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Capítulo: 3? Capítulo

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Dul Saviñon era a gerente da pousada. Por muito tempo, fora um dos elefantes brancos ali. Morando perto, na ado­lescência passara dias olhando esperançosa para aquele ca­sarão espaçoso de Alma e seu marido, Franco, até ser con­vidada a entrar e conhecer o estabelecimento. Dali a sema­nas, já estava trabalhando na pousada. O casal de estala­jadeiros até pagou seus estudos em nível superior, mas, após formada, ela voltou para junto deles.


Dul era ainda uma morena magrela de quinze anos e olhos arregalados quando se conheceram. Aos vinte e dois anos, ele já era um homem viajado. Brincara com ela, con­versara amenidades e esquecera-se dela ao partir.


Claro que ouvira as "histórias de Dul" contadas por tia Alma ao longo dos anos e sempre se lembrava da garota morena de olhos grandes que ruborizava sempre que ele olhava para ela. Mas não a vira novamente até o outono anterior, quando se refugiara novamente na pousada fugin­do do compromisso de apadrinhar o casamento da ex-noiva. Anahi Portillo, ou Annie, para os íntimos.


Quase não a reconhecera. Naturalmente, ainda tinha olhos grandes e cabelos escuros, mas desenvolvera curvas, seios e pernas.


Espantara-se diante das longas pernas de Dul. Nunca ligara muito para pernas. Ora, nem sequer se lembrava das pernas de sua ex-noiva!


De repente, surpreendia-se recordando as pernas de Dul Saviñon.


Imaginara, então, estar carente por ter sido abandonado. Teria se impressionado com qualquer mulher, pois encontra­va-se sensível às mulheres. Era uma tentativa de recuperar o equilíbrio após a maneira brusca como Annie o dispensara.


Agora, concluía que ela agira bem rompendo o compro­misso ao descobrir que nutria sentimentos mais profundos por Alfonso.


De qualquer forma, ainda era difícil conformar-se àquela situação e, com certeza, não suportaria postar-se no altar e ver a mulher que um dia amara chegar pelo corredor para se casar com outro homem.


Por isso, fugira para Dubuque e ficara lá uma semana executando trabalhos gerais, de fiação, pintura, colocação de papel de parede, etc.


Era com o “etc.” que se preocupava agora.


Teria Dul contado a tia Alma o que acontecera na úl­tima noite que ele passara na pousada?


Era importante saber isso.


Ou talvez fosse melhor não saber.


Tinha vaga lembrança daquela noite. Se fechasse os olhos, veria novamente a expressão transtornada de Dul Saviñon ao abrir a porta do quarto. Ele não devia ter batido. Devia ter ignorado os soluços abafados dela, em vez de bancar o bom samaritano.


Naquela noite, ele não estava em condições de oferecer consolo a ninguém, só queria consolar a si mesmo. Era a noite do casamento de Annie e Alfonso. Embora estivesse feliz por Annie e entendesse que ela estava se casando com o ho­mem certo, não se sentia bem na posição de homem errado.


Logo após o jantar, recolhera-se ao quarto com uma garrafa do melhor uísque irlandês do falecido tio Franco, desejando que o mergulho na bebida o fizesse esquecer a realidade.


Talvez a bebida houvesse aguçado sua audição. Ou talvez as paredes fossem mais finas do que pareciam. Ou talvez sua tolerância a lágrimas estivesse baixa. Independente­mente do motivo, ouvira os perturbadores soluços femininos. Aniversariante naquele dia, Dul esperara que seu noivo, Memo, a levasse a algum lugar especial para comemorarem. Vira-a andando ansiosa pelo saguão de entrada e, depois, na varanda, olhando esperançosa para o fim da rua. Teria ele deixado de aparecer?


Sem pensar, batera à porta do quarto de Dul e a vira de camisola, com o rosto coberto de lágrimas. Devia ter murmurado um consolo qualquer e se afastado. Em vez disso, compadecera-se e sugerira:


— Dizem que a miséria adora companhia. Venha tomar um trago comigo.


Dul não devia ter aceito a sugestão.


Nao se lembrava bem do que acontecera em seguida.


Havia uma vaga lembrança de sons abafados, sorrisos entristecidos e carícias. Talvez houvesse passado a mão por aqueles longos cabelos negros. De fato, passara a última semana associando a Dul o aroma de xampu de canela. De fato, afagara-lhe as pernas longas e macias. Mais tarde, após brindar a ex-noivos e noivos desnaturados, as carícias o beijos tornaram-se mais ardentes e então... ela colocou as longas pernas a seu redor.


Lembrava-se de ter acordado na manhã seguinte com uma terrível dor de cabeça e o telefone celular tocando. Era Lola, a secretária, informando que o sr. Nakamura estava viajando naquela tarde para tratarem do carregamento de mobília de madeira nobre sobre o qual haviam assinado contrato.


De ressaca, entorpecido, prometera comparecer.


Então, olhou ao redor para ver se os acontecimentos da noite tinham sido apenas um sonho. Dul não se encontrava, deviam estar já de pé, preparando o café da manhã para os hóspedes.


Poderia crer que ela nem estivera ali, não fossem os dois copos de uísque vazios sobre a mesa próxima à lareira. Só então viu a calcinha de Dul em meio aos lençóis.


Fez as malas rapidamente antes de descer. Deveria falar com Dul, mas não sabia o que dizer.


Encontrou tia Alma na cozinha, mas nada de Dul.


— Memo telefonou — informara a tia. — Queria encon­trar-se com ela agora pela manhã. Como ele não apareceu ontem, eu disse para ela ir. — Sorrindo, completara: — Ela vai lamentar não ter se despedido de você...


Ele não tivera tanta certeza.


Dul devia ter-se arrependido dos acontecimentos na noite anterior. Com certeza, correra para os braços do noivo assim que ele estalara os dedos. Melhor assim. Não teria de fazer papel de tolo desculpando-se por seu comportamento.


Mas somente por sete meses.


A ocorrência daquela noite voltava a ter importância agora.


Antes de mais nada, precisava descobrir por que tia Alma lhe legara a pousada. A maior responsável pelo sucesso daquele estabelecimento, Dul, o merecia mais do que nin­guém. Ele, Chris, não tinha nada a ver com aquilo.


Pensando bem, estava mais envolvido do que imaginara a princípio. Herdar um legado implicava pagar impostos. Ele tinha como arcar com as despesas, mas Dul, não. Se abrisse mão da pousada em favor de Dul, ela não se beneficiaria. Provavelmente, não teria como mantê-la em funcionamento.


Ora, talvez Dul nem quisesse aquela herança. Talvez já estivesse casada com Memo.


Prestes a se tornar pastor, o noivo de Dul era muito dedicado a seu ofício religioso e um tanto possessivo no que se referia a ela. Tinha a impressão de que ele não admitiria dividir as atenções dela com mais ninguém, depois que se casassem.


Chris gemeu tentando analisar a situação. Tinha certeza de que estaria raciocinando com mais lógica se não estivesse sofrendo tanto os efeitos da mudança de fuso horário. Talvez tudo fizesse mais sentido pela manhã.


Cansado demais para se levantar e ir para o quarto, aninhou-se ali mesmo no sofá, com uma almofada sob a cabeça. Seu último pensamento consciente foi para a ines­perada herança.


— Tia Alma, o que está aprontando agora? — murmurou.



 



 



 



 



CONTINUA?!



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Autor(a): dullinylarebeldevondy

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Chris deu a si mesmo um prazo de vinte e quatro horas para ir até Dubuque e resolver o problema da pousada, talvez colocando Dul para administrar o negócio até que surgisse alguém interessado em comprá-lo. No dia seguinte, deveria estar de volta a Nova York para a reunião com um grupo de empresários da Tailândia. Teria ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 227



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  • kingston Postado em 20/11/2010 - 14:07:15

    abandonou a web ?? continua postando esta ficando legal

  • jessikavon Postado em 04/01/2010 - 19:26:16

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  • jessikavon Postado em 04/01/2010 - 19:26:16

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  • jessikavon Postado em 04/01/2010 - 19:26:15

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  • jessikavon Postado em 04/01/2010 - 19:26:15

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  • jessikavon Postado em 04/01/2010 - 19:26:14

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  • jessikavon Postado em 04/01/2010 - 19:26:14

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