Fanfic: •●๋• Alguém para amar ●ღ•

CAPÍTULO III

Dulce viu-o chegar. O estranho. Um estranho na multidão.

Ela não entendeu por que seu olhar fora atraído para o hall de entrada do restaurante naquele mo­mento em particular. Encontrava-se no deck observan­do a baía enquanto conversava com alguns convidados. As pessoas circulavam pelo salão de festas e, por al­guma estranha razão, foi formado um canal de visão que focalizava direto o homem. Lá estava ele.

Isso provocou em Dulce um sentimento esquisito, misterioso. Era como se, num passe de mágica, ele tivesse se materializado diante dela. Alto, moreno, bo­nito. Mas a ilusão estava incompleta. Seus olhos não encontraram os dela. Ele sequer olhou em sua direção. A atenção dele estava totalmente voltada aos seus acompanhantes. Ele sorria. Um sorriso caloroso, gentil, confortante.

— Dulce, o que você acha de?...

Com esforço, ela se concentrou no assunto em ques­tão. Manifestou sua opinião e deu um jeito de enca­minhar a conversa para o campo das amenidades, evi­tando discussões.

Quando olhou novamente em direção ao hall, ele não estava mais lá. Furtivamente, mudou de posição, perscrutando os grupos de pessoas, meio surpresa com o súbito interesse em localizar o estranho. Afinal, re­petira milhões de vezes que não era a aparência dos homens que contava e tampouco a atração superficial.

Foi o sorriso, concluiu. Gostara do sorriso dele. Um sorriso podia revelar muito sobre o íntimo de uma pessoa. Estava curiosa sobre ele. Era perfeita­mente natural.

De repente, viu-o entre pessoas conhecidas. Christian Chavéz conversava com sua editora, Raquel Bairón. Entre Christian e o estranho, uma morena grávida. Maite, a esposa de Christian Chavéz, sem dúvida.

O estranho falou algo ao ouvido de Maite, que sorriu concordando com um gesto de cabeça, depois, afastou-se. A distância, Dulce seguiu os movimentos dele. Ele atravessou o salão e saiu para o deck, no outro extremo de onde ela se encontrava. Não olhou ao redor à procura de rostos familiares, como todo mundo fazia. A partir do momento em que ficara a sós, sua expressão tornou-se fechada, intimidante.

Dulce ficou intrigada. Ele era absolutamente char­moso. Exalava um ar de determinação, de firmeza de propósito. A impressão que passava era de que não fora à festa para divertir-se, mas para cumprir uma missão. Ela ficou curiosa para saber por que ele estava ali e o que esperava obter.

O terno cinza clássico, o estilo do cabelo, sugeriam um profissional conservador. Em contraste com essa imagem, a camisa azul e a gravata de seda estampada revelavam uma dose vibrante de individualismo que negava a idéia de que era um homem fácil de ser enganado.

As linhas do rosto eram bem definidas, dando-lhe um aspecto mais do que viril. Porém, por mais rudeza que tal expressão pudesse demonstrar, os lábios carnudos suavizavam-na a ponto de expressar extrema sensualidade. Surpreendentemente, as orelhas eram pequenas e delicadas. As sobrancelhas eram cerradas, ligeiramente curvas nas têmporas. Daquela distância, tornava-se impossível identificar a cor dos olhos, mas Dulce apostaria que eram castanhos. Cor de chocolate escuro. Ela adorava chocolate escuro.

Ele foi para o deck. Não olhou na direção dela, nem parou para admirar a vista magnífica da baía. Cami­nhou direto para as mesas dispostas no canto. Reser­vou uma mesa com quatro cadeiras, próxima à parede de vidro.

Dulce achou interessante observar a animação ex­pressa nas feições dele quando retornou para junto de Christian e Maite. Interrompeu a conversa deles com Raquel Bairón para levá-los até ao lugar que esco­lhera. Dulce reparou na gravidez adiantada de Maite Chávez e em como se sentia satisfeita com as aten­ções do estranho.

Um homem carinhoso. Também um homem de ação. Assim que Maite sentou-se, ele chamou o garçom com a bandeja de bebidas. Entregou uma taça de champa­nhe para ela, mas pegou suco de laranja para si pró­prio. Um abstêmio, Dulce concluiu. Ou um homem determinado a manter sua sobriedade? Seria muito interessante descobrir a ligação dele com Christian e Maite Chávez.

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