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capítulo iii

Chris iria se arrepender de seu impulso, provavelmente, mas a perspectiva de Dulce deixar Portland lhe era insuportável. Aquela decisão ia contra tudo em que ele acreditava sobre o mundo dos negócios, mas se empregar Dulce era a única maneira de conservá-la a seu lado, estava disposto a fazer o sacrifício.

— Está falando sério? — Dulce perguntou, ainda sem acreditar no que ouvira.

— Estou. Minha secretária vive reclamando que precisa de uma auxiliar.

— Você não se arrependerá — Dulce afirmou com um sorriso.

Chris esperava que não. Por outro lado, não conse­guia imaginar o que Annie iria dizer quando soubesse que em vez de ajudar ele lhe daria ainda mais traba­lho. A esse respeito, aliás, talvez devesse ligar para sua casa e prepará-la antes que ela levasse um choque quando chegasse na empresa na manhã seguinte.

— Vou me dedicar a meu serviço. Você verá. — Dulce apertou a mão de Chris em agradecimento. — Obrigada.

Lembranças da noite em Reno o assaltaram e ele não conseguiu soltar a mão de Dulce nem raciocinar.

O que havia com ela, ou com ele, todas as vezes em que se encontravam? A atitude lógica teria sido procurar seus advogados e se aconselhar sobre a contratação, por exemplo. A atração que continuava a sentir por Dulce poderia significar um grande problema.

Chris afastou a mão.

— Eu só lhe ofereci um emprego. Não se reportará diretamente a mim. Portanto só dependerá de você conservá-lo.

— Serei a funcionária-modelo da CVU.

Ela teria sorte se conseguisse passar pelo período de experiência, Chris pensou. De qualquer maneira, o que realmente importava para ele era tê-la por perto.

— Qual será meu salário?

— Esse assunto deverá ser tratado com sua chefe. Dulce hesitou.

— Desculpe se estou forçando a situação, mas da­ria para eu ganhar um pouco mais do que o salário mínimo?

— Todos os funcionários desta empresa ganham mais de um salário mínimo.

— Ainda bem, porque além das despesas normais, terei de arcar com o aluguel de um pequeno aparta­mento... Afinal, tenho de morar em algum lugar.

Chris não podia permitir que Dulce passasse ne­cessidade no estado em que se encontrava. Talvez devesse pensar com cuidado sobre a questão do pa­gamento. Em vez de lhe oferecer um bom salário, talvez fosse mais prudente lhe pagar pouco. Assim, quando Dulce percebesse que não teria condições de viver sozinha, como planejava, passaria a ver seu pedido de casamento com outros olhos.

De repente, ele teve uma ideia. Se seu palpite es­tivesse certo e o dinheiro de Dulce estivesse aca­bando, o primeiro passo de seu plano já estaria dado.

— Onde você irá dormir esta noite?

— Preciso procurar um hotel. Um hotel simples.

— Pode ir para minha casa, se quiser.

— Não quero importuná-lo.

— Minha mãe decorou o quarto de hóspedes re­centemente. Ela o usa quando vem me visitar. Can­sada da chuva, resolveu se mudar para a Flórida. Você pode ficar com ele pelo tempo que for preciso.

— Você fala como se eu fosse ficar lá para sempre. Você leu meu pensamento. Ele tinha de convencer Dulce a ser sua esposa. Se conseguisse tê-la por perto, suas chances seriam maiores.

— Vim para Portland em busca de independência — Dulce lembrou.

—  Eu sei, mas se ficar em minha casa, poderá conhecer a cidade e decidir onde prefere morar. Além disso, nunca devemos fechar apressadamente um ne­gócio para não haver arrependimento depois.

Dulce estreitou os olhos. Era óbvio que estava desconfiada.

— Você mora perto da empresa? — ela quis saber.

— Não muito.

— Minha intenção é morar perto para poder ir a pé ao trabalho.

— Não precisará se preocupar em gastar com con­dução. Eu lhe darei carona. — Chris quase deixou escapar um sorriso quando Dulce ficou sem pala­vras. Sua tática estava começando a funcionar. Quan­to mais tempo eles ficassem juntos, maiores seriam suas oportunidades de mostrar a ela os benefícios do casamento. — Então, podemos ir para casa?

SEGUE...