Fanfic: ≈ღ≈→••Núpcias De Uma Noite••←≈ღ≈

— Por que não fala com a pessoa que decorou sua empresa?

— Ela é especializada em projetos comerciais.

— Qual o problema? Seria melhor do que o vazio.

Inúmeras perguntas assaltavam Dulce. Chris es­tava se tornando um enigma para ela. Como alguém podia viver daquele jeito? E ela? Teria de dormir no chão?

— Nem todos os cómodos estão vazios. — Chris a levou até a sala íntima e apontou para a televisão, para o sofá e para a poltrona reclinável. Fora isso, Dulce notou a imensa lareira de pedra com prate­leiras de ambos os lados.

Móveis de solteiro. Aquela casa estava precisando de um toque feminino. De uma planta, de uma me­sinha de canto com um abajur e porta-retratos e de um tapete macio para arrematar.

— Parece confortável.

—  E é. — Ele seguiu adiante e mostrou a copa-cozinha com uma mesa e quatro cadeiras.

Sim, mas o que Chris comia? A cozinha estava ima­culadamente limpa. Ou Chris contava com os servi­ços de uma empregada ou nunca cozinhava.

— Muito bonita.

Mas muito estranha. A beleza se perdia ali. Não havia calor humano. Tanta negligência por parte de Chris a preocupava porque confirmava sua impres­são de que ele não queria uma família realmente. Porque quem vivia daquele jeito não estava interes­sado em uma esposa, muito menos em uma criança. Chris era do tipo que vivia para o trabalho e todo conforto de que ele precisava, podia encontrar em seu escritório.

— Gostaria de beber algo?

— Não, obrigada. Estou cansada.

— Vou levá-la até seu quarto. — Chris a tocou na cintura e a conduziu até o hall para apanharem as malas. — Você ficará em uma suíte. Acredito que encontrará tudo de que precisa. Minha mãe é uma pessoa organizada.

— Foi ela quem arrumou tudo? Você não tem al­guém que o ajude?

— Tenho uma faxineira uma vez por semana.

A idéia de ficar sozinha naquela casa com Chris de repente a deixou apreensiva. Não havia quadros nas paredes. Nem sequer uma gravura. Um arrepio lhe percorreu as costas ao pensar que não sabia qua­se nada sobre o homem que foi seu marido por ape­nas uma noite.

— O quarto dá vista para o Willamette.

— O que é isso?

— O rio que corta Portland.

Dulce sorriu ao ver a suíte. O quarto era magní­fico. Ela se sentia como se estivesse entrando em um outro mundo. A decoração em mogno ficava perfeita com a arquitetura em estilo inglês. Ao contrário do restante dos cómodos, aquele exibia lindas telas com molduras em dourado. Uma delas era de um menino e de uma mulher. Seria Chris e sua mãe?

— Fique à vontade. Os armários e gavetas estão vazios. Providenciarei mais cabides assim que che­gar o resto de sua bagagem.

— Não há mais bagagem — Dulce murmurou. — Tudo que sobrou está aqui.

— Eu não havia acreditado... — Chris confessou.

Uma sombra de tristeza passou pelos olhos de Dulce. Para afastá-la, tentou se ocupar com um pote de cristal com flores secas.

— Sua mãe fez um excelente trabalho.

— Direi a ela que você gostou. Dei-lhe carta bran­ca para comprar o que quisesse de forma que sempre se sinta em casa quando vier me visitar.

— Por que não pede a ela para decorar os cômodos que estão faltando.

O modo como Chris a fitou e encerrou a conversa a deixou perturbada,

— Se precisar de alguma coisa, estarei no quarto ao lado. Boa noite.

— Boa noite.

Assim que Chris se retirou, Dulce deixou-se cair na cama. Estava exausta e confusa. Sentiu os olhos arderem de lágrimas, mas se recusou a chorar. Não se esforçara tanto para desabar no final.

Como vinha fazendo sempre que precisava de co­ragem, tocou a barriga e falou com seu bebê.

—  Durma bem, meu pequeno. Algo me diz que isto é apenas o começo.

Um preocupante começo. Porque nada estava acon­tecendo como ela imaginara. Chris não era mais o homem que conhecera em Reno e que lhe dera o mais adorável dos presentes de casamento: uma caixinha de música com um casal de pombos.