Fanfic: •●๋• Alguém para amar ●ღ•

O avião decolou. A comissária veio anotar os pedidos de bebidas.

—  Dulce, o que você quer beber? — ele perguntou gentilmente.

Ela virou o rosto e olhou direto para a aeromoça.

—   Nada para mim, obrigada.

Christopher e Christian pediram gim duplo. Christopher preci­sava de algo para ocupar as mãos e mantê-las a salvo da tentação.

Dulce retirou a embalagem dos fones de ouvido.

—  É tão desagradável assim conversar comigo? — Ele não conseguiu evitar a pergunta.

Ela interrompeu o que estava fazendo e fitou-o com ar cauteloso.

Ele a contemplou com um sorriso envolvente.

—Prometo ser civilizado.

—Isso não vai adiantar nada, Christopher. Nunca nos livraremos das bagagens que ambos carregamos.

O sorriso tornou-se triste.

—Refere-se a Belinda?

—Entre outras coisas.

—Asseguro-lhe que Belinda está totalmente fora da minha vida.

Nos olhos dela o desdém pela afirmação dele.

— Feminista, sabotadora, desarmonizadora... — Uma lista objetiva recitada num tom mordaz.

—Já mudara de idéia antes mesmo de provocar o acidente com a bandeja do garçom, na festa da Global.

—Falsidade — ela acrescentou, ferindo a integri­dade de Christopher.

—Não lhe contei sobre Belinda para não prejudicar o que estava acontecendo entre nós. Foi assim tão in­justificável, Dulce?

—Foi errado não me dar uma escolha. Você esco­lheu, Christopher. Deveria ter permitido que eu também escolhesse.

Ele não encontrou uma resposta adequada. Desculpas eram inúteis. Ela atingira direto a raiz do problema.

—Você entende? — Ela forçou um sorriso. — Você julgou. Fez o que lhe convinha. Tinha certeza que jus­tificaria sua atitude. Os homens como você sempre agem assim.

—Homens como eu?

—É a minha bagagem, Christopher. — A cor dos olhos dela haviam mudado novamente. Azuis frios como o céu de inverno. Sombrios, acusadores.

—   Agora, se me der licença, estou muito cansada.
Colocou os fones de ouvido, ligou-os no sistema de som, relaxou na poltrona e fechou os olhos. Ele desis­tira... temporariamente. Dulce dera-lhe muito em que pensar.

Os pensamentos dela se concentravam em honesti­dade e confiança. Era o que desejava num relaciona­mento. Dulce acertara ao dizer que ele lhe negara nisso. Tentara justificar-se. Agora entendia o quanto errara por não ter-lhe contado logo sobre Belinda.

Desse modo, impedira-a de formar uma idéia própria a respeito dele. Ele tirara proveito da vantagem.

Entretanto, Dulce estava errada em pensar que ele continuaria justificando suas atitudes. Não tinha o hábito de repetir erros depois de descobrir onde errara.

Belinda fizera a cabeça de Dulce até obter uma lavagem cerebral. Conseguira deixá-la contra ele. Belinda distorcia tudo em benefício próprio.

Deixando Belinda e suas mentiras de lado, como deveria agir para reconquistar Dulce?

Planejara não revelar sua condição de ex-marido de Belinda. Planejara fazer aquela viagem. Usara a des­culpa de proteger Maite e Christian, mas a verdadeira razão era enfrentar Dulce. Planejara fazê-la sentar-se na poltrona da janela. Egoísta e aproveitador. Essa era a verdade.

As lembranças da noite que haviam passado juntos era a força injetora que o levava a lutar por Dulce. Precisava convencê-la de que um envolvimento não seria um erro, para nenhum deles. Precisava pro­var-lhe que não era do tipo de homem com quem o comparara.

Quantos outros homens?

O ex-marido, para começar. Os outros provavelmen­te seriam irrelevantes, ele concluiu. O casamento des­feito teria sido a gota de água que determinara sua atitude em relação ao que queria ou não num homem. O casamento dele, sem dúvida, determinara o que ele considerava ou não importante numa mulher.

Veio-lhe à mente a receita de Maite para a felicidade conjugai. Querer as mesmas coisas.