Fanfic: ( Portiñon) Oito anos - Outro conto de amor | Tema: Portiñon

Setembro 2014

- Agora a gente pode ser x.a, x/o/t/a amiga.
- Se soubesse que era tão bom, teríamos começado com isso antes.
-Agora a gente pode transar direto. Incrível! Sexo bom, sem compromisso e com minha melhor amiga.
Setembro de 2014, quando as coisas ficaram loucas pra valer. 
Em algum dia desse mês tão peculiar, estávamos na casa de um amigo e de repente começamos a flertar – o que não era surreal já que ao longo dos anos demos nossos beijos de amigas e não era tão raro eu flertar com alguma garota-, não lembro se o primeiro beijo desse dia foi na cama ou na cozinha, mas a parte que lembro é a da cozinha. Nos beijávamos como mulheres, não como amigas. Não eram aqueles beijos bobos de brincadeira. Eram beijos cheios de vontade, de tesão, de querer. Naquele momento eu a queria, toda. Coloquei-a em cima da bancada e só pensava em f/o/d/e/r ela ali – f/o/d/e/r mesmo, gostoso-. E fizemos um sexo muito bom. Acredito que isso foi numa sexta, da casa desse nosso amigo fomos para uma festa com um outro. Ainda estávamos surpresas e empolgadas com nossa descoberta de que tínhamos química e que daríamos certo no sexo. Dormimos em sua casa e de novo fizemos o que descobrimos que fazíamos bem juntas, sexo.

Nosso trato estava selado.  Grandes amigas, que fariam sexo sempre que quisessem e sem as dores de cabeça de um namoro e sem envolvimento sentimental. Um acordo desse estava mais que ótimo para ambas, ela ainda poderia transar com outras pessoas e eu também.

O problema, é que escolhi transar logo com uma amiga dela. No dia seguinte. Eu fui com um ou uns amigo(s) –minha memória não me deixa ter certeza- encontrar com ela em uma boate em Copacabana, ela iria direto de um aniversário de duas amigas da faculdade e de surpresa trouxe consigo uma outra amiga. Eu a conhecia, mas nunca havia tido um contato muito direto ou relevante. 
No meio da noite nós ficamos, eu e a amiga. Percebi-a puta, mas realmente não entendi nada. No final da noite eu e a menina fomos pra casa do nosso amigo da noite anterior e lá ficamos até à tarde do dia seguinte. 
No próximo final de semana, sexta transei de novo com ela, e sábado, com a amiga.
Isso aconteceu por mais vezes, ela ficou puta, a amiga ficou puta, eu fiquei puta.
E tudo ficou melhor por um tempo até que deu merda de vez.
Assumo que tenho um pouco mais de culpa do que qualquer uma das duas nessa confusão. Ao mesmo tempo em que falava pra ela que eu não era confiável sexualmente e não negava minha vontade de me relacionar sexualmente com sua amiga, eu fui me perdendo. Eu já não a olhava só como uma amiga, eu já nem conseguia mais ficar perto dela sem querer beijá-la ou fazer sexo com ela. Mas para mim, isso era normal, eu sempre a amei como amiga e me sentia bem com ela. Sempre foi uma das únicas pessoas em quem confio e que me importo.

Não poderia estar mais enganada do que estive. 
A merda foi quando comecei a perceber que meus olhos brilhavam quando olhava pra ela, minha pupila dilatava, eu sabia que não estava indiferente sentimentalmente a ela, porém não sabia que deveria ter sido diagnosticada com ‘’apaixonada pela melhor amiga.’’  Sabia também que ela não estava indiferente sentimentalmente a mim, não sou ingênua ou burra.

Mas em nenhum momento durante esse tempo eu tive a real dimensão das coisas, para mim tudo era por grande parte um jogo dos que joguei durantes vários anos com outras mulheres. Tanto que falei uma vez para sua amiga que não poderia oferecer mais nada além de amizade para ela. Uma mentira sincera. Eu acreditava nisso. Acreditava que todo esse amontoado de sensações passaria para nós duas. Paixão pra mim sempre foi algo que em suma era isso, passageira, com data de validade. Sobre amor, não sabia muito. Sempre soube mais escrever sobre o amor do que senti-lo. 
Vi-me muito presa em minha relação com sua amiga – sexo, conversas, nenhum compromisso-. Segurava-menisso, me segurava nisso por não entender o que minha melhor amiga significava de fato pra mim. Não sou uma pessoa muito sentimental ou uma discípula do amor. 
Sou fechada, voltada para mim mesma. Até tentei namorar por várias vezes, mas em 2014 havia aceitado que essa coisa de amor nunca funcionaria para mim e, sinceramente, não queria mesmo saber de namoros. Sempre gostei da putaria, da promiscuidade, da ‘’pegação’’. 

Meu maior erro foi que eu não conseguia me segurar perto dela e falava todas as malditas coisas que meu corpo sentia com ela e depois agia como se tudo aquilo fossem palavras da boca pra fora. Sempre fui meio imbecil, mas com ela eu não poderia ter sido. Ela era minha melhor amiga, e eu errei tanto até que se tornou imperdoável para ela.