"Mai? O que foi isso que aconteceu aqui mais cedo?" Anahí perguntou ajudando-a a colocar o bipap.
"Não me pergunte, Any." Maite suspirou "Nem eu sei, só fiquei agradecida por ele me ajudar, Ally poderia sei lá, ter sido sequestrada."
"Então, esquece isso. E Dulce?"
"Foi embora, estava cansada. Está grávida e não é bom ficar nos hospitais assim."
"Pronto." Anahí sorriu "Pode ir, depois de amanhã você passa aqui para começar a radioterapia."
"É né, fazer o que..." Maite pegou a bolsa.
"Hey, Mai. Não desanima não, ok? Daqui a pouco você está curada"
"Obrigada, Any." Maite a abraçou "Me arrependo tanto de ter fumado naquela época."
"Esquece isso, já passou e o que importa é que hoje você está se tratando. Consegue levar Ally sozinha?"
"Sim, não se preocupe."
"Ah! Já ia me esquecendo." Anahí disse quando Maite já estava na porta "Amanhã a noite vai ter uma palestra sobre `O que é câncer` feita por alguns agentes comunitários, se quiser vir..."
"Vou ver, Any. De verdade, eu não estou nem um pouquinho afim de ouvir mais ainda a palavra `câncer` e também agora que eu comecei a usar o bipap, tenho que contar aos meus irmãos que estou doente." Maite suspirou novamente.
"Eu entendo, mas acho melhor você ir, está tarde e já vai começar a chover."
"Ok, tchau."
"Tchau."
[...]
Música recomendada para o resto do capítulo: De Janeiro A Janeiro - Roberta Campos e Nando Reis
Poncho terminou tudo o que mandaram ele fazer, tinham mandado ele participar e falar na palestra, mas ele bateu o pé e disse que não. No fim, para os organizadores não ficarem loucos, eles só pediram para ele ajudar a ajeitar.
Ele foi em direção a saída mexendo no celular e encontrou Maite um pouco enrolada, ela segurava Alice, equilibrava o bipap e falava ao telefone nervosa. Ele riu travesso e foi até ela.
"Atrapalho?" Disse e ela o olhou surpresa.
"Tá bom, papai. Eu dou meu jeito, tchau." E desligou o telefone, olhando para ele "Oi." Sorriu "Tudo bem?"
"Sim, quer uma ajuda?"
"Sim, claro."
"Oi, Pingo." Poncho sorriu pegando Alice no colo e Maite se ajeitou guardando o telefone. "Vai vir amanhã?" Ele perguntou a Maite que o olhou confusa.
"Para a palestra?" Ele assentiu "Não sei, essas palestras não me fazem muito bem."
"É, eu entendo. Que doideira eles ficarem fazendo essas coisas que só servem para lembrar dessa doença." Ele segurou Alice na altura dos olhos "Ai Pingo, você é muito pequena e linda." Beijou a barriga dela que gargalhou.
"Ali... " A bebê balbuciou.
"Eu sei que seu nome é Alice, mas prefiro Pingo."
"Ai." Maite colocou as mãos no rosto rindo "Isso parece nome de cachorro."
"Não." Poncho riu se fazendo de ofendido "É bonitinho. Mas o que você está fazendo aqui fora? Nessa chuva..."
"Estou esperando alguma alma da minha casa vir me buscar."
"Quer uma carona?" Poncho perguntou e Maite ficou meio receosa, não o conhecia direito. "Não vou sequestrar você, é só me mostrar o caminho."
"Tudo bem." Ela sorriu e foram ao carro.
Ele ligou o rádio e uma música brasileira começou a tocar, eles começaram a tentar acompanhar e com um sotaque forte a cantar, entre risadas, e Alice que estava alegre batendo palmas e balbuciando algo sem sentido.
"O universo conspira ao nosso favor, a consequência do destino é o amor..." Maite cantarolou.
"Você acredita nessas coisas?" Ele perguntou.
"Que coisas?"
"De destino, amor, não sei." Poncho e a olhou rápido e voltou a atenção a estrada.
"Claro." Ela sorriu "Afinal é isso que nos mantém vivos."
"Eu sinceramente não acredito muito nisso de amores que te fazem morrer pela pessoa, sintir falta cada minuto do dia, enfim."
Mas talvez você não entenda essa coisa de fazer o mundo acreditar...
"Ora, cada um acredita no que quer eu acredito no amor, na vida." Maite sorriu.
"Você tem câncer?"
"Não é meio óbvio?"
"Não. Você está sempre sorrindo."
Maite riu do comentário dele: "Só porque eu tenho câncer devia estar sempre chorando? Olha eu moro ali." Apontou para sua casa, diria até mesmo mansão.
"Não, claro que não, é só que a maioria das pessoas estão sempre depressivas não sei." Poncho deu a volta no carro e a ajudou a descer do carro.
"Mas eu não sou a maioria das pessoas, eu sou Maite Perroni." Eles riram "Tchau, Poncho. Obrigada pela carona."
"Tchau!" Poncho disse e entrou no carro dando partida com um sorriso bobo no rosto.