Fanfic: •●๋• Alguém para amar ●ღ•

Dulce sentiu como se as lembranças da noite de amor que vivera com Christopher fluíssem dele, bom­bardeando sua mente, envolvendo seu coração, comprimindo-o. E o pensamento que a invadiu levou-a ao lado reverso do amor. O amor traído, desprezado, injuriado. Teria se precipitado em tantas conclusões erradas?

De tão paralisada por essa terrível possibilidade, Dulce não encontrou resposta. Fugiu ao olhar perscrutador de Christopher, preservando-se de cometer mais erros. Confusão, turbulência emocional, uma dor pro­funda em sua alma.

—   Cá estamos.

Christian Chavéz colocou uma bandeja com três copos sobre a mesa.

—Obrigado, Christian — Christopher agradeceu, pegando seu copo. Sorriu para o amigo, senhor de si mesmo, senhor da situação, ciente do conflito de emoções que Dulce enfrentava. Ergueu o copo num brinde. — A você e ao sucesso do seu livro.

—Você ouviu as entrevistas no rádio? — Christian não escondia o orgulho.

— Com muita atenção. Você se saiu muito bem. Amanhã será notícia.

O comentário coincidia com a avaliação de Dulce para a performance de Christian, fazendo-a lembrar-se do quando estavam sincronizados num verdadeiro sentido de cooperação e camaradagem. Ao contrário do que Christopher pensava, não havia a menor intenção de en­ganar ou seduzir.

Pegou seu copo, sorvendo o suco de limão gelado, enquanto Christian falava sobre as entrevistas, atento às opiniões de Christopher. Era óbvio o quanto respeitava e valorizava o julgamento de Christopher Uckermann. Ape­gava-se às palavras dele como se fossem ouro puro.

Não eram ouro para Dulce. Os julgamentos dele em relação à ela eram mordazes, críticos, cruéis mes­mo, transformando-a numa mulher promíscua, que en­cantava os homens, levando-os para a cama por uma única noite. E, pior ainda, considerando-a uma megera e referindo-se a Guilhermo como o coitado do marido. Re­voltada, cerrou os dentes. Ele não tinha o direito de crucificá-la. Ele não sabia nada, absolutamente nada, sobre seu casamento.

Por outro lado, ela também não sabia nada sobre o casamento dele. Sabia apenas o que Belinda contara. Pascoal Gandía era cético sobre a noção de verdade de Belinda. Porém, muitas coisas que Belinda dissera coincidiam com o que Dulce pudera comprovar por experiência própria.

Os julgamentos precipitados, a tendência para acre­ditar sempre no pior. Fora assim que Christopher Uckermann julgara e condenara Dulce. Sem o beneficio da dúvida. Não importava se ele mesmo agira de um modo errado.

Dulce não precisava passar por aquilo.

Destrutivo.

Ela já havia vivenciado um relacionamento destru­tivo. Certamente, não precisava de outro. Queria... que­ria que fosse sempre como aquela noite com Christopher. Entretanto, ele lhe mostrara o outro lado da moeda do amor, a paixão cega do desprezo.

Um arrepio percorreu-lhe a espinha.

Como se seus sensores perceptivos estivessem sin­tonizados nela, Christopher desviou sua atenção das ex­plicações de Christian, para concentrar-se em Dulce. Seus olhos brilhavam, determinados a descobrir o que ela estava sentindo e pensando.

Não. Nunca mais, ela decidiu.

As lembranças estavam deterioradas.

Irrevogavelmente.

— Passageiros do vôo AN37, queiram, por gentileza, dirigir-se ao portão de embarque.

Dulce colocou o copo na bandeja e levantou-se. Es­tava indo para casa. A única pessoa que desejava na­quele momento era sua mãe.