Fanfic: Pelo o que eu sei da vida | Tema: Drama, Novela

Ainda aos 20, frequentando a mesma biblioteca pública da cidade desde os 13 anos, consegui arranjar uma vaga como bibliotecário, o que foi um grande salto para mim. Meu primeiro trabalho fixo, salário, encargos, consegui com o dinheiro alugar um apê pequeno no centro da cidade, no qual vivo até hoje. Mudei meu visual, sempre largadão, relax, good vibes, de bem com a vida, com uma calma na alma invejável, coração recheado de temperança e nobreza e uma respeitável humildade que adquiri com todo meu sofrimento. Alarguei a orelha, furei o septo, deixei o cabelo com dread locks e e virei um rasta. Minha paixão sempre foi o reggae mesmo.

Trabalhar na biblioteca pública foi uma das melhores coisas que me aconteceram. E ainda conseguia emprestado todos os livros que quisesse de graça.

Comecei a estudar pra caramba pra cursos e concursos, não terminei o ensino médio na escola pública porque decidi tentar uma bolsa na melhor escola paga do estado, e pimba! Conseguia uma vaga de bolsa 100% integral no turno da manhã do terceiro ano do ensino médio!

Eu fiquei muito feliz com a notícia, estava ansioso para as aulas começarem.

Eu dividia o aluguel do apê com um amigo que conheci na infãncia e cresceu comigo na favela que morei aos 12 anos. Eliabe. Ele também era rasta, só que não tinha o cabelo com dreads igual ao meu ( eu tinha proibido ele hahaha).E também o trabalho dele não permitia tal estilo capilar. Ele trabalhava na União de Contas do Estado.

Ganhava muto bem o sortudo, estávamos agora numa situação estável e muito melhor e mais favorável do que antes, do que já tínhamos passado.

Fumávamos muito no apê, que os vizinhos às vezes reclamavam do cheiro e da fumaça, quase fomos expulsos do prédio. Mas aí resolvemos fumar somente no banheiro.

Ele curtia outras drogas, mas eu só curtia a boa e velha maconhä, ele saía muito pelas noites boêmias de Recife, e às vezes de tão bêbado e drogado que ficava, não conseguia chegar no nosso apê, que era bem perto, dava pra ir a pé para as baladas, boates e points de encontro do centro. Dormia pelo chão da rua. Nas calçadas.

Eu já era mais calmo, não era de sair muito. Curtia surfar na praia, empinar pipa, jogar bola, vôlei, malhar, fumar uns becks, tocar violão, dormir numa rede, escrever poesias, músicas, romances, e depois lê-los em voz baixa debaixo de uma árvore sombreira no fim de uma tarde.

As aulas começariam no mês que vem e já eu já tinha comprado todos meus materiais, comprei roupas novas para ir com elas enquanto a farda não estivesse comigo. E peguei e dei uma olhada nos livros pra ficar por dentro dos assuntos que eu iria ver quando estivesse lá.

Queria fechar o ensino médio com chave de ouro, pra se Deus quiser, eu entrar na faculdade.

O mês passou lento, acho que de tão esperado que foi pra se acabar, as aulas já tinham começado faziam 25 dias, mas bolsistas entravam um mês depois, para que os pagantes se acomodasse para que assim, os bolsistas pudessem entrar.

Quando faltava uma semana para começar minhas aulas, já não tirava mais da minha cabeça. Como seria lá dentro? Seria que eu iria gostar? Será que eu ia me adaptar?