Fanfic: Pelo o que eu sei da vida | Tema: Drama, Novela

Meu nome é Maria Carolina, mas todo me chamam de Carol. tenho 16 anos. isso é o básico e o mais importante que podem saber de mim, o resto pelo menos pra mim, é desnecessário, fútil, desagradável e desanimador. Não estou sendo pessimista nem estou reclamando de barriga cheia (ou estou?).

Mas revelo uma coisa a vocês: Pelo o que eu sei da vida, nada sei, nada vivi, nada sofri, nada vivenciei, nada senti.

Sempre tive a vida mais mole que uma garota da minha idade pode ter. Sempre fui tratada como uma princesa, uma boneca de porcelana que vale milhões.

Nasci forte, linda e saudável em uma tarde ensolarada de dezembro na melhor maternidade do melhor hospital da capital do meu estado, Recife.

Sempre tive duas babás até os meus 5 anos, frequentei sempre a mesma escola, a melhor e mais cara da capital recifense. A qual meu pai não fazia questão a todo mundo de dizer que era um dos maiores investidores.

Sempre tive a melhor educação, nunca andei de ônibus ou de metrô na vida, só levava sol quando descia do carro e ia pra dentro da escola ou do prédio ou quando ia nos finais de semana pra minha casa de praia ou de fazenda ou para o resort 5 estrelas beira-mar o qual meu pai também era sócio. Minha pele era tão branca que eu acho que refletia na luz, tão macia, meus cabelos sempre foram muito bem tratados, sempre frequentei os melhores salões, os melhores shoppings, clubes, festas, sempre tive os melhores celulares, os melhores computadores, sempre comi nos melhores restaurantes, vesti as melhores roupas de grife, os melhores perfumes, não me lembro de ter transpirado ainda...

Enfim, eu praticamente era como um bicho que vivia em seu mundinho de aparência "perfeita", mas eu nunca me senti bem assim, eu sabia que tudo aquilo que era me proporcionado era raro de alguma jovem ter na minha idade ter(as meninas da minha sala também, mas nem eram tão ricas como eu).

Aquele mundo proporcionado a mim era um mundo fantasiado, maquiado, coberto por uma burca, porque eu sabia muito bem que a realidade de 90% dos brasileiros não era aquela que eu vivia, e sempre quis sentir na pele como é realmente "viver" sentindo na pele o valor de cada coisa que se adquire, e não ganhando tudo fácil num estalar de dedos.

Acredite se quiser, cansa.

Meu pai era um dos suplentes da câmara de deputados do estado. Vivia viajando para Brasília para participar de congressos, debates, reuniões, votações, ele era um político muito importante, e não diferente de muitos: corrupto.

Toda vez que ele viajava para algum lugar, nem que fosse na esquina, ele trazia algum presente caro para mim. Eu era mito mimada, não sei se por ser menina, ou a caçula de um irmão mais velho problemático.