Fanfic: Pelo o que eu sei da vida | Tema: Drama, Novela

Mais uma segunda-feira inicia-se. Acordar cedo, arrumar-se, e pegar aquele belo trânsito de manhã.

Papai não acostumava abrir o vidro do carro pra dar esmola à pedinte ou pegar aqueles papeizinhos de igreja que os irmãos entregavam. Tinha nojo. E eu tinha nojo de meu pai por isso. Colocava o meu fone de ouvido em toda altura e ele falava comigo o caminho todo sobre política, a gestão que ele exercia dentro da câmara, seus conceitos, sua ética, blá blá blá, eu não prestava atenção em uma palavra sequer, porque eu sabia que tudo aquilo que ele me falava era mentira. Ele não era nem fazia nada aquilo que dizia a mim, achando que ia me iludir e eu achar que ele era o super-pai! O honesto, o homem bom. Mas aquela fantasia de político justo e ético não colava pra mim, pois diferente dele, eu tinha acesso à notícias que eram ocultadas, abafadas, eu pesquisava, procurava ele ou o partido dele sempre estava envolvido em alguma ilegalidade...

Ele me deixava dentro da escola. Minha escola parecia um castelo de Buuhrkinnham, gigante, uma arquitetura muito linda e antiga, tradicionalíssima, era da época de 1890. tinha um jardim muito verde lindo, árvores centenares, um lago, e a estrutura interna era bem arcaica, mas totalmente conservada, lembrava a Harvard ou alguma faculdade norte-americana de alto padrão. Até na organização, as pessoas, tudo era elitizado.

Na escola eu sentava sempre na frente, do lado de Bela, e duas cadeiras atrás da gente, as meninas que andavam conosco no intervalo. Emili e Joyce, Emi e Joy. Eram muito bonitas e metidinhas. Só andava com elas porque eram amigas de Bela, portanto tinha que falar também pra não ficar aquele clima chato, ou com receio de não falar com elas e elas não andarem comigo e Bela, e assim Bela ter que ir falar com elas e me deixar sozinha.

Tudo tem uma questão de jogo de cintura. O papo delas também não me agradava muito, o que tornava nós quatro a sentarem juntas no banco perto da árvore grande no pátio, elas interagindo e eu mexendo no meu iphone, conversando no whattsapp ou escutando música. Elas nem reclamavam, já estavam acostumadas, eu era muito calada mesmo. Meu mundo era o celular, era nele que eu conversava o que queria e me agradava, via e ouvia coisas que me interessassem. Eu vivia num rodeada de coisas que para mim ou não me interessavam, ou não tinham muito significado e posteriormente não me agregavam valor.