Fanfic: ≈ღ≈→••Núpcias De Uma Noite••←≈ღ≈

CAPÍTULO IV

O que havia com Chris? Desde que sai­ram de casa, a única vez que ele lhe dirigiu a palavra foi para perguntar o que ela queria para o desjejum quando parou diante de um café.

Não o conhecia o suficiente para saber se era esse seu padrão de comportamento ao acordar todos os dias. Em Reno, ela quis sair cedo do hotel porque a mãe estava a sua espera. E também porque receava quebrar o encanto da noite. Queria guardar os mo­mentos vividos com Chris em sua memória para que eles a acalentassem quando chegasse o período difí­cil que sabia que teria de enfrentar.

Depois da amostra de mau humor que acabara de ter, sentiu-se confortada pela decisão que tomou em Reno de partir antes que ele acordasse.

Logo que entraram no prédio. Dulce reparou na pequena multidão ao redor da mesa da recepcionis­ta. Apesar de ser cedo, a atividade já havia começado na CVU Seriam investidores ou funcionários? Antes que pudesse descobrir, Chris a conduziu por uma porta que levava aos escritórios privativos.

Daquele lado, o movimento era idêntico. Que di­ferença da tarde anterior! As pessoas andavam de um lado para outro. Os telefones tocavam. Os computadores estavam ligados. A energia era contagiante. Dulce sorriu. Ali, ela faria carreira. Ali ela con­seguiria ganhar o suficiente para criar seu bebê.

Seguiu Chris, entusiasmada. Ninguém parecia prestar atenção nela e isso era um alívio. Poderia começar uma nova vida sem ser alvo de comentários e de piadas.

—  Vou deixá-la com Annie — Chris avisou sem olhar para o lado. — Terei um dia atribulado, mas se precisar de mim, Annie saberá onde me encontrar.

— Eu ficarei bem. — Dulce tinha certeza disso. Aquele emprego era a razão de sua vinda a Portland. Mal podia esperar para começar a trabalhar. Seria melhor se não tivesse de se levantar tão cedo, mas se o preço era esse, ela o pagaria sem reclamar.

— Annie? -— Chris parou diante de uma porta e Dulce esperou que ele a apresentasse.

A jovem, muito séria, se aproximou para recebê-los.

— Bom dia — Chris a cumprimentou com um sor­riso. — Esta é Dulce sobre quem lhe falei.

A secretária fez um movimento afirmativo com a cabeça e Chris olhou para Dulce.

— Annie será sua chefe. Ela lhe dará todas as explicações necessárias. Agora preciso ir.

— Ok — Dulce respondeu, insegura. As emana­ções que vinham de sua nova chefe lhe diziam que ela estava tensa. — Tenha um bom dia, Chris.

— Você também.

Assim que Chris saiu e fechou a porta, Dulce es­perou que Annie lhe dissesse alguma coisa, qual­quer coisa. Mas a chefe se limitou a encará-la.

Dulce ajeitou a roupa e olhou pela janela.

— Parece que fará sol hoje.

Annie não respondeu. Dulce procurou não desa­nimar. A novidade deveria ter causado um choque na secretária de Chris. Jack sempre a elogiava por seu charme. Mesmo que levasse algum tempo, daria um jeito de conquistar a amizade de sua chefe.

— É um prazer para mim poder trabalhar para você.

Annie suspirou com expressão de enfado.

— Sente-se. Vamos começar.

Dulce obedeceu e sorriu. O que quer que aconte­cesse, era preciso sorrir. A outra lhe entregou alguns papéis.

— Você precisa preencher estes formulários e ler o contrato que estabelece seus direitos e benefícios. Se tiver alguma dúvida, pergunte quando acabar.

— Gostaria de fazer duas perguntas agora, se você não se importa.

— Fale.

Dulce não deu importância à indelicadeza da ou­tra. Talvez ela não tivesse dormido bem à noite, tal­vez tivesse brigado com sua outra metade, ou esti­vesse naqueles dias...

— Qual será minha função?

— Você será minha auxiliar. Dividirei minhas responsabilidades com você, como atender o telefone, cuidar do arquivo etc. E quando algum funcionário tiver de se ausentar, você o substituirá.

Parecia bom para Dulce. Se estivesse sempre aten­ta, poderia adquirir experiência bem mais depressa que imaginara.

— Ainda não sei sobre meu salário. Chris disse que eu deveria tratar com você...

— Dois mil.

Dois mil por semana? Era o dobro do que Dulce esperava. Daria para alugar um apartamento de dois quartos e, em breve, ela poderia dar entrada em um carro.

Por pouco, Dulce não se levantou e deu um beijo em sua chefe. As coisas estavam saindo melhor do que o esperado.

— Dois mil por mês mais os benefícios.

0 queixo de Dulce quase caiu. Por mês? Era mais do que o salário mínimo, mas...

— Algum problema?

— Não, é claro que não — Dulce se forçou a en­golir o nó que se formou em sua garganta. Podia esquecer o apartamento e o carro. Ao menos no iní­cio. Porque ela iria vencer. Seria uma questão de tempo.

— Você ficará em teste por trinta dias. Se passar, pode esperar compensação em troca de seu trabalho. Chris é generoso com quem se esforça. Há avaliação de seis em seis meses e aumentos anuais. Ocasionalmente, ele dá um bônus por mérito. — Annie fez uma pausa. — Mais alguma pergunta?

Como pagarei o aluguel? Como comprarei comida e fraldas? De onde tirarei o dinheiro para pagar uma babá?

— No momento não, obrigada.