxima aventura, garanto que farei tudo para impedir.

O corpo de Dulce se contraiu. Seus lábios tremeram de indignação. Nunca fora tão humilhada em toda sua vida. Por alguns minutos, permaneceu imóvel, para­lisada pelo disparate que acabara de ouvir. Imaginava uma vingança, mas nada de tão cruel e injusto.

Recompôs-se com grande dificuldade. Belinda po­deria ter razão, afinal. Ele já a odiava antes mesmo de tê-la conhecido. Planejara tudo nos mínimos detalhes. Brincara com os sentimentos dela. Não havia mo­tivos para sentir-se culpada ou envergonhada.

Restava saber se envenenara Christian ou Maite contra ela.

Não. A resposta era certa e objetiva. Christian a estava tratando com a mesma camaradagem de sempre. O temperamento dele era franco demais, transparente demais, para conseguir esconder algo tão grave. Esse era um problema pessoal de Christopher Uckermann.

—  Não costumo envolver-me com homens casados —defendeu-se.

—   Quanta consideração! Se for verdade, claro.
Ela deu de ombros.

—Acredite se quiser, Christopher. — Curvou os lábios com ironia. — Você acabará acreditando.

—Tenho pena do coitado do seu marido. Não é à toa que não aprovava sua carreira. Essas viagens con­venientes, hotéis de luxo, a rápida troca de escritores para garantirem a variedade. Quantos escritores você já promoveu, Dulce?

Ele parecia tão distante e ela tão chocada, que a ofensa quase não a atingiu.

—Orgulho ferido, Christopher?

—Curiosidade. Como uma verdadeira espécie da fêmea moderna, você é motivo para estudos muito in­teressantes, Dulce.

—Espero que você seja suficientemente esclarecido para levar em conta o estímulo. Você foi... — Avaliou-o com um olhar sugestivo. — Bem, sou obrigada a re­conhecer que você foi muito estimulante, Christopher.

Dulce percebeu os maxilares dele se contraírem quase imperceptivelmente e sentiu-se triunfante por tê-lo afetado, apesar da atitude arrogante dele.

—Mas você prefere carne fresca — ele continuou no terreno das ofensas.

—É mesmo? — Dulce ergueu as sobrancelhas com ar de desprezo. — Seus julgamentos baseados em su­posições não me parecem consistentes para merecerem um estudo. Onde estão suas provas? -Christopher curvou os lábios num sorriso.

—   Você mesma as forneceu, Dulce.
Ela deu uma risada forçada.

—Deve ser maravilhoso chegar ao âmago da vida de uma pessoa a partir de um incidente.

—Não diria que foi um acidente. Foi mais uma revelação.

—Realmente?

O terrível engano queimava-a, despertando-lhe as energias que há dias estavam adormecidas. Não podia negar um ponto positivo que a intrusão malqüista de Christopher Uckermann levara à sua vida. Ele gerava uma eletricidade que impulsionava todos os seus instintos e células.

Inclinando-se para frente, Dulce lançou-lhe um olhar inquiridor.

—  Você acha que essa revelação seria a peça vital que falta no quebra-cabeça? — provocou-o. — Algo crucial que o gênio omitiu em sua brilhante conclusão?

Os olhos dele se estreitaram.

Então, Dulce reclinou-se na cadeira, demonstrando indiferença às ofensas e à arrogância de Christopher em julgá-la impiedosamente, quando, na verdade, era ele o causador das mágoas que a torturavam.

Os olhos dele brilhavam de curiosidade quando a fitaram quase que hipnoticamente.

—Esclareça-me, Dulce. Diga-me, qual é a peça que falta?

—Você não lembra da peça que deliberadamente negligenciou na equação, Christopher? — Não conseguiu esconder o tom de desdém em sua voz. — O incidente com o garçom. Muito conveniente.

As feições de Christopher se transtornaram. Movimentou a cabeça. Comprimiu os lábios. Outro movimento de cabeça, dessa vez com maior veemência. Fulminou-a com um olhar furioso.

—  Você está dizendo que se deixou influenciar por Belinda? — ele perguntou, com os dentes cerrados. — Depois de tudo o que compartilhamos?